Superficiais

Superficiais

As novas gerações que chegam ao século XI serão no intervalo de bem pouco tempo as gerações idosas mais tristes, solitárias de todos os tempos.

O que se vê muito são jovens que já não usam só o espelho de casa para tentar vê o quanto são ou se estão bonitos/bonitas naquele momento. Os jovens deste milênio usam como espelho pessoas vivas: se são bonitas, querem está próximos de pessoas bonitas, querem namorar pessoas bonitas, querem ir a bailes que lá só estejam pessoas bonitas, e se aceitas é porque são realmente bonitas.

Este novo preconceito nasce com a globalização e é tão perigoso quanto qualquer outro tipo de preconceito e como qualquer preconceito este só estanque conhecimentos, diversidades e uma recíproca partilha de valores que faz qualquer sociedade se suceder.

O que difere este preconceito, aqui batizado de SUPERFICIAL, dos outros como social, racial é que a pessoa SUPERFICIAL rejeitou em outros: defeitos físicos, aparência e até idade mais elevada. Sem saber o SUPERFICIAL se isola e traça para si o caminho da solidão e uma solidão doentia, visto que tal pessoa não está preparada para receber uma outra geração que a tratará da mesma forma.

Com a idade chegando, rugas aparecendo, gorduras inevitáveis, o SUPERFICIAL - que antes selecionava pessoas para ser amigo, agora começa a perder parte de seu tempo no combate à ação do tempo: quem antes selecionava passa a ser selecionado.

Outro preconceito nunca será tão tiro no próprio pé: uma pessoa branca será sempre branca; um rico tem o controle se quer ou não continuar sendo rico, já quem não se aproximou de outros por não serem bonitas, vaidosas, xiques não se dá conta da cilada em que está prestes a cair – O tempo pode até deixar pessoas sábias, cultas, mas belas fisicamente jamais.

Por Isaac Sabino