Embaixada da Hungria – Fuga ou Estratégia

Bolsonaro entra de noite no período do carnaval, na Embaixada da Hungria, quando haviam poucas pessoas, já que a maioria dos funcionários estava de férias. Fica lá por dois dias e sai como entrou, sozinho e em silencio.

As imagens da embaixada vão parar no New York Times, um dos maiores jornais do mundo e a reportagem sai primeiro nos Estados Unidos e depois explode no resto do mundo.

As imagens foram entregues ao repórter Jack Nicas, da sucursal do New York Times no Brasil, segundo alguns nitidamente simpático ao Bolsonaro.

A imprensa regiamente paga a serviço do governo e a esquerda entram em frenesi. “Bolsonaro tem que ser preso porque deu sinais de que pode fugir dos processos comandados pelo supremo xerife Alexandre de Morais. ”

Sem mais nada o que fazer num país livre de crimes de tráfico e armas, livre do crime organizado a Milícia/Policia Federal abre um inquérito para investigar o caso.

O Itamaraty chama para explicações o embaixador anfitrião húngaro que confirma a versão de Bolsonaro. Alexandre de Morais dá 48 horas para que o capitão se explique sobre o estranho pernoite.

Quem conhece Bolsonaro, quem ouve o que ele prega, que sabe de suas crenças sobre Deus, pátria família e liberdade, sabe que o capitão nunca fugiria de um bom combate. Prefere morrer lutando do que fugir. Então se ele não pretendia a fuga o que representou estes movimentos?

Me dou ao direito de especular como todo cidadão ou jornalista que se preze e que acredita na salvação de um pais ainda com resquícios de democracia.

Acho que Bolsonaro mandou um recado ao sistema: “Se eu quiser escapo das garras tirânicas do regime, mas escolho sair e enfrenta-lo de peito aberto. ”

Se ele quisesse fugir de verdade teria ficado na embaixada que o acolheu. Mas já que saiu quem o impediria de voltar para lá dentro das 48 horas que Xandão se concedeu para se explicar.

É claro que a gente também pode supor que a esta altura Bolsonaro já esteja sendo monitorado 24 horas por dia pela Policia Federal que neste caso o interceptaria no caminho para a embaixada.

Mas podemos supor também que pela (in) competência que está polícia tem demonstrado não seria impossível se armar um esquema para escapar do cerco com ação evasiva bem engendrada (coisas de filmes de Hollywood).

Mas seguindo o raciocínio, qual seria a intenção de Bolsonaro ao seguir tal estratégia? Estamos vendo que o plano para o prender a qualquer custo entrou em um impasse. Alexandre de Morais não consegue criar as condições e o momento certo de completar esta tarefa. Sabemos também que vai continuar tentando até conseguir ou for parado de alguma forma.

Então vamos imaginar por um instante que Bolsonaro resolveu quebrar este impasse se usando como isca. Mostra que pode fugir a qualquer momento e obriga o sistema, nervoso como está, a agir de forma afoita e precipitada.

Prender ou colocar tornozeleira eletrônica vai ter o mesmo efeito. Só que isto pode acontecer sob uma comoção nacional e uma repercussão mundial gigantesca, expondo definitivamente as artimanhas de um regime tirânico e injusto que vai se consolidando no Brasil.

Este vai ser o dilema sobre o qual Alexandre de Morais e os restos dos ministros vão ter que se debruçar nestas 48 horas que foram dadas para o capitão se explicar sobre sua estadia numa embaixada estrangeira.

Se o prender ou colocar tornozeleira eletrônica neste contexto, as consequências são imprevisíveis e no mínimo teremos uma romaria se formando onde quer que Bolsonaro esteja.

Podem acontecer outras ações como paralizações de classes como o agro, caminhoneiros, motociclistas e manifestações se espalhando pelo Brasil.

Não queremos nem cogitar em algo pior, mas poderemos ver o caos se instalar neste pais de uma forma nunca vista antes.

O inteiro estará registrando tudo isto com mais atenção do que nunca.

João Drummond
Enviado por João Drummond em 26/03/2024
Reeditado em 26/03/2024
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