Estão roubando a educação

A educação brasileira está chegando realmente ao seu ponto mais deplorável. E desta vez, o que está em discussão não são as teorias pedagógicas ou políticas educacionais das quais se têm tratado em razão dos maus resultados obtidos em avaliações das escolas públicas. Agora, é o ensino superior que acaba de decair no estado caótico da educação. Não bastando o descaso com o ensino básico, agora o MEC está autorizando cursos de licenciatura quase fantasmas, a curto prazo, sem freqüência, não cumprimento de estágios e com qualidade precária. Esses “mestres” estão assumindo aulas nas escolas públicas sem noção mínima dos conteúdos dos quais deveriam ter conhecimento amplo para um ensino que se proponha eficaz. Além de ferir os artigos fundamentais da legislação e diretrizes do ensino, sobretudo no que diz respeito ao direito de uma educação de qualidade aos alunos, tais práticas são politicamente graves por violar legalmente as orientações básicas concernentes à totalidade dos conteúdos do ensino a ser oferecido por profissionais capacitados; este é um direito inviolável. A proliferação dessas faculdades está gerando um descontrole sobre possíveis ações criminosas ocorridas em todo o Brasil, sobretudo nos estados de São Paulo e Minas Gerais, nos quais foram constatadas centenas de falsificações de diplomas e prática docente ilegal. No entanto, o crime maior é a irresponsabilidade em autorizar o funcionamento desses cursos medíocres, motivados por interesses oportunistas e financeiros. Como será possível uma reforma no ensino, se estão formando professores de improviso? De que forma se chegará a uma escola capaz de formar cidadãos preparados para a sociedade e suas exigências sem antes se preocupar com a formação de seus educadores? A escola brasileira está sendo alvo de interesses oportunistas e descompromissados com a sua causa primordial: o educar. E o pior, tudo está sendo feito livremente, com conhecimento dos órgãos competentes. É preciso salvar a educação dos interesses individualistas e imorais que agora estão se infiltrando na escola que, ainda hoje, é o arauto de esperança para a sociedade futura, jamais possível sem o trabalho missionário dos nossos mestres.