HERÓIS ENVIADOS DE DEUS

Uns dos fatos relevantes nas retrospectivas deste final de ano, além das passagens de furacões e tempestades de imoralidade que feriram até as entranhas do Congresso Nacional premiando alguns políticos com o troféu da vergonha, é o Projeto de Lei 1763/07, também conhecido como “bolsa estupro” que propõe conceder um salário mínimo por mês, ao longo de 18 anos, à mulher que registrar e criar uma criança concebida, devidamente comprovada e reconhecida em processo judicial pela violência sexual.

Atendendo pedido do relator, padre e deputado federal do partido do governo, o projeto foi retirado da pauta, confirmando é claro que a sua discussão na Comissão de Seguridade Social, provavelmente integrada por elementos de notório saber em estupro contra a mulher, continuará em 2008.

Essa aberração que propõem virar lei faz parte do discurso sem padrões de condutas aceitáveis do partido da estrela desbotada, de alguns deputados evangélicos que atrelados ao assistencialismo subalterno, ensaiam tragédias como essa, tentando pegar o pobre povo distraído para pagar mais uma conta de irresponsabilidade que fere a consciência estigmatizada do brasileiro pelo retrocesso ao primitivismo.

Eles explicam que esse projeto de lei deve ser criado para evitar o aborto da criança concebida pelo estupro, estimulando-o, banalizando a desgraça em troca de um salário mínimo, até os dezoito anos de idade.

O que não se explica é que a “bolsa estupro” não passa de uma cortina de fumaça, para encobrir a seqüência de bordoadas que o governo tem levado por estimular a liberação da insanidade do aborto, “um problema de saúde pública” segundo o presidente da República, como se o início da sua recuperação começasse por aí.

O "aborto seguro" com que acena o governo, dizendo-se defensor da vida da mulher e da saúde pública, não passa de mais uma proposta para a legalização do crime, em que saem perdedores os inocentes e indefesos, premiando a irresponsabilidade, incluindo-se nesta os casos de estupro, no qual também não se justifica o delito, pois mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido.

Com que critérios a mãe criaria seu filho, fruto do estupro, desgraçando-o para a vida de convivência entremeio a humanidade que ainda não aprendeu a perdoar?

Olha meu filho, mamãe não te abortou, só porque você estava protegido pela “bolsa estupro”, viu.

É evidente que os deputados federais evangélicos autores do projeto, e o padre relator, estão contando com a condescendência da mulher estuprada, para que ela se torne miseravelmente desprezível, cometendo um crime financeiramente compensado sob o amparo da lei que eles pretendem criar, com perdão dessa terminologia.

Meu Deus!

Será que os homens que estão tratando desse assunto tão deprimente não tem discernimento para saber a diferença entre vida, democracia e dogma?

Será que estão fazendo reuniões plenárias para descobrirem se o aborto deve ser legal e o estupro permitido, protegidos e mantidos financeiramente pela lei?

Discussão permanente sobre fatos e idéias superando dúvidas, é o que mais se deve ter de positivo entre crenças e ideologias sociais, justamente para não se cair na vala do irracional.

Já escrevemos aqui nesse recanto que o aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso, o produto da concepção está vivo, e tem o direito Divino de nascer e continuar vivendo.

Sendo o aborto um crime, e mais quando assassinam covardemente aqueles que vão nascer indefesos, e pior, aceitar e compactuar com a legalização do mesmo contra o ser humano.

Ora veja: não é de se estranhar que no andar da carruagem da atual política governante do país, nossas autoridades maiores amanhã ou depois estejam de frente para as câmaras, fazendo proselitismo do estupro remunerado como mais uma benesse de responsabilidade do Estado.

Instituições de grande projeção política, científica e social e de educação, já cumpriram com o seu protocolo mandando suas moções de repúdio ao projeto da “bolsa estupro” e continua a luta contra a legalização do aborto.

O estupro é um crime hediondo previsto em lei. Sua reparação financeira torna-se criminosa contra as mulheres e desumana para os que dele nascem

Seria uma nova fonte de renda prevista pelo governo que já apóia o aborto?

Tudo é possível pela insanidade do enfoque deles.

Os parlamentares evangélicos autores do projeto de lei, acham que não, e mais, estão considerando o estuprador um herói a serviço de Deus.

Provavelmente não perguntaram para suas mães o que elas pensam a esse respeito.

Valha-me Deus.

Nilton Salvador
Enviado por Nilton Salvador em 28/12/2007
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