Assim de manso...

ASSIM DE MANSO...

Assim de manso, bem de mansinho,

irrompe a nascente,

brota, o olho d’água, devagarzinho.

Assim de manso, devagarzinho,

o amor aporta,

invade a porta do coração.

Assim de manso o fio segue,

a libélula o toca de leve;

em seu espelho círculos sem fim.

Assim de manso, bem de mansinho,

inunda o caminho,

pavimentado pela solidão.

Assim de manso, rodeia as pedras,

picos miúdos,

de úmido chão, o verde rente rega.

Assim de manso, póli o assoalho,

remenda retalhos,

retira os tronos, remove troféus.

Assim de manso, em seu regaço,

se achegam víboras,

bebericam pássaros.

Assim de manso, conforta fadigas,

desdenha intrigas,

embala o sono.

Assim de manso, obediente ao leito,

o caudaloso rio

deixou distante o fio

Assim de manso segue o destino,

sem desatino,

imaginando a foz, extasiante cio.

Assim de manso, abandonando a ermida,

o velho coração,

já não sente frio.

Em 23/09/2003