Assim de manso, bem de mansinho,
irrompe a nascente,
brota, o olho d’água, devagarzinho.
Assim de manso, devagarzinho,
o amor aporta,
invade a porta do coração.
Assim de manso o fio segue,
a libélula o toca de leve;
em seu espelho círculos sem fim.
Assim de manso, bem de mansinho,
inunda o caminho,
pavimentado pela solidão.
Assim de manso, rodeia as pedras,
picos miúdos,
de úmido chão, o verde rente rega.
Assim de manso, póli o assoalho,
remenda retalhos,
retira os tronos, remove troféus.
Assim de manso, em seu regaço,
se achegam víboras,
bebericam pássaros.
Assim de manso, conforta fadigas,
desdenha intrigas,
embala o sono.
Assim de manso, obediente ao leito,
o caudaloso rio
deixou distante o fio
Assim de manso segue o destino,
sem desatino,
imaginando a foz, extasiante cio.
Assim de manso, abandonando a ermida,
o velho coração,
já não sente frio.
Em 23/09/2003