Aquele menino (um filho meu)

Aquele menino.

Aquele menino que nasceu do nada,

da mulher marcada, que só eu dei valor.

Adoeceu franzino e padeceu das pragas,

sem deixar levar-se pelo desamor.

Aquele menino que só viveu a vida,

depois que a vida lhe passou pra traz.

Jogou ao léu a sua parte preferida,

venceu a morte, a morte jaz.

Aquele menino agora é um semideus,

deixou fluir o que de mim herdou.

Cresceu reinando o que Deus lhe deu,

trilhou caminhos os por onde andou.

Aquele menino foi Deus quem deu.

Ah! esse menino é um filho meu.

Aquele menino que arrodeou o abismo,

entre o céu a terra e o fogo do inferno.

Deu a volta por cima e traçou o destino,

sem deixar morrer seu amor paterno.

Aquele menino agora é bem mais forte,

fez da fé o suporte, pra lhe tocar mais fundo,

fez da aliança, necessária fonte

e da sabedoria o sabor do mundo.

Aquele menino já se apartou de mim,

saiu no mundo, desvairado e afoito.

fez-se peregrino e desconhece o fim,

tornou-se um homem sem dar desgosto.

Aquele menino foi Deus quem deu,

ah!... esse menino é um filho meu.