BEIJOS ALADOS

O adeus que nos separou, meu doce amor,
não se anunciou num beijo alado,
como tantos que criámos, lado a lado,
e lançámos, passarinhos, em voo e cor...

Esse adeus que te levou, amor tão meu,
abandonou-me, rasgada em mim, de ti perdida,
andorinha presa no Inverno, de asa ferida,
que desespera por não saber chegar ao Céu...

Cruel adeus, que me tomou em vil traição,
e me levou os beijos ternos que te ensinei...
como vivo sem os beijos que te dei,
se com eles foi também meu coração?...

Olhos meus, que de chorar-te me secam frios,
moribundos, que sem morrer, me vivem tristes...
Meu amor, do paraíso onde sei que existes,
lança-me um beijo, passarinho, mesmo que em pios...

Tomá-lo-ei, com mil carinhos, na minha mão,
Cuidá-lo-ei, com zelos mil, de mãe extremosa,
E aos meus lábios o levarei, botão de rosa,
Ânsia de alento, pulsar que volta a um coração!




(ao meu doce amor de sempre...)