Esta rua...

Vago por esta rua, de aspecto frio. Ando do lado destes muros alto, em cima destas sombras insanas e traiçoeiras, que parecem puxar minha pureza para baixo a cada andar dos meus pés. Ando de braços colados ao corpo, com medo de tocar o que não posso sentir, ando de olhos sempre abertos, com medo de ver o que só aparece para mim. Caminho por um mundo abstrato, que ninguém entra, e que eu não saio. Nesse mundo de ilusão, agonizo vários anos luz, na esperança de um dia encontrar uma pequena brecha, onde eu pudesse mostrar meus olhos, e o mundo ver, que tem um alguém, que luta para não morrer, isso mesmo, para não morrer dentro de si próprio, pois a vida carnal já não existe mais. Dessa longa rua, de casas grandes e mau assombradas, derramei uma gotícula de lágrima, na esquina de cada encruzilhada, porém paguei um preço que nenhum saldo positivo pode cobrir, meus olhos estão secos, minhas pálpebras não descem, um dia elas subiram, e não tiveram forças para descer. Não preciso ser profeta para saber qual será meu futuro, pois aqui nesta rua, casa de espíritos sem pudor, eu vejo em várias faces com olhos tristes, muita tortura e imensidão de dor. Me conformei e agora só falta aceitar, culpa dessa impulsividade que me atirou nos becos desta rua sem pensar...

Allan Chagas
Enviado por Allan Chagas em 18/11/2009
Código do texto: T1930589
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