ESCOLA – SOCIEDADE: conjunturas, reflexões, utopias...

Tem-nos parecido convergentes as avaliações que repousam sobre as atuais conjunturas (e contextos) do Brasil-República. Nosso regime é de “estado de direito democrático” e, muito em função das características socioculturais e/ou político-econômicas, o que se configura em termos de desenvolvimento humano é sobremaneira complexo e não menos desafiador.

Somos uma nação polissemicamente rica e, em paralelo, temos milhões de irmãos passando fome e desprovidos de oportunidades (e porque não dizer de direitos?!). Esse é um paradoxo histórico que precisa se desmaterializar, ainda mais se olhado pelo aspecto da inclusão social.

No instante em que se assegura especificidade às demandas da sociedade brasileira – individuais ou coletivas – a realidade amazônica veste como luvas o subdito cenário de controvérsias e limitações.

Notadamente é fato, entretanto, que as interveniências organizativas/institucionais por aqui produzidas, mostram-se promissoras de novos ambientes, no mesmo tempo que profícuas ao provimento de subsídios políticos e filosóficos, em face da revolução conjuntural passível aos refluxos do século XXI.

Sob esta dialética nos parece prioritário conceber o processo educacional, enquanto a base e o combustível para a já mencionada revolução. Nosso desafio maior é a “construção” de uma nova sociedade: perene no emponderamento dos valores éticos e morais, eqüitativa e de oportunidades. E, nesse sentido, as escolas (especialmente as públicas) têm um papel ímpar a cumprir, dadas as suas naturezas constitucionais.

Não é possível, por isso mesmo, revolucionar pelo pensamento, pela mudança de paradigmas..., abdicando-se do dever de suscitar sujeitos sociais e históricos ativos, conscientes e solidários. Daí o porquê de associarmos melhoria de vida com dinâmicas educacionais.

Façamos jus: muito já se avançou no que diz respeito às questões conteudistas, didático-pedagógicas e de planejamentos, relativas ao contexto da educação contemporânea. Em contradição, lacunas substanciais precisam ser preenchidas, em que pese à reinstitucionalização do sistema e o contato com diagnósticos decorrentes das comunidades, ainda estarem muito condicionados ao discurso.

Os clamores (e as necessidades) da sociedade humana são dinâmicos como a própria humanidade o é. E o que se contempla nas escolas (ainda!) reflete uma postura, a priori, academicista e técnica, tangível ao distanciamento das realidades populares concretas.

Nos cenários atuais somos palco de uma gama expressiva de acontecimentos extra-classes (por exemplo), cujos núcleos só conseguem mesmo refletir nosso esforço, ainda embrionário, de atuação integrada: as feiras culturais e pesquisas dirigidas que o digam!

A extensão do processo escolar precisa se equipar de novas vestes; sistematizar os anseios do povo. Produzir e socializar conhecimentos é, a rigor, teorizar a partir de fenômenos e vivências socialmente experimentados, à revelia do oposto.

Tomara que nossa disposição em discutir integração escola-sociedade se materialize e se robusteça cada vez mais. Estou convencido de que fazer educação com mais humanismo e politicidade e menos mecanização é demonstrar compromisso (e responsabilidade) social.

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¹Educador Popular, 27. Licenciando Pleno em Letras e Monitor de Metodologia Cientifica da UEPA/Paragominas. Assessor Institucional da CAEPIM e Associação Ilha Mutirão/Japuretê. Colaborador dos Jornais Miriense e A Folha de Maiauatá.