Novos Tempos - O Cordel na Ineternet

Publicado por: Compadre Lemos
Data: 18/10/2011
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Novos Tempos - O Cordel na Internet - Literatura de Cordel Texto: Compadre Lemos - Voz: Compadre Lemos.




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Novos Tempos! – O Cordel na Internet 
Compadre Lemos
 
Leitor Amigo, permita
Que aqui eu me apresente:
Compadre Lemos, somente
É o nome que eu tenho usado.
Sou poeta de Cordel,
Não sou nenhum Coronel,
Pra de “senhor” ser chamado.
 
Eu nasci em um estado
Que é lindo, por demais,
Pois sou das Minas Gerais
E vivo entre montanhas.
Paisagens maravilhosas
Me cercam, nas Alterosas,
E eu não aceito barganhas!
 
Heróis de muitas campanhas
Nasceram no meu estado.
Ao Brasil, Minas tem dado
Poetas e escritores.
De Rosa a Drummond de Andrade,
Grande orgulho nos invade,
Lembrando tantos valores.
 
Mas são esses os temores
Que me assaltam o coração.
Teria eu condição
De fazer boa Poesia,
Numa terra de talentos,
De tão belos sentimentos,
De tão perfeita harmonia?...
 
Enfim, começo meu dia,
No ofício de escrever,
Pedindo pra merecer
A Divina Proteção.
Me ajude o  Maior Poeta,
Me dê a rima correta,
Pra eu cumprir minha missão!
 
Que me venha a Inspiração
Da Santa Virgem Maria,
Para que a minha Poesia
Seja só pra construir
Um mundo novo e melhor,
Voltado pro Amor Maior,
Que, um dia, vai nos unir!
 
É hora, então, de seguir
Com a minha narrativa.
Que me perdoe Patativa,
Se poeta eu quero ser.
Mas um assunto importante
Me traz aqui, nesse instante,
Preciso, pois, escrever.
 
Pois o leitor há de ver
Que o mundo está diferente:
Nos tempos de antigamente
O recurso era minguado.
A tal Tecnologia,
Que tanto nos auxilia,
Não tinha ainda chegado.
 
E o poeta, coitado,
Penava, sem compaixão!
Escrevia com emoção,
Fazia verso e rompante,
Mas tudo o que escrevia
Numa gaveta jazia,
Sem nunca seguir adiante.
 
Seu verso, naquele instante,
Só os amigos que liam.
Se gostavam, só diziam:
"Devia ser publicado!"
E ficava no "devia"
Pois recurso não havia
Que lhe desse resultado.
 
O Poeta, então, cercado
Por tanta dificuldade,
Usando a criatividade,
Tentativa derradeira,
Fazia-se Menestrel
E pendurava o Cordel
Em barbantes, lá na feira.
 
Parece até brincadeira
Um senhor, de certa idade,
Passando necessidade,
Pra divulgar sua obra!
E depois que ele a vendia
E suas contas fazia...
Dizia: nada me sobra!
 
Não tinha jeito ou manobra
Que resultasse em sucesso.
Dizia ele: eu não peço
Esmolas, mas eu devia!
É muito duro o papel
De se viver do Cordel,
Deixemos de fantasia!...
 
E, depois, o que se via
Era o vate desistindo
Da Poesia, sonho lindo,
Que ele, um dia, alimentou.
Voltava, pois, pra enxada,
Onde o ganho é quase nada...
Só a tristeza ficou.
 
Nesse tempo, que passou,
E que não foi de delícia,
Para se mandar notícia,
Era carta, no correio.
Não era como hoje em dia,
Milagre, tecnologia,
Computador e "e-mêio".
 
Pois hoje o mundo está cheio
De Ciência e de Progresso.
Todo mundo tem acesso,
Para se comunicar.
Não precisa ser doutor
Pois o tal computador
Chegou pra facilitar.
 
É somente digitar
A notícia, e, nun instante,
Um computador possante
Espalha por todo o mundo.
E, com essa maravilha,
Uma nova estrela brilha,
Nun reluzir mais fecundo!
 
Um sentimento profundo
De grande e nova alegria,
Trazendo alento à Poesia,
Resgata nossa esperança.
O poeta agora escreve
Sabendo que, muito em breve,
Seus leitores ele alcança.
 
Na Internet ele lança
Seus versos, correndo a Terra,
Divulgando, desde a serra,
Onde mora, às capitais.
Sua poesia correndo
O mundo, e ele vendo
Os resultados finais.

Empecilhos não há mais,
Como tinha antigamente:
Para se comprar, urgente,
Um folheto de Cordel,
Tinha que ir lá na feira,
Ter a sorte verdadeira
De achar o Menestrel.
 
Pois hoje, é sopa no mel,
Basta entrar na Internet
E fazer uma enquete
Buscando o nome da obra,
Da Editora predileta,
Ou o nome do poeta,
Que poesia tem, de sobra!
 
Se até veneno de cobra
Se vende, na Grande Rede,
Não existe mais parede,
Nem muro, ou porta fechada.
O longe já virou perto
E o poeta tem, por certo,
Sua obra divulgada.
 
A coisa está bem mudada,
Não precisa nem de chute.
Já existe um tal de Orkut,
Que ajuda muito a gente.
O Poeta, confiante,
Posta o verso e, nun instante,
O mundo já está ciente!
 
E com tal expediente
Não existe mais fronteira
A Poesia Brasileira
Chega até no exterior.
O mundo inteiro conhece
E quem lê jamais esquece
Dos versos, nem do Autor.

Se são versos de valor,
Na Internet há lugar!
E nós vamos encontrar
Muitos Sites de Poesia,
Diversas Comunidades,
Divulgando raridades,
O que, antes, não havia!
 
Este agora é o dia a dia
Do tal Poeta Moderno:
Acabou-se, pois, o inferno,
Ele escreve, confiante!
Pois o fato se repete,
No Sertão, a Internet
Leva o Cordel adiante.
 
Tenho feito, radiante,
Pesquisas sobre Cultura,
Buscando poesia pura
Sempre nova, sempre viva.
Encontrei nomes famosos,
Folhetos maravilhosos
De inspiração criativa!
 
Os versos de Patativa,
Leandro Gomes também
Arievaldo, que tem
Um Projeto, nas escolas!
Com a ajuda da Informática
É a mais pura matemática:
Vamos encher as sacolas!
 
Cantadores, suas violas,
Seu cantar e seu talento,
Não passam mais o tormento
De não ter divulgação.
Escrevem já conscientes
Que seus versos, seus repentes,
Já nascem com projeção!

Por isso, no meu Sertão,
É outra a realidade:
Com muita seriedade,
Despontam novos Poetas:
Da Bahia, vigorosa,
A voz de Onildo Barbosa
Seus versos, traçando metas!
 
Em rimas simples, concretas,
“Nos Cafundó do Sertão”
Fala da tal missão
Do “Anjo” que veste luto.
“O Mal se Paga com o Bem”
“Desabafo” faz também,
Numa “Casa de Matuto”
 
Poesia, semente e fruto,
Espalhada, pelo ar!
O Virtual, a levar
A todos, essa dieta!
Eu lhe digo, num repente:
Alimentam nossa gente
Os versos desse Poeta!
 
Mestre JAC, um grande esteta
Da beleza e da Poesia,
No Festiverso surgia,
Chegando à Grande Final.
Com sua rima brejeira,
Mestre Valdir Oliveira,
Um talento sem igual.
 
Saindo do Virtual,
“Oliveira do Cordel”
Cumpre bem o seu papel
Trazendo notícia boa:
Comprou e fez renascer,
Pro Cordel fortalecer,
A Editora Canoa!

E isso não foi à toa,
Lhe digo, a bem da verdade,
Pois nova oportunidade
Com tino comercial,
Ele dá a quem começa!
A Canoa não tropeça
E já cresce, em alto astral!
 
E, da Serra do Curral,
Surge o bom Mestre Ribeiro!
Um poeta bem mineiro,
Com sangue de nordestino.
Na magia da viola,
Fazendo verso e escola,
Vai traçando seu destino.
 
Com talento e verso fino,
De Poesia verdadeira,
Conta a História Mineira,
Em rimas ricas, dolentes,
Pois sua obra viceja
Da “ Vida de Dona Beja”,
À “ Saga de Tiradentes”!
 
E, em pelejas bem quentes,
Enfrentam-se cantadores!
Vêm mostrando seus valores,
Num repente bem ladino!
Henrique Franklin, sou fã,
Dudu Capoeira e Allan,
Com seu talento ferino!
 
E tem até um "Menino
Poeta", por codinome,
Que vem fazendo seu nome
Na Rede, em pura poesia.
Álesson Paiva, em verdade,
Mostra sensibilidade
Rimando com maestria
.
A beleza e a harmonia
Depondo, a nossos pés,
É Suriel Moisés,
Outro poeta que cresce.
Seus versos têm romantismo,
No coração, o lirismo
Talento que não se esquece.
 
E muito nos enternece
Dos vaqueiros, o labor.
Chega Sílvio Aboiador,
Fazendo Versos de Gado.
Poeta pura alegria,
Exímio, na cantoria
Um menestrel consumado!
 
Lá de Carpina é chegado,
Senhor de enorme talento,
No seu cantar violento,
O Poeta Severino.
É sol, é seca, é Sertão,
É muita cor e emoção
Em seu sangue nordestino.
 
Marco Haurélio, esse menino
Com H de Home macho,
Acende também o facho
Na Editora Luzeiro.
Publicando, em bom papel,
Folhetos de bom Cordel
Que lança, pro mundo inteiro!
 
Merlânio Maia, fagueiro,
Poeta de sentimento,
Vem rimando com talento,
Junto a Marcos, seu irmão.
Professor Rariosvaldo
Chega junto com Aderaldo,
Dois poetas do sertão.
 
Pra nossa satisfação
Surge, então, um novo evento:
É a “Cordel Cabrunquento”,
Comunidade altaneira,
Cuja iniciativa
Se deve à voz altiva
De Nhô Danilo Pereira!
 
Da mesma forma e maneira,
Compadre Edivaldo Cobra
Vem fazendo bela obra
Para gerações futuras:
Usando força e vontade
Preside a Comunidade
“Jaboatão das Culturas”!
 
Usando de rimas puras,
Com um talento sem fim,
Meu Compadre João Rolim
“Do Cordel” faz a “Oficina”
Poeta e quase Doutor,
Só gasta tempo e amor
Com Poesia e Medicina.
 
Enquanto a viola afina,
Com talento em grande dose,
Damião Metamorfose
Faz do verso uma canção!
E trabalha, ativamente,
Em Cantoria e Repente,
Cumprindo a sua missão.
 
Bom amigo, grande irmão,
Da distante João Pessoa,
Trazendo poesia boa,
Escrevendo com estilo,
Outro grande se apresenta
Escreve, ensina e apascenta...
Eis o Mestre Petronilo!
 
Mas também não é sigilo
Que o homem nada seria
Sem mulher, pois sofreria
De tristeza e solidão.
E aos versos virtuais
Cada vez se achegam mais
Nossas Divas, com emoção.
 
As poetisas, então,
Surgem, falando de amor.
Dominam o computador
E lançam flores no ar.
É a mulher, com ternura,
Fazendo poesia pura
Para o mundo apreciar.
 
Chega a Regina, a criar
Seus versos, embevecida.
Cida Santos, Santa Cida,
Pura sensibilidade!
Tessa Bastos, com a filha,
Bárbara bela, que brilha,
Talento e simplicidade!
 
Dizendo verso e verdade,
Mirian Simões aparece!
E quem a lê não se esquece
Da rima clara e altiva.
Creusa Caires, um talento,
Em seu verso, o sentimento,
Da forma mais criativa.
 
De poesia sempre viva,
De bom senso e bom humor,
Fazendo versos de amor,
Chega Áurea Charpinel.
O internauta, espantado
Afirma, entusiasmado:
-Eis “A Dama do Cordel”!
 
São Paulo tem o laurel
De um trabalho sem fim!
De lá, Lucélia Pardim
Traz Poesia e discussão.
Em temas interessantes,
Mas humilde, sem rompantes,
Que bela contribuição!
 
Rimando com devoção,
Com talento e alegria,
Nos chega, lá da Bahia,
A Comadre Laurenice.
E chega também Thereza
Mostrando que, com beleza,
Não tem mais “disse-me-disse”.
 
Pois, mesmo se alguém ferisse
Ao outro, em Cantoria,
Uma musa o trataria,
Com versos de doce mel!
Se daria então a cura,
A paz reinaria, pura,
Neste mundo do Cordel.
 
Me desculpe o Menestrel
Cujo nome eu não citei.
As Damas que eu não falei
Quem me perdoem também.
Pois certos todos estão
Que este velho coração
Não vai esquecer ninguém!
 
Buscando fazer o Bem,
Cultivando a emoção,
Eu faço a divulgação
Da Poesia Virtual.
Lutando por preservar
A tradição secular
Dessa arte genial!
 
E não levem, pois, a mal
O meu convite insistente:
Vamos plantar a semente
Do Belo, com todo o brilho,
Pois já melhora este mundo
Quem um verso bem profundo
Ensina ao próprio filho!
 
Não haverá empecilho
Se houver Fraternidade!
Se, na Poesia, a Verdade
Não for vetada a ninguém!
Um Folheto, mesmo velho,
Pode ser um Evangelho,
Pelo ensino que contém!
 
E tudo isso nos vem
Graças ao computador,
Que se fez mediador
Da Poesia Virtual.
É hora, pois, de criar
De produzir e mostrar:
Cordel agora é global.
 
Para combater o mal,
A tristeza, a depressão,
Busquemos a inspiração
Na Poesia edificante.
Não esquecendo jamais
Que os meios virtuais
Levam o Cordel adiante!
 
E ao Poder Operante
Do Deus de Amor e Bondade
Uma prece, de verdade,
Poetisa e Menestrel,
Façamos, neste momento,
Pedindo, com sentimento:
Deus, abençoe o Cordel!...
 
Senhor, o nosso papel
Seja buscar a harmonia
Do mundo, pela Poesia,
Semeando mais amor.
Na luta que se apresenta
Seja a nossa ferramenta
O nosso computador.
 
Cantemos, seja onde for,
O mundo, que então será
Mais belo, pois haverá
Por certo, mais alegria!
Assim, somos instrumentos
Do Amor, dos sentimentos,
Respeitando ensinamentos
E divulgando a Poesia.
 
Lembremos: sem covardia,
Lutaram os ancestrais.
Esse legado jamais
Morrerá como indigente!
O Cordel, bem digitado,
Se por nós for divulgado,
Será, de novo, semente! 

A todos os Poetas de Cordel do passado, do presente e do futuro,

A todos os que reconhecem, apóiam e respeitam a Literatura de Cordel,

A todos aqueles que ficam horas diante de um computador, lendo, fazendo ou divulgando Poesia,
  
Dedico, agradecido, este modesto  trabalho.

E ocês, faz favor de voltar amanhã, tá certo? Volta mesmo, porque amanhã... tem mais!

 

Fraterno abraço,
Compadre Lemos.
 
Próximo Causo:

Compadre Lemos
Enviado por Compadre Lemos em 18/10/2011
Reeditado em 25/02/2017
Código do texto: T3284291
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