Corvos e covas

Entre corvos e covas caminhei,

sobre cruzes e símbolos passei,

mas, nada disso me abalou.

Entre nuvens e estrelas flutuei,

a rara felicidade encontrei,

mas, nada disso me animou.

Vestindo fragilidade e amarguras,

o coração de fantasias frustradas,

tantas venturas e desventuras,

recordações e quimeras guardadas.

Amores vieram, amores se foram,

a juventude já não é farta.

Os meus órgãos estão cansados,

minha memória as vezes me falta.

Mas, entre corvos e covas venci,

tantas poesias e canções escrevi,

pelo pão de cada dia lutei.

Nos anos que já que vivi.

Os amores que se foram, esqueci,

os que ainda virão conquistarei.

Entre corvos e covas ainda vivo.

e se não morri... É porque não foi preciso.