Escuridão da Fé

ESCURIDÃO DA FÉ...

Tanto tempo te espero minh’alma e esmero!

Rendo das aves o sono, da noite o abandono...

Ao cansaço renego sombra o dia inteiro...

Tédio desolador se alvoroça em meu dono.

Roído mal que me punge, nega-me guarida!

Não é do bicar a ferida nem da poda o corte.

Fosse minha essa sorte, só a casca partida...

Meu tépido lamento negaria eco forte.

Secou-me a calmaria do vicejo dantes,

ao alvedrio de alforje elástico e rasgado,

velando iguarias de sonhos delirantes.

Onde andas, antes lúcida alma aquecida?

Julguei obliterado o valor que a compunha...

Amargo desvario!... Resta-me crer-te vida.