Faço Versos

Estou sozinho

entre corpos e rostos

estou sozinho em meio as estes enroscos

num ritmo confiável de nada fazer

Triste como um pássaro sem ninho

estou sozinho neste

começo de outono

perdido em palavras imprecisas

sem som ou beijos

ou flores ou toques de dedos

Encolha-me em nudez numa longa noite de sonhos

e me faça virar pedra

um ser visível e bisonho

e me faça virar pão

venenosa comida de deuses

Quero o toque de um milagre humano

o divino esta fora de moda

não existe paraíso tudo é profano

e hoje o amor é somente uma foda

Eu vejo a noite fria angustiante e escura

e o vento carrega fantasmas do passado

que são meus e da minha vida impura

da vastidão do tempo e do imenso universo

que vejo e eu faço versos

para cada vez mais destruir

a minha armadura