Sim,
Eu queria exaltar a beleza
do corpo que serve ao desejo que tem
Explorar cada força ou fraqueza
Sem ser condenado a pecados do além
Desfilar minha sorte na rua
E não me importar com os olhares que vem
Dos caretas marchando a avenida
Perdidos na vida perdida de alguém
Mas,
Há quem troque o desejo por ira
Vestindo a carcaça da vida de outrem
Convencido da própria mentira
Seguro aos olhos dos homens de bem
Quando enxerga o espelho na rua
Destila o ódio doente de quem
Ao ferir seu irmão, com platéia
Renega um pouco o diabo que tem
E,
Há um tempo em que as culpas se calam
E abrem janelas pro fardo que vem
Se preenchem, se rasgam, se espalham
Perdidas no sopro de tempo que tem
Mas assim que se arde a ferida,
Aberta na escola do bom e do bem
Se desfazem da própria comida
E cospem no prato vazio também
Sim!
Eu queria sentir a leveza
Da vida que cumpre o destino que tem
Que se serve de toda beleza
Sem ser rotulada de algo ou alguém
E caminha uma trilha na vida
Sem ter que explicar o que sente a ninguém
E os caretas que tomem a avenida
Eu vou pela estrada que vai mais além.