O "GRAFITE" ATO DE VANDALISMO OU MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA?

Uma situação que faz raiva a qualquer cidadão, com o mínimo de consciência, é ver prédios, escolas, monumentos e muros pichados. Os alvos dessa prática, que está se tornando cada vez mais comum nas cidades, são os mais variados. Quanto mais difícil, melhor. Pouco importa se o muro faz parte da igreja ou é a casa de algum desconhecido. Como uma praga urbana, as pichações se espalham pela cidade, sem qualquer reação de autoridades ou vítimas.

É importante fazer a distinção entre grafite e pichação. Enquanto o grafite é reconhecido como arte, passando a integrar exposições de importância mundial, a pichação é ato de vandalismo, cujo principal objetivo é deixar de cumprir as leis. A pichação, além de não ser uma expressão artística, contribui para a poluição visual de uma determinada região, tornando lugares que poderiam ser agradáveis em lugares sujos e depreciados.

A pichação é uma prática que interfere no espaço, muitas vezes desagradando os que são alvos dessa ação. Ela subverte valores, é espontânea e gratuita. Tem como sua base, as letras e formas diferentes que podem significar: protestos políticos, xingamentos aos que irão ler o que está no muro, protesto de gangs, simples vontade de sujar o espaço alheio entre outras coisas.

Com formas que mais parecem rabiscos, as pichações mostram a falta de habilidade artísticas dos garotos, qualquer um pode pichar, enquanto só quem sabe desenhar grafita.

Essa diferenciação artística diferencia hierarquicamente os grupos, que não fica só no melhor traço, mas na ousadia, quem picha no lugar mais alto ou mais próximo da polícia, é o melhor.

Já o grafite para muitos é apenas uma "pichação evoluída". Para outros, uma modalidade de arte urbana. Apesar de todas as controvérsias, o grafite está presente em diversas partes da cidade: em banheiros públicos, edifícios, becos, casas abandonadas, ônibus, metrôs, orelhões, postes e monumentos públicos.

Controvérsias à parte, cada vez mais o grafite ganha status de arte e, conseqüentemente, o apoio de programas desenvolvidos por escolas, grupos de artistas e pelo próprio governo.

Bastante discriminados pela sociedade, os grafiteiros vêm buscando desassociar sua imagem da dos bandidos e marginais, partindo para autorização de suas pinturas e participando de campanhas sociais.

Porém, o grafite ainda é visto como ato de vandalismo e falta de educação pela maioria da sociedade, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, por exemplo, considera "as mensagens dos grafiteiros tão nojentas quanto a sujeira que produzem", confirmando assim a discriminação por grande parte da população.

Atualmente os artistas do grafite são convidados a participarem de projetos que visam embelezar as cidades. Com isso, espera-se que as pessoas interessadas nessa atividade possam continuar expressando sua arte, mas sem causar prejuízos ao planejamento urbano.