Noites


Há noites em que o coração aperta
e desvendar as horas é trabalho paulatino;
é uma vereda que se faz de arrasto,
é trilha negra tirando a exatidão do tino.

Há noites que a questão é dolorosa
perguntas inexatas seguem se repetindo.
Respostas ocas, anseios indo e vindo,
e tudo se indispõe, tudo é desconhecido.

Há noites que o vazio é tão palpável
que desordena um rastro em tempestade
e os olhos ficam presos na fúria desse vento.

Fitando o teto como fosse razoável,
arranjo céu sem estrelas, melodia sem acorde;
sem ti, destoa estar vivendo este momento.