Aloísio Magalhães

A ARTE DE ALOÍSIO MAGALHÃES

Aloísio Magalhães nascido em 05 de novembro, de 1927, era filho de Aggeu Magalhães e Henriqueta Magalhães. Natural de Pernambuco cursou direito na Faculdade Federal de Pernambuco (1946), porém fora reconhecido como pintor, designer, gravador, cenógrafo e figurinista. Ele ousava mesclando as áreas artísticas, logo, proporcionando inovações pela imensa capacidade criativa que ambas as áreas juntas permitem.

Em 1949, Magalhães participa do IV Salão de Arte Moderna de Recife, um ano mais tarde entra para o Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP), dirigindo o Departamento de Teatro de Bonecos, sendo também fundador das Edições do TEP. O Teatro de Estudantes de Pernambuco fora fundado em 1946; buscava tornar a arte cênica brasileira popular novamente, levando-a até a população. Este foi uma ponte para a formação do Teatro Popular do Nordeste (TPN).

Estudando museologia no Louvre após receber uma bolsa de estudos, em 1951, do governo francês, Magalhães aproveita para estudar com o gravador inglês Stanley Willian Hayter (Londres, 1901 - Paris, 1988), no Ateliê 17. Hayter embora não seja muito famoso efetuou várias contribuições para a história da gravura moderna; primeiro através da divulgação de gravura em encavo com técnicas de incisão direta em cobre (esta técnica iniciou-se no século XV na Europa, onde também era feito com banhos de ácido e em outros tipos de metais) e depois com o aperfeiçoamento de novos processos de impressão a cores.

Quando Magalhães regressa ao Brasil, em 1953, dois de seus quadros ficam expostos na II Bienal de São Paulo. No ano seguinte, juntamente com Gastão de Holanda, José Laurênio de Melo e Orlando da Costa Ferreira, ele funda O Gráfico Amador que teria como objetivo publicar pequenos textos literários, principalmente poesia, artesanalmente. O trabalho era realizado com uma antiga prensa manual, uma velha fonte de tipos e contava com a colaboração de vários intelectuais, artistas e da Le Corbusier Graphique (Paris) e da Curwen Press (Londres). Neste mesmo ano teve algumas de suas obras expostas no Ministério da Educação e Cultura e no Museu da Arte Moderna de São Paulo e em 1955, participou da III Bienal de São Paulo.

No ano em que partiria para Nova Iorque (1956) estudar artes gráficas e programação visual, Magalhães realizou uma exposição no Museu da Arte Moderna de São Paulo somente com seus trabalhos. No ano seguinte, publica com Eugene Feldman (fundador da Falcon Express, que situava na Filadélfia) o livro Doorway to Portuguese. Em Nova York, na Roland de Aenlle Gallery, expõe alguns trabalhos e o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire seu quadro Paisagem (1956).

Magalhães, ao voltar para o Brasil, em 1958, começa a lecionar cenografia no curso de arte dramática de Recife. Logo, publica um livro antológico de poesias com ilustrações de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) chamado Aniki Bobó. Indo para os Estados Unidos, em 1959, expõe na Filadélfia, Nova Iorque e São Francisco. No mesmo ano, publica o livro Doorway to Brasilia, com Eugene Feldman. Um ano depois, na XXX Bienal de Veneza, iniciando de um modo mais sério a atividade de design, fundou o que mais tarde viria ser, um dos mais importantes escritórios de design gráfico do país.

Entre período de 60 há 70, sua carreira de artista plástico, foi substituída pela de um designer, que tinha a pluralidade criativa como a principal meta e vocabulário para transformar uma boa parte daquele mundo. Mantinha também uma preocupação, com o design dentro do Brasil e o modo com ele estava sendo estruturado. Em 1961, realizou uma de suas últimas exposições como pintor; nesta constavam quinze pinturas a óleo e fora realizada na Petite Galerie (galeria inaugurada no Rio de Janeiro, em 1953, pelo pintor Mario Agostinelli). Convidado pelo governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda, Magalhães passa a compor, em 1963, o quadro de pessoas que organizariam a primeira escola da América Latina voltada para a área de design, a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), assim, lecionando comunicação visual.

Dos concursos para profissionais, realizados no período compreendido entre 1964 e 1965, os quais estes seriam coordenados a fazer a identidade visual permitindo uma popularidade destes símbolos, Magalhães obteve sucesso com a criação do símbolo para o IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro (em 1954); da Light S.A. e da Bienal de São Paulo (ambos em 1965). Para tal feito, contou com os vários estudos de Max Bense (1910-1990), que acreditava filosoficamente que o mundo é composto por várias identidades, pois o físico interpreta algo imprevisível; o formado algo criativo; o mundo como sentido e significação, ou seja, a razão de ser e o modo como é, seria representado por uma pujante variação de interpretações, estabelecendo uma ampla comunicação entre os meios. Neste ano de 65, projeta o Museu do Açúcar e do Álcool em Pernambuco, criando novas técnicas museográficas.

Nos dois anos seguintes a 1965, Magalhães ganha o concurso para desenvolver um padrão monetário brasileiro novo, virando o consultor da Casa da Moeda e do Banco Central do Brasil; realiza uma exposição em Stuttgart com a obra desenvolvida para o IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro; na 1ª Bienal Internacional de Desenho Industrial, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro é convidado para representar o Brasil (1968).

Datando os anos 70, ele, Aloísio Magalhães desenvolve o primeiro grande projeto de design no país, que é para a Petrobrás. O projeto vai desde os símbolos (que seriam parte da identidade visual) a bombas de gasolina. Um ano mais tarde é convidado a participar da 1ª Bienal na Colômbia de desenho, desenho industrial e gravura; publica o livro experimental, A informação esquartejada e torna-se membro da Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI).

Em 1972, realiza exposições em Nova Iorque, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo com os Cartemas, assim nomeadas por Antônio Houaiss, um dos maiores estudiosos da Língua Portuguesa, este foi filólogo, acadêmico, enciclopedista, tradutor, crítico, ministro da cultura, gourmet e diplomata. Os cartemas eram cartões postais que consistiam em imagens repetidas, produzindo ilusões ópticas. Neste mesmo ano, volta a pintar e faz aquarelas. Para homenagear Maurits Cornelis Escher, artista gráfico holândes que falecera, em 1972, muito popular por suas litografias, meio tons e xilogravira, ele desenvolve trabalhos litográficos em preto e branco (1973).

No ano de 74, Magalhães publica Tropographic Analysis of a Printed Surface do trabalho de Steendrukkerij de Jong de sua série “Quadrat Print”; seu escritório desenvolve identidades visuais para empresas brasileiras como Companhia de gás de São Paulo, Caixa Econômica Federal, Itaipu Binacional, entre outras. No ano seguinte, considerada como o primeiro e último ato voltado a cultura, ele funda uma instituição voltada para pesquisar a cultura, o Centro Nacional de Referência Cultural. O Banco Central do Brasil, em 1976, o convida mais uma vez para restabelecer um novo padrão monetário, porém de maior complexidade.

Assumindo o Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (1979), que visa proteger o patrimônio histórico, Magalhães, reformula totalmente os padrões que antes regiam este organismo público e em 1980, é criada a Fundação Pró-memória, pelo Ministério da Educação (MEC). Um ano depois, viaja pelo país defendendo que o país deveria desenvolver-se contando com o padrão cultural brasileiro, logo, por defender este valores é nomeado Presidente da Fundação Nacional de Arte, sendo levado ao cargo de Secretário da Cultura.

No seu último ano de sua vida, 1982, Aloísio Magalhães publica sua última série em quadrinhos, feitos por meio de litografia em preto e branco, sobre Olinda. Sua pretensão era colocar Olinda na lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO, uma Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. Em Veneza, no mês de junho é nomeado presidente do encontro da reunião dos Ministros da Cultura dos países de língua latina. Após seu discurso, vem a ter um derrame cerebral e no dia 13 de junho, vem a falecer em Pádua, na Itália.

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