AutoBiografia

Início de 1991, exatamente dia 11 de janeiro, às 18:11 a vida começava pra mim. Mal sabia eu o quanto seria duro e delicado cada segundo e cada passo que eu daria. Tanta insegurança, enfim as primeiras palavras, logo os primeiros passos, e não passado muito tempo corria por todos os cantos, quebrando as barbies da minha irmã, ou andando de tico-tico, dando os primeiros chutes naquelas bolas; que mais pareciam bexigas, e mesmo sendo com pouca força, aqueles chutes fracos faziam com que voasse para longe, e saia contente porque me sentia A melhor. Brincando de casinha, de comidinha aprendi que faca cortava, que degrau não visto era galo na certa; que por causo de muitos deles tenho dois galos permanentes na testa, mamãe chegava a pensar que eu ficaria retardada de tanto que batia no mesmo lugar; que em rede se colocar a cabeça para fora pega na calçada, que água com terra não era igual suco, que minhas comidas com pedras, couve, terra e algumas pitadas de areia, não eram nem um pouco gostosas como a velha comida das vovós, muito menos iguais a da mamãe. Aprendi também a correr pra não levar boas palmadas por desobedecer. Logo vieram as brincadeiras de barbie, enfim eu poderia brincar com minha irmã Camila, mas sempre fazia papel de empregada, ou "padra". Sofria um pouco na mão dela, mas gostava de brincar, apesar de cada vez que montávamos tudo, desistíamos de brincar, cansávamos antes mesmo de começar. Aqueles velhos lápis de cor, serviam de ruas para aqueles carrinhos. Brincadeiras de detetive, de esconde esconde, pega pega. Os medos da minha irmã, eu com 3 anos solucionava, -"Vem Camila, eu estou com você, não precisa ter medo", ela sempre diz: -"Aquelas mãos gordinhas eram tão fofinhas, aquelas buchechonas avermelhadas, aquela franja lambida de suor com a mão esquerda eram jogadas pro lado. Aquela pirralha de menos de 1 metro de altura havia crescido. Logo veio a tão esperada escola, lembro até hoje do meu primeiro dia de aula, quando a mamãe me deixava no SESC- Portão, e as tias eram sempre carinhosas, mas nada era igual ao aconchego de casa, muito menos ao colo da mamãe. Perdi as contas de quantos tubos de cola eu comi, e quantas vezes ganhei os baldinhos das crianças menores, quantas vezes fui passada pra trás. Aquele mundo lá fora parecia tão ruim, aqueles lanchinhos não tinham o mesmo gosto do que os bolos da mamãe e aquele leitinho morno, ou aquelas bolachas recheadas, em frente à TV debaixo do cobertor rodeada por meus bichinhos, e lógicamente minha cadelinha, Timba. Quando ganhamos ela, parecia um sonho, pra compra-la foi desgastante, minha mãe pegou-a no colo e não podíamos nem chegar perto, deve vir daí a razão de todo esse amor que ela sente por ela. Mas logo à tivemos em nossos braços, eu e minha irmã estávamos tão felizes, aprontamos cada coisa, brincamos tanto com ela, sempre o cavalinho da barbie, derrubava vasos da mesa, comia nossos ovos de chocolate na páscoa, roia nossos chinelos, brincava feito louca, hoje tem 14 anos, não tem a mesma agilidade e esperteza de quando era um bebê, mas aprendeu com a vida, essa vidinha curta, mas ótima. Chegado em fim Martinus, minha primeira série, continuava com os mesmos colegas, amigos, entre brigas e ponta pés, mas sempre amigos. Meu primeiro dia de aula, lanchei na diretoria. Mais uma confusão, como sempre eu não era culpada, mas brica com fogo pra ver se queima. Nunca trouxe nenhuma briga pra casa, fosse menina ou menino o chute e o soco eram os mesmos. Não me orgulho disso, mas aprendi a me defender sozinha, sem ajuda de ninguém, quanto doia aqueles socos e chutes. Foram assim passando, 1ª, 2ª, dificuldades com + e -, 3ª dificuldade com multiplicações e divisões, 4ª preparação pra tão esperada 5ª cheia de dificuldades, maldita fração, não entendia como 1/4 + 1/4 dava 1/2, logo chegaram 6ª e 7ª aflorados alguns sentimentos, descobrindo a paixão desde cedo, sofrendo é claro. Até então brincadeiras na rua, brincávamos de transito, minha irmã vulga Mônica, sempre era a policial, não gostava de mandar quase nada. Folhas de árvore eram feitas de carteira de motorista, levávamos multa, tínhamos radar, fiscalização eletrônica, nossas bicicletas eram apreendidas, e a policial sempre no comando, seu relógio no pulso contava aqueles tão demorados 2 minutos sem brincar, por excesso de velocidade. Logo crescemos, e objetivos na vida traçamos. Cada um para seu lado, e dificilmente nos vemos. 8ª série mudei de colégio, Madre Clélia, pessoas novas, colégio novo, mundo novo. Lá ia eu, pra mais um primeiro dia de aula, mal sabia eu que aquela paixão por futebol se tornaria realidade,e iria dar início a vida debaixo das traves, humildemente falando, um espetáculo debaixo delas, só quem viu meu auge sabe como é, venha bater um pênalti pra ver. Conheci amigos de verdade, que sempre tiveram ao meu lado, e sei que posso contar. O que falar dos meus pais, te confesso que chega a engasgar na garganta aquele choro, dois seres iluminados, que com paciência e muitas vezes falta dela nos tratavam sempre com amor, e carinho. Nunca nos faltou nada, e agradeço aos dois por isso, se hoje sou quem sou, com certeza é por causa de vocês. Amo demais. Como eu era ingênua pra algumas coisas e ainda sou, inveja falsidade sempre presentes, não me importo com isso, uma vida não é feita de coisas perfeitas, muito menos quero que seja tudo perfeito, nunca vi um castelo ser construído do telhado, sem ter boas bases nada vai pra frente. Por isso, minha família sempre em primeiro lugar. Estejam certos ou errados, meu apoio sempre terão, nunca as costas pra eles darei. Não aprendi a andar sozinha, muito menos falar, e meus princípios são de berço, e isso eu não vou mudar nunca. Está é minha vida, estou cursando o 3º ano do Ensino Médio, logo virá vestibular, e engenharia civil vou prestar. Certamente vou passar, e minha vida? Nunca um ponto final, sempre uma vírgula, tenho muito pra viver, muito pra aprender, e como vulgo dizem –“Morro e não vejo tudo”.

segredosmeus
Enviado por segredosmeus em 03/08/2008
Reeditado em 05/08/2008
Código do texto: T1111231
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