HELENA MEIRELLES
 


 A violeira que o Brasil não conheceu!

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Instrumentista brasileira nascida na Fazenda Jararaca, que ficava na Estrada Boiadeira, que liga Campo Grande ao porto 15 do Rio Paraná, divisa com o estado de São Paulo, considerada a melhor violeira do mundo. 

Filha do boiadeiro paraguaio Ovídio Pereira da Silva e da mato-grossense Ramona Vaz Meirelles, apesar de nascer e crescer em uma época em que a viola era um instrumento proibido às mulheres, seu mundo não existiria sem esse instrumento. 

Cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros pantaneiros. Aprendeu a tocar sozinha e escondida, fugiu de casa aos 15 anos e teve o primeiro filho aos 17, de seu primeiro marido, com quem teve mais dois e viveu 8 anos. 

Começou a surpreender desde jovem quando chegava e tocava até de graça em festas, bailes e bares de Mato Grosso do Sul e no interior oeste do Estado de São Paulo. Sua música seguiu os ritmos de sua região, com influências paraguaias, entre eles, o Chamamé, o Rasqueado e Polca

Reconhecida pelos sul-mato-grossenses como expressão das raízes e da cultura da região, começou a ser divulgada fora de sua região, quando foi apresentada (1980) por Inezita Barroso no seu programa Mutirão, na rádio USP de São Paulo, tocando ao vivo e mostrando seu trabalho. 

Depois a mesma Inezita apresentou a violeira em seu programa de música caipira Viola, Minha Viola, na TV Cultura. Depois dessas oportunidades, gravou uma fita, mas não recebeu atenção dos diversos meios de comunicação onde tentou a divulgação. 

Na década seguinte (1992), teve nova oportunidade ao se apresentar ao lado de Inezita Barroso e da dupla Pena Branca e Xavantinho, no Teatro do Sesc, em São Paulo. Porém, como muitas vezes acontece, o reconhecimento da violeira veio de fora do Brasil. 

Tudo começou quando um seu sobrinho enviou para uma revista especializada norte-americana, uma fita com gravações feitas de maneira praticamente amadora. Assim, no ano seguinte, aos 69 anos, a revista estadunidense Guitar Player a escolheu como Instrumentista Revelação do Ano, com o Prêmio Spotlight (1993). Foi um extraordinário prêmio par quem injustamente antes não obtivera o merecido reconhecimento em seu país, talvez por puro preconceito contra sua arte. 

Desde então passou a ser observada e valorizada por onde passou, tendo inclusive, no mesmo ano participado de um grande show em São Paulo com a dupla Tonico e Tinoco e, nos anos seguintes, gravou vários cd's. 

Ela tocava também bandolim, rebeca e violão, mas foi com a viola que ela consagrou-se e revelou os encantos musicais de uma região de um país musical, dedicando a vida inteira ao som do mato e traduzindo a alma do pantaneiro.
Casou uma vez e depois viveu com vários parceiros seguidamente e teve onze filhos.

Aos 81 anos ( 2.005 ), esteve internada na Santa Casa de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, por dez dias com pneumonia crônica nos dois pulmões, recebeu alta e, dois dias depois, morreu em casa, vítima de uma parada cárdio-respiratória, tendo seu corpo sido velado no cemitério Parque das Paineiras, na avenida Tamandaré. 


Discos Gravados: 

Helena Meirelles (1994) Eldorado CD

Flor de Guavira (1996) Eldorado CD

Raiz Pantaneira (1997) Eldorado CD

Helena Meirelles Ao Vivo (2002) Sapucay CD

Ao vivo - De volta ao Pantanal (2003) Sapucay CD

Os Bambas da Viola (2004) Kuarup Discos 

Algumas Músicas de Sua Autoria:

Chuíta, 
Epitaciana, 
Fandango em Porto Quinze, 
Fiquei Sozinha, 
Flor Pantaneira,
Quatro Horas da Madrugada,
Rincão Guarani,
Samba do Zé e
Saudades do Mu Velho Pai.

O Filme

Em 2004, foi protagonista do filme "Helena Meirelles, A Dama da Viola", um documentário em longa metragem do cineasta Francisco de Paula, que conta com narração do ator Rubens de Falco e traça a trajetória da instrumentista, percorrendo vários episódios de sua vida. 

As filmagens começaram em 2001 e o filme ficou pronto em janeiro de 2004, estreando no dia do aniversário da violeira, 13 de agosto, em Campo Grande, cidade onde nasceu. A trilha sonora foi escolhida pela própria Helena Meirelles, e não sofreu intervenção alguma da direção.

O filme foi aplaudido de pé, após sua exibição na mostra Prèmiere Brasil, no Festival Rio de Cinema, ocorrida no Cine Odeon, no Rio de Janeiro e também participou do Festival de Trieste, na Itália. 

Em novembro do mesmo ano, o filme foi exibido no Cineclube Directv 2, na 28a. Mostra BR de Cinema, sendo encaminhado, em seguida, para participar do festival de Brasília e Cuba. O filme teve um orçamento perto de R$ 300 mil e levou quase seis anos para ficar pronto. 

Seu falecimento, em 2005, repercutiu como perda de um patrimônio cultural, levando a seu sepultamento inúmeras personalidades ligadas à viola e violeiros, que tocaram juntos, num concerto improvisado, em sua homenagem. 

Nessa ocasião, vários deles deram declarações, atestando a importância da violeira, entre eles, Almir Sater, Pereira da Viola, Rolando Boldrin e o violeiro pesquisador Roberto Corrêa que disse em entrevista ao Jornal do Brasil: "Helena representava aquela região fronteiriça do Paraguai, norte da Argentina e o Mato Grosso do Sul, que culturalmente é uma região só, repleta de estilos como a Polca, os Chamamés, as Guarânias e os Rasqueados. Ela trazia os sons da fronteira, do ermo, de um lugar desconhecido. Sua maneira de tocar era simples, mas sua música não".



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FONTE:
Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira
http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?nome=Helena+Meirelles&tabela=T_FORM_A 

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Compadre Lemos
Enviado por Compadre Lemos em 25/07/2008
Reeditado em 01/08/2010
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