A bomba atômica brasileira

A bomba atômica brasileira


 
          Estive acompanhando o desenrolar dos fatos relativamente à ameaça bélica provinda da Coreia do Norte, que vem testando mísseis de longo alcance e fazendo outros experimentos com artefatos nucleares.  A despeito da reprovação mundial, o biruta que comanda aquele infeliz e anacrônico reduto comunista parece determinado a perturbar a paz mundial com suas peripécias atômicas.

          O Brasil é um dos países que detêm  tecnologia e assim mantém considerável produção de enriquecimento de urânio, cujas jazidas são fartas por aqui.  Pois é! Aqui, não são só os corruptos que enriquecem. Nesse ensejo, apesar de não vislumbrar a menor possibilidade de que isso venha a acontecer, fiquei aqui imaginando como seria se nosso país se lançasse a uma empreitada parecida com a da Coreia do Norte.  


          Não haveria de se ressuscitar a antiga Nuclebrás que, enfim, se dedicava à exploração da energia atômica para fins pacíficos.  Como o intento seria de explícita intenção bélica, mais uma estatal deveria ser criada.  Provavelmente a Bombabrás. Ou, quem sabe, até um novo ministério para acomodar mais um correligionário de algum partido de apoio casuísta no Congresso.


          Em pouco tempo, representantes do governo já estariam com algum discurso ufanista, enaltecendo a capacidade dos cientistas e técnicos brasileiros e divulgando aos quatro ventos que estar-se-iam desenvolvendo artefatos de última geração com a mais alta tecnologia.  Os membros da oposição sairiam com a grita contra tudo isso, alegando que tal empreitada não teria sentido diante da absoluta falta de algum inimigo contra quem a bomba pudesse servir de meio de pressão.


          Obviamente, seriam abafadas notícias de que testes com mísseis estariam provocando a queda de alguns experimentos preliminares pelo Brasil afora e, pior, onde não deveriam. Quanto à bomba, propriamente dita, meses e meses iriam transcorrer-se só com a divulgação repetitiva das imagens do projeto das ogivas porque, bomba que é bom, não se estaria conseguindo produzir por falta de verbas.


          No final, consumidas algumas dezenas ou centenas de milhões de reais e geradas várias polêmicas, tudo haveria de soçobrar no mais absoluto fracasso e, então, certamente alguma CPI seria criada para investigar os desmandos e desvios originados com a dita aventura.


          Sorte nossa que por aqui tais intentos bélicos nucleares nem se cogitam.  Até porque ninguém no resto do mundo – afora a Argentina, é claro – poderia enxergar o Brasil como uma ameaça efetiva, já que a esculhambação e a fanfarronice infelizmente também estão no cardápio das especialidades nacionais. 


          Nesse caso, é até um alívio poder dizer: “Ainda bem!”