BRIGANDO NA RUA

Quando ainda morava com minha irmã Maria, de vez em quando ia às bodegas comprar alguma coisa. Havia no bairro um menino chamado Cláudio, que tinha a fama de ser valentão. Certo dia fui à mercearia comprar pão .Encontrei uma turma de moleques empinando pipa, que em Belém chamamos de papagaio. Cláudio, o chefe da molecada estava de um lado da rua e a linha da pipa estava mais ou menos a um metro de altura do chão, com a pipa do outro lado da rua. Eu queria passar, mas teria de pular por cima da linha. Pedi ao Cláudio que tirasse a linha do caminho para eu passar e ele disse que não. Eu desafiei: se não tirar eu rebento, passo em cima. Ele disse: faz isso se tu és mulher. Eu fiz, pisei na linha e ele avançou para cima de mim. Rolamos no chão com socos, pontapés, puxões de cabelo e um monte de palavrões... E a platéia aplaudindo e gritando: dá-lhe Conceição! Apanhei, mas também bati. Fui bastante aplaudida por ter desafiado o valentão do bairro. Não sei como aconteceu, mas depois de algum tempo Cláudio e eu ficamos amigos, até fui tomar café com bolo na casa dele.