Perante a Multidão

Estou dentro de vários abraços, observado por vários olhares, que me querem o mal ou que me querem bem, ou aqueles olhares que tanto faz tanto fez, que olham por olhar. Me vejo no meio de tanta gente, mais alta do que eu, e daqui de baixo eu só vejo aqueles seres bem grandes, e no chão as sombras, fazendo movimentos de ida e vinda. Tenho saudades de ser acarinhado, sentir o beijo de bom dia, de boa noite, de como vai você ?

Apenas me vejo jogado ao léu, meu coração ali naquele chão, as veias que o ligavam a mim, já foram corrompidas, logo ele não faz mas parte de mim, estou só comigo mesmo, oco, vazio, sem coração. Todos que passam pisam nele, agora para mim já não importa, não sinto mais dor quando alguém me faz sofrer, o único coração que me pertencia, corromperam. Eu ainda nem cresci e já sinto dor de gente grande, minhas lágrimas são sinceras, olhe nos meus olhos, viaje pelo meu interior, mas leve um lenço para enxugar as lágrimas, é de impressionar tanta dor num coração tão pequeno.

E para mim é torturante, ver meu coração ali naquele chão, imundo coberto por uma camada de dezpreso, de solidão. Eu pego na mão do primeiro que passa, clamando por socorro, e é como se minha mão escorregasse lentamente, tirando de mim a esperança pouco a pouco. Estou tão só, perante a uma multidão tão imensa, desejando um sentimento acolhedor, sincero, que me tire desta angústia.

Enquanto isso, a mim só resta caminhar junto a multidão, mas só do que nunca, a ser pisotiado a qualquer momento, mas levantar e caminhar novamente, porque nesse vida é assim, não podemos contar com a mão de ninguém, mas sim, com nossos pés, para caminharmos sozinhos.

Allan Chagas
Enviado por Allan Chagas em 29/11/2009
Código do texto: T1951393
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.