Por uma Economia Solidária: contribuição ao debate do desenvolvimento local

As bibliografias que se conhecem a respeito do cooperativismo o datam de 1843 (séc. XIX), então concebido como processo histórico.

As cooperativas – unidades econômicas do cooperativismo –, assim como as conhecemos hoje, ganham força a partir de pensadores do socialismo utópico, em meio a um (ainda) início de Revolução Industrial.

Foi em Manchester (um importante centro têxtil), na Inglaterra, que a história registrou o que até hoje se tem como referência do cooperativismo mundial.

Liderada por Wovenistas e Cartistas da época, a Sociedade dos Pioneiros de Rochdale, como foi batizada, legou à humanidade algo que vai além da possibilidade de se estabelecerem relações de trabalho em cooperação e pela ajuda mútua (também!): fomentou práticas culturais baseadas na pertinência da construção de um novo processo econômico e social. Aqui a economia passaria a ser processada enquanto matéria de domínio público e cuja substância estivesse na solidariedade.

Ora, mas este debate demanda o uso de não pouca tinta e papel. Afinal, desde os primórdios da civilização, sabe-se que o homem é passível de encontrar modos associativos para resolver seus problemas. Seja para caçar, construir, trabalhar... ou até atacar! Talvez aí esteja o primeiro sentido do termo.

No Brasil, o volume de experiências cooperativas é sobremodo substantivo. Sobretudo porque o Estado ainda não favoreceu aos trabalhadores (histórica e satisfatoriamente) os coeficientes úteis a uma sobrevivência digna e perene. É fato que muito já se avançou na conquista dos espaços igualmente denotados. A vitória de Lula, Presidente, é uma prova cabal. Todavia, o usufruto dos direitos civis necessários ao pleno desenvolvimento humano, como um paradoxo, não se tem democratizado em iguais proporções.

Assim, a construção de empreendimentos cooperativos e solidários, sob as diversas formas e finalidades, em face das lutas seculares pela emancipação sócio-econômica e política dos trabalhadores, tem ficado cada vez mais oportuna e justificável.

As cooperativas são, por excelência, propensas e subsidiárias da experimentação de um novo “modelo” de desenvolvimento local: ancorado nos valores da economia solidária; nas perspectivas de uma (re) democratização e reforma social; feito de modo horizontalizado e em rede, na cooperação socioprodutiva e na autogestão.