NÃO VIVA o lado Coca-Cola da vida!

Conheci há alguns meses um copo tamanho familiar com a logomarca da Coca-Cola, esbanjando suas propagandas imagéticas persuasivas a nos forçar crer que estamos como uma Alice no país das maravilhas.

Uma estratégia de marketing, portanto, daquelas que nos viciam a comprar mais que o produto, a marca. Com o pretexto de que vamos “ganhar” um prêmio depois de sucessivas aquisições referentes (neste caso, após terem sido colecionadas 06 tampas do refrigerante + um pedido no catálogo da Avon, o tal copo). Não lembrando, nós, que na compra do gênero já pagamos o brindo, ficando gratuito para a empresa o comercial. Por me ter chamado a atenção o quanto de floreado é o “tesouro” (e outras questões) resolvi partilhar com vocês este escrito.

Quem já o viu ou o tem lembra: é um objeto de muitas cores; cores vivas e alegres; grandes balões; borboletas famintas pelo sabor da bebida (aliás, bastante desagradável. Experimente-a de forma natural!) em destaque e, sugestivamente, flores saindo da garrafa. Tudo sugerindo um ambiente de festa e felicidade.

Bom, já me convenci de outrora que existem – fundamentalmente – dois tipos de sociedade: uma que se pauta no mercado, lucro e capital. Aqui prevalece o interesse privado e a concentração de riquezas, ainda que para tanto haja degradação do meio ambiente (sobretudo do homem), injustiça social, falta de dignidade e outros correlatos. A outra, ao contrário, faz-se de valores baseados na solidariedade, no respeito à vida e à cidadania (e não importa que a chamem de utópica, ela existe!). Na primeira as relações de trabalho são verticalizadas, na segunda, horizontais. Naquela o consumismo é rei, o que se vende são as etiquetas, os timbres. No modelo 2, necessidades são satisfeitas, culturas preservadas e o homem é o protagonista da história, não o dinheiro.

Por conveniências de muitas ordens, vale lembrar que entre empresas, organizações e indivíduos também é assim: uns querem a melhoria das condições de vida a partir do desenvolvimento, começando pelos seus, mas não findando nestes, cujo reflexo se explica pela busca da equidade social. Já outros passarão por cima de tudo e todos – se preciso – para satisfazerem seus interesses. São os serviçais da doutrina do ter e ser.

O que dizer, por exemplo, da prática da mais valia, perpetuada por empresas mercantis no mundo inteiro? Como se portar diante de suas agressões à saúde humana e animal, seus desrespeitos ao meio, suas intolerâncias econômicas e políticas? No caso das multinacionais, isso se agrava significativamente.

Presumo que alguns “doidos” por aí compactuem comigo: ora, apoiar os diversos “copos” existentes é dizer sim à exploração, ao poderio mercadológico, ao predomínio político de uns poucos privilegiados... É abrir mão da cultura e da esperança de que uma outra economia é possível. NÃO VIVA o lado Coca-Cola da vida!