FEUDOS

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”

Shakespeare – Hamlet, Ato I

Os feudos, são propriedades, cujo senhor feudal por herança ou posse autorizada, passa a exercer direitos e cobra de seus vassalos (explorados, submissos), taxas, para conceder-lhes determinados direitos, inquestionáveis.

Muito freqüente na idade média, os feudos, entretanto, não desapareceram e podem ser identificados em praticamente todos os seguimentos da Sociedade. Para citar alguns exemplos, decidindo sobre o que fazer ou não, visando sempre quase sempre retorno político, projeção social ou poder, quando não buscam vantagens pecuniárias ou favores políticos extras.

Eleitos, quase sempre têm atrás de si um grupelho, interessado em manter o estado de coisas e que prefere ser “amigo do senhor feudal”, para dirigir-lhe, insinuar-lhe atuações, obter regalias e usar de expressões racionalizadas, mais falsas que um importado Made in Paraguai. Algumas vezes as ouvimos: “Se abrirmos mão desta sociedade (leia-se feudo), os ‘oriundi’ se apossam e deturpam tudo”! Fiz de propósito o uso do italiano, pois nos chama mais a atenção de como os carcamanos têm predileção por serem senhores feudais. Enjeitam qualquer idéia nova e nas eleições de sociedades feudais, ajeitam para sempre vencer “il capo”, comandado pelo “senhor feudal mor”.

Apara assumirem estes cargos, maquiavelizam com expressões do tipo: “Se não lutarmos unidos, a "Maçonaria" toma conta disto aqui!”, ou “Precisamos acabar com estes grupinhos, se eleitos, faremos uma mudança de '360 graus' ”. Usam da mídia inocente, buscam campanhas espetaculares, lógico, patrocinadas pelos posteriores protegidos e sequer saem para uma volta de 360 graus, revisando tudo.

A culpa de tudo isto: é nossa; ignorantes, burricos de presépio, que a tudo dizemos amém. Quando alguns se insurgem, ao serem derrotados, ao invés de exercerem seu direito de oposição e cobrança, optam para a criação de novas sociedades, com o intuito de salvar ou criar novas frentes, que se não bem dirigidas, acabam virando rivais de feudos oponentes. Belo desperdício!

Àqueles a quem couber esta carapuça, se tem inteligência, ou um pouco de seriedade para tal, restam dois caminhos: 1. Transformar o seu feudo em capital aberto, com os sócios e demais pessoas sendo transformadas de “recursos humanos" em colaboradores, ou,

2. Esperar um pouco mais para serem desmascarados.

Afinal, já faz algum tempo, que um cavaleiro lendário, interpretado por Mel Gibson em “Coração Selvagem”, acabou com o senhor feudal, que queria para si manter o privilegio da “Prima notte”.

Não custa nada observar e ver que o mundo mudou...

Segundo os Mels emergentes, faz-se a democracia plena, ou caçam-se as cabeças duras!...

Depende dos cidadãos. Você é um?

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(*) Médico Psiquiatra e Consultor de Relações Humanas nas Empresas

www.drmarcio.com