Sendo Como Todos São!

Publicado por: O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Data: 13/04/2011
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Texto:Sendo Como Todos São!-O Poeta do Deserto Voz:O autor Trilha Sonora:Tico Tico no Fubá-Instrumental Edição e produções caseiras
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                                 (imagem Google)

Sendo Como Todos São!


Passei um dia sendo como todos são, acordei bem cedinho para ninguém perceber a minha mais que sádica interior transmutação, não dei bom dia aos vizinhos, a correria é insana, tenho que cumprir meu ritual da putrefação, não reparei os raios contínuos do sol esplêndido e lindo aquecendo o nosso coração, desprezei os mendigos que imploram pedindo o saciar de suas fomes em vão, no sinal babuínos, malabaristas sem nomes, pulando e dançando a dança dos sem pão, vão procurar seus destinos, a moeda que tenho é para chamar mais dinheiro, que é a minha combustão, gritei com um velhinho que atravessava a avenida conversando com seu calção, atrapalhando o transito, o sinal está aberto, aqui não é asilo, eu passo por cima, o trabalho me espera tenho que cumprir minha obrigação, mecanicamente, cumpri os compromissos, guardei meus tantos sorrisos para gastar com os queridos, voltar eu preciso, hoje foi um dia de cão, chego em casa estou aflito, tomar banho é preciso, meus filhos imploram um pouco de atenção, os brinquedos são precisos, entretem e divertem evitando esta chateação, com o dinheiro do dízimo, hoje a noite eu preciso, em meio à missa, sorridente e contemplativo honrar meu Deus pai e pedir pelos meus irmãos, retorno cansado, dou um chute no gato, brigo com minha mulher que não esquentou a refeição, as crianças estão dormindo, aproveito o tempo não perdido para ligar a televisão, o Japão todo destruído, meu Deus quanta desolação, a natureza é cruel, está mostrando o seu fel, coitado de nossos distantes irmãos, vou dormir protegido, bem alimentado e nutrido, amanhã estou cedo erguido, acabará o efeito de minha transmutação, seria um cruel destino, mais que amargo desatino, eu perderia quaisquer estímulos, se eu fosse para sempre como todos são.
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 13/04/2011
Reeditado em 14/04/2011
Código do texto: T2907235
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