"levanta aquilo que supões"
levanta aquilo que supões
e enterra o teu arado
o cadáver anda aqui tão perto
que poderá mesmo dar-se o caso
de lamberes os seus pingos
de garra e de ranço
o tilintar seco e oco
desses copos de iogurte
a que o teu zumbido acrescenta
o resplendor das décadas
empunha hoje todas as tuas suposições e
sem mais gramática na língua inexistente
salta a lavrar a fundo com o teu arado de guerra
(Excerto do livro “É preciso calar o monólogo”)