A pobre classe dos cri-cri

O pequeno e subdesenvolvido espaço de Cachoeira do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, é habitado por minúsculas e irrisórias criaturinhas que recebem denominações curiosas, a sociedade dos cri-cri. Trata-se de um grupo privilegiado de cidadãos e cidadãs que se mantém sempre atento às peripécias da Capital Nacional do Arroz e que, por diversos motivos que não valem a pena serem comentados, e também usualmente possui uma opinião sobre todo tipo de assunto. O termo cri-cri deve advir de algum animalzinho ralo que incomoda e não faz nada de útil para o mundo, por isso a adaptação e a nomenclatura a estes curiosos personagens que moram nos arredores do majestoso Rio Jacuí e sequer notam seu esplendor.

Ser cri-cri é uma arte e poucos conseguem atrapalhar tanto o rumo de uma discussão quanto um mala de fé, aliás container seria o termo mais adequado para estes senhores e senhoras que, em suas vãs mentes, consideram-se os donos da razão e os protetores dos costumes de uma sociedade que tenta ser igualitária e manda o pobre sair da sala antes que se manifeste. Seus qualitativos são a compreensão aguçada de histórias que só existem em suas mentes, fantasias, teorias contra o progresso e o desenvolvimento. A crítica é sua principal fonte de sobrevivência e, na grande maioria das vezes, aparece sem embasamento e muito menos conhecimento de causa. Para piorar, irão apenas fazer alarde da causa, denunciar a queima de uma caixa de cigarros comprados pelo dono da empresa que se instalou na cidade com benefícios do Governo e fazer disso munição para sua metralhadora oral.

O engraçado é que alguns (e para estes ainda não há uma denominação, talvez sejam chamados de louros) seguem as manifestações destes incendiários que jogam sua cachaça ao fogo ao invés de seguirem bebendo. Cachoeira ainda é cercada de mistérios, escândalos e outras coisas que não podem ser citadas, mas um dia, quando as nuvens secarem e o frio matar estes incendiários, a cidade vai crescer e as árvores vão sorrir sem medo de cair sobre as cabeças dos munícipes.