Há saída?

Eu sigo meu tratamento para transtorno bipolar de humor corretamente, tomo as medicações, faço exercícios de respiração, físico, enfim todos os artifícios necessários para me manter, digamos que, equilibrada.

Mas existe uma tormenta dentro de mim ainda mal resolvida, incompreendida. Esta sim ainda me faz sofrer, perder noites de sono, me impede de avançar. Fingir que ela não existe é impossível, pois é real, e posso senti-la no meu dia-a-dia.

É um pensamento que não posso largar, e que até hoje me faz derramar lágrimas, e se insere justamente no patamar em que está o confronto da minha situação hoje com o mundo externo.

Parece que minha vida está estacionada, e por mais que eu de impulso nela, ela continua no mesmo lugar, e pior correndo sério risco de regredir. Problema meu? Não, mas de uma sociedade fechada, na qual vivemos. Fechada no sentido de poucas oportunidades e uma só alternativa basta. Sociedade em que um erro pode ser fatal, no sentido literal o metaforizado.

Ou você morre para a vida, ou vive na sarjeta da sociedade, logo morrendo para esta. Sociedade em que se você não escolheu certa uma profissão, para se chegar a outra você passa fome. Sociedade esta que ter um carro, roupa da moda e baixo peso (corporal) é mais importantes que ter estudo.

Sociedade em que te deixa mais doente no período que você tem para se recuperar de uma doença, pois o medo de uma liberação de uma perícia médica é assombroso. Tudo por culpa de uns espertos que querem vida boa, para isso entram de licença sem terem nada somente para receberem o salário do governo e fazerem um bico por fora, só para terem uma TV 20 polegadas na sala.

Sou uma incompreendida por excelência, não entendo como pode uma pessoa mentir para se dar bem à custa de outra. Só por que os outros roubam que eu vou sacanear também? Não sei como pessoas que ganham bem menos do que eu conseguem comprar casa, carro. Olha que não ganho tão mal assim, se comparado com outras pessoas, mas meu salário mal dá para ajudar em casa e pagar minhas medicações. Estudos particulares ficam só na proposta praticamente.

Não quero me aposentar tão cedo, quero mudar de profissão, não quero anda de graça, mas se eu abrir mão de uma profissão preciso me capacitar a outra, e como vou me sustentar até lá? O país não me dá oportunidade.

Tenho talento eu sei, mas cultural. Ficar na minha velha profissão até arrumar outra é o mesmo que assinar meu óbito, ela é uma das causadoras da minha doença, me faz mal, como ficar nela. Sair do INSS e voltar à profissão é um risco, uma vez que a doença não foi declarada como ocupacional, logo um retorno após quase três anos de licença médica seria o mesmo que desemprego!

O que poderia fazer está ligado à cultura, mas quem quer saber de leitura? Quem consegue sobreviver através de livros? O país na valoriza esse tipo de talento, seria mais fácil ter corpão e vender a bunda numa capa de revista ou site.

Não entendo o meio, não entendo essa sociedade. Ou realmente o problema é meu, ou eu sou correta demais. Mas não busco respostas apenas alternativas.

Lilian Gonçalves
Enviado por Lilian Gonçalves em 13/01/2008
Código do texto: T814784
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