[ UMA DOCE BRISA PRIMAVERIL... ]

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MINHA FADA MADRINHA

          Minha fada madrinha mora além mar
onde as tílias florescem
num doce encantar
e de onde com seus lábios de magia
assopra doces ventos
que se desdobram em véus
para me inspirar.

  Minha fada madrinha
 tem uma varinha de condão
que é pura poesia
e me traz alegria
toda vez que toca meu coração.)


(ROSEMERI TUNALA)

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[...AQUECEU-ME ENCANTOS NA LAREIRA DO MEU OUTONO...]



           A PRINCESA FLOR DE IPÊ ROSA


Era uma vez uma tília, numa certa Primavera do norte, onde nasceram muitas princezinhas novas, todas iguaizinhas, filhas-folhas de faces verde-fresco e contrafaces verde-veludo-claro. Um dia o vento do sul trouxe-lhes dedos de carícias mornas e fez-lhe cócegas de ternura e brisas... Elas, as folhas-princezinhas, murmuraram risinhos soltos e deixaram-se apaixonar pelos segredos do vento. Sempre que ele chegava de mansinho, nos anoiteceres tardios de Verão, elas desabrochavam perfumes novos e soltavam-nos, como pétalas volantes, nos braços do vento doce, que as abraçava, amoroso e cúmplice, e lhes contava histórias do sul...
A mais linda história, porém, foi a que ele contou, uma certa noite sem luar, com todas as estrelinhas à escuta, tremeluzindo de emoção e curiosidade: o vento, incansável viajante, sabe coisas incríveis, fantásticas, de mundos tão distantes como os nossos sonhos! Por isso as folhinhas princesas tanto gostavam de conversar com ele! Nessa noite, então, ele contou-lhe duma certa princesa sua amiga do peito: Era uma doce flor de ipê rosa que, certo dia, quis fugir do Outono que ameaçava condená-la às masmorras do chão frio, e voar para longe, para o mundo distante onde moravam o céu azul e o rei sol. Pediu então a ajuda do vento seu amigo. É claro que o vento, que tanto lhe queria também, não pode deixar de a ajudar... Com dedos de ternura e jeito, amparou-lhe o frémito de libertação da árvore-mãe, e levou-a no dorso para a Terra do Sempre, onde sempre, sempre, há riso de sonhos e beijos de raios de sol... A florzinha, vestida com o seu melhor vestido de princesa, aquele de seda cor-de-rosa enfeitado de perfumes de pedras preciosas, sabia que lá iria encontrar o SEU raio de sol entre todos os raios de sol daquele reino encantado. E foi vestida assim, de rosa e perfumes, que ELE a achou... E o sol sorriu, o vento choramingou, o arco íris veio espreitar! Foi um encontro lindo, digno de todas as histórias de fadas e encanto!...
É claro que o vento, nas suas andanças irrequietas, teve que sair apressado... e nem ele mesmo sabe se a imagem daquele beijo que trouxe gravada, como a página final dum livro em que a legenda é: "...E viveram felizes para sempre...", ainda mantém as cores originais... mas o vento é crente, as folhinhas jovens da tília são sonhadoras e consta que a própria Primavera se enterneceu com essa história de amor e os fadou para serem felizes... afinal, na Terra do Sempre a Felicidade é sempre... para sempre. Prova disso é que a fada-madrinha Primavera volta todos os anos, ao Norte e ao Sul, de varinha de condão a cintilar esperanças, cumprir promessas que sonhos plantaram...


(Dedicado, a ROSEMERI TUNALA, minha amiga flor de ipê, que me confundiu, com os seus olhos de mel crente, com sua fada madrinha...
Ah, se fada eu pudesse ser!... Não, querida Rose, é a Primavera que tem a virtude e o condão de trazer sempre, sempre, a esperança e a renovação! Ela é incansável, mora na Terra do Sempre, e tem rotas definidas, de norte a sul... e volta sempre, trazendo vestidos de pétalas novas e perfumes de cores frescas, a cada indeciso equinóco da nossa vida!)