SIGMUND FREUD

VIDA DE SIGMUND FREUD

A 6 de maio de 1856 na cidade de Moravia, na época pertencente à Áustria e hoje anexada á Tchecoslováquia, nascia Sigmund Freud, de família judia morou em Viena (para onde seus pais com ele se mudaram quando tinha três anos de idade) até quase o final de sua vida ocorrida em 23 de setembro de 1939 em Londres.

Desde cedo os pais de Freud esperavam muito dele e não mediam esforços para que este esperar se fizesse concretizar num futuro que talvez não viesse a ser tão distante quanto eles pudessem imaginar. De família numerosa Freud era o mais velho dos filhos do segundo casamento de seu pai tendo dois meio irmãos do casamento anterior do mesmo, por tanta expectativa da parte de seus pais serem empregadas em Freud ele passou a criar uma grande autoconfiança, tendo, no entanto que lutar por este lugar de privilegiado o que levava sua “consciência a ser constantemente desafiada” com a proposição de problemas que o levavam sempre a querer mais compreender. Tal era a preocupação dos pais de Freud com o bom desenvolvimento de seus estudos que até em sua casa a ele foi reservado um cômodo para que ali pudesse fazer seus estudos. Mesmo sendo afastado do resto da casa era possível ouvir os exercícios de piano que a irmã de Freud fazia o que lhe atrapalhava tendo assim, que ser interrompidos tais exercícios para o bom andamento dos estudos de Freud. Aos nove anos ele prestou um exame que o habilitou a ingressar na Sperl Gymnasium (que equivale no currículo Brasileiro, aos antigos ginásio e colegial) onde aos dezessete anos se graduou com a distinção summa cum laude. (com a maior das honras). Ao falar dos anos ali vividos Freud é bem laudatório, tais estudos tinham como fundamento as humanidades (Latim, grego, literatura alemã, línguas, um pouco de matemática e ciências naturais). Graças a esta formação recebida Freud ao sair do Gymnasium tem um grande conhecimento sobre as culturas Grega e Latina, com completo aprendizado de várias línguas. Sua formação cientifica foi feita na universidade de Viena, onde se dedicou a medicina, sobretudo fisiologia e neuropatologias, tendo no último feito grandes e significativas contribuições com suas investigações sobre casos de afasia infantis a criança sofre uma lesão (acidente, lesão cerebral súbita) e paralisia cerebral. Apesar de significante importância tal tempo de estudo e dedicação mais importante lhe foi o tempo passado em Paris onde estudou com o neurologista Jean Charcot (1825-1893), cuja influência somada a de seu colega vienense Joseph Breuer (1842-1925), o levou a interessar-se pelos aspectos psicológicos das doenças nervosas. Charcot foi o primeiro a reconhecer a histeria e a empregar um método puramente psicológico, o hipnotismo para o tratamento de pacientes e para provocar artificialmente as paralisias, apartir dos estudos que teve com Charcot e seus seguidores Freud passa a trabalhar com intima colaboração de Joseph Breuer, em 1895 veio à luz o fruto do trabalho dos dois, a obra: Estudos sobre a Histeria onde ambos afirmam que os sintomas dos pacientes com histeria são resíduos e símbolos de ocorrências traumáticas nas quais um processo psíquico intensamente afetivo teria sido desviado da elaboração consciente normal e dirigido para inervações somáticas não habituais, afirmavam também que durante a hipnose, a revivescencia do fato passado descarrega tal afeto. Ao que Freud e Breuer deram o nome de “catarse”. Passado algum tempo desta publicação cessaram as colaborações entre Freud e Breuer, porque Breuer não acompanhou Freud na tese de que o conteúdo das neuroses é de origem sexual. Prosseguindo Freud com seus estudos sobre a histeria abandona a hipnose por haverem pacientes que apresentavam resistência à mesma e por ter resultados pouco satisfatórios, apartir disso surge um novo método de analise por ele empregado, à associação livre onde apartir do mesmo em suas próprias palavras surge à psicanálise, tal método segue o seguinte principio: O paciente estando livre para falar o que lhe vier à mente, o faz, o que o leva a fazer assim associações isentas de critica e independentes de toda reflexão consciente. As associações seriam determinadas pelo inconsciente à psique, e caberia ao terapeuta interpretar o que lhe era relatado pelo paciente a fim de trazer a tona o trauma que seria o responsável pela perturbação nervosa do paciente. Com esse método Freud solidifica ainda mais sua idéia de que os traumas sexuais são grandes causadores de perturbações. Podemos ter presente tais resultados ao lermos a monografia Três contribuições para uma teoria sexual, publicada em 1905, suas contribuições importantes nesse trabalho foram suas considerações sobre o complexo de Édipo. Freud não se limita somente aos casos patológicos busca também os estudos da atividade psíquica normal, onde foram importantes duas áreas as quais se dedicou: os sonhos e os atos falhos, em seu livro a interpretação dos sonhos publicado em 1900, Freud mostra como os sonhos compartilham na estrutura dos sintomas neuróticos devido ao paralelo existente entre seu conteúdo manifesto e seu sentido oculto, o conteúdo latente, Freud diz que os atos falhos têm um sentido não arbitrário e são conseqüência da perturbação de uma intenção consciente por outra, que se encontra retida e ás vezes é inconsciente, o que o mesmo relata em Psicopatologia da vida cotidiana (1901-1904). Apesar da grande rejeição e estranheza de muitos as teorias e escritos de Freud, a psicanálise começou a crescer e se expandir na primeira década do século vinte, em 1907, Eugen Bleuler (1857-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961), de Zurique orientaram-se para a psicanálise, no ano seguinte realizava-se o primeiro congresso internacional de psicanálise, em Salzburg. Em 1909 Freud e Jung proferiram conferências na universidade Clarck, ( Situada em worcester, Massachusetts, no noroeste dos EUA) o que levou ao crescimento no sucesso da nova corrente psicológica nos estados unidos, dois anos mais tarde fato comprovado era a presença da psicanálise na Áustria, Suíça, Inglaterra, Canadá e Austrália, ao mesmo tempo em que novas obras de Freud eram publicadas, uma série de ensaios sobre teóricos em 1905, e introdução a psicanálise em 1916, nos anos que se seguem a primeira guerra mundial varias inovações teóricas foram por ele desenvolvidas em Além do principio do prazer, O Ego e o Id e Psicologia de grupo e analise do ego, após isso por outro lado Freud passa a tratar da psicologia social estudando manifestações artísticas, religião e os mitos tendo como obras mais importantes nesse sentido: Totem e Tabu(1912-1913), dois ensaios sobre a guerra(1915 e 1932), O futuro de uma ilusão (1927) e Moisés e o monoteísmo (1934-1938).

O FIM DE SUA JORNADA

Um câncer no maxilar, o incomodou durante 16 anos, e o obrigou a passar por sofrida operação, da qual se seguiram outras 32 intervenções, nesta mesma época morre um de seus netos mais queridos, fato que marcou profundamente Freud que já estava com idade avançada o levando a experimentar a depressão, acrescentando a isso a guerra. A perseguição que sofriam os judeus nem a ele poupou apesar de ter um grande nome no meio social de sua época, tendo assim que deixar Viena, no ano de 1938, quando estava já com 82 anos de idade, muda-se então para Londres, onde vive seu ultimo ano de vida, falecendo no ano seguinte em decorrência do câncer de boca.

FREUD E SEUS MESTRES E DISCIPILOS.

Voltando um pouco no tempo vejamos agora a trajetória de Freud com seus mestres e discípulos dos quais muitos acabaram por entrar e sair de sua vida por oposição ou não concordância de teorias.

Tudo começou logo após se formar, quando Freud passa a trabalhar no laboratório de fisiologia de Ernest Brucke, um venerado mestre, onde permaneceu de 1876 á 1882, más foi convencido pelo pai e pelo mestre a abandonar a vida de pesquisa pura. (por motivos financeiros). Sendo assim este o primeiro mestre que Freud abandona.

Ao sair de lá ingressa como aspirante no hospital geral de Viena onde trabalha em várias de suas salas, ou seja, em várias especialidades sendo o mesmo de praxe entre os médicos recém formados, em sua biografia Freud destaca a sala de Meynert, um grande especialista em anatomia cerebral, como ele mesmo diz: ”Cuja personalidade me havia interessado já, profundamente, em meus anos de estudante”, as relações de Freud com Meynert são também cortadas algum tempo depois quando Freud começa a expor suas idéias que eram contrárias ás que estavam em vigência na Neuropatologia da época, assim se dá o desligamento de Freud com seu segundo mestre.

Por estar interessado nos estudos das doenças nervosas (Neuropatologias) Freud busca material de observação e nos relata que por falta de atenção a esta área no hospital de Viena, este material no hospital encontrava-se espalhado por diversas salas. Encontrava pacientes sendo tratados por médicos muitas vezes não especialistas, o que o levou a ver a falta de qualquer possibilidade de estudos e que lhe obrigava a ser seu próprio mestre. (como ele mesmo relata)

Em 1885, Freud vai foi a Paris, interessado em conhecer os trabalhos de Charcot, um nome que “resplandecia ao longe dentro da Neuropatologia” teve tanto entusiasmo com as pesquisas do mestre que ele mesmo se candidata a ser o tradutor de suas obras para o alemão. Quarenta anos depois dos contatos com o trabalho de Charcot, Freud comenta a respeito de suas obras e avalia que nem tudo que o mestre ensinou ainda se mantém de pé e que muitas coisas já foram superadas e outras já sucumbiram ao tempo, assim naturalmente supõe-se a superação das idéias de Charcot, tanto pelo passar dos tempos quanto pela evolução da psicanálise e adesão a caminhos mais eficazes nos tratamentos de histerias, assim sendo mais uma vez há a superação e abandono de mais um mestre de Freud. Em 1886 Freud abre seu próprio consultório e casa-se com Martha Bernays, de quem já estava noivo há quatro anos. Nos anos em que trabalhou em Brucke, Freud conheceu Joseph Breuer, um Clinico Geral de renome, a quem passou a admirar, aqui então temos o quarto mestre de Freud, e mais uma vez por discordâncias teóricas Freud se vê obrigado a abandonar seu mestre. Freud sabia que ia ser necessário que ele fosse mestre de si mesmo tendo em vista seu desejo de criar algo novo, más algo o impedia, algo de natureza inconsciente, como nos explica muito bem a psicanálise e para saber melhor sobre tal impedimento seria necessário a presença de um analista, e Freud o encontra na figura de um novo mestre, o ultimo a entrar em sua vida “escolar” Wilhelm Fliess (“primeiro psicanalista”), via-se necessário a superação por Freud não da relação com mestres más sim com seu próprio pai, necessidade que ele próprio pode perceber nas cartas trocadas entre ele e este médio Alemão, entre os anos de 1887 e 1904, o qual Freud também admirava más em 1904 também rompeu com mais um de seus mestres. Através dessa correspondência Freud foi capaz de proceder a algo que ele veio a chamar de auto-analise, Filesss faz neste caso o papel de terapeuta o que não precisaria ser exposto, mas vale que fique ali como figura “ausente”, porém investida de autoridade e confiança, Files era na verdade um médico otorrinolaringologista preocupado em descobrir as relações de certas doenças e a sexualidade. Pela localidade de residência de ambos facilitar o contato se correspondiam diariamente e de inicio Freud lhe enviava cartas para troca de idéias e reflexão, com o passar do tempo o teor das cartas foi se tornando mais pessoal, onde tentava refletir sobre coisas de sua própria vida a luz das idéias que ele vinha construindo sobre o psiquismo, as quais vinha discutindo frequentemente com Files, quando publica em 1900 a interpretação dos sonhos passa a encher as cartas com seus sonhos e das análises que deles empreendia. Num de seus sonhos usado ate por Jean Paul Sartre na criação da cena de um filme chamado: Freud além da alma, Freud se encontra em um trem, onde se encontravam também três jogadores em volta de uma mesa: são eles Meynert, Breuer e Fliess. Os três o chamam de meu filho e o tratam com indulgência. Em certo momento Freud, diz que é preciso um morto para o jogo. Más Meynert diz que aquele é um jogo em que se usam três mortos e um vivo. “Os mortos somos nós, e você é o órfão...” Em seguida somem os três e aparece o chefe do trem cujo rosto é de seu pai (que morrera naquela época). O chefe lhe diz então que os três não tinham passagem por isso estavam mortos, diz-lhe também que não alimente ilusões a respeito dos três jogadores, que se lembre do controle de si e que confie nele, o chefe do trem. Usando as palavras de Sartre eis a interpretação de Freud sobre seu sonho: “Não preciso de professores. Cabe ao meu verdadeiro pai me ajudar. Na verdade, não quero ninguém acima de mim. Salvo aquele que me fez”.

Freud pode com ajuda de Filess superar de forma definitiva e não somente pelo abandono ou ruptura teórica seus mestres. Ao entender a relação entre seus mestres e seu pai, pode destituí-los de um lugar que na verdade era de seu pai, passando a seguir, a ocupar ele mesmo o lugar de mestre, lembrando que esse movimento de libertação de Freud coincidiu não sem razão com a publicação do livro que inaugurou a psicanálise.

Deste momento em diante Freud passa a ser o mestre de uma série de discípulos que de tão grande que ficou chegou a atingir proporções internacionais, porém, Freud se sentia ameaçado por seus discípulos, não sendo assim poucos que com ele não tenham rompido por acreditar que com a introdução de novas idéias, estariam alterando ou desvirtuado a psicanálise. Freud despertou fascínio em seus seguidores nos primeiros anos da psicanálise, os caminhos por ele tomados muitas vezes terríveis por causa deste fascínio, não são poucos os casos de suicídio (Tausk, Stekel e outros que são citados por Manonni). Outros ainda decidiram por romper de forma definitiva com Freud e com a sociedade psicanalítica aqui podemos citar o caso de Carl Gustav Jung, que foi um discípulo amado de Freud no qual ele depositou grandes esperanças más que acabou por “rejeitar todas as teorias fundamentais da psicanálise”, segundo o mestre. Más houveram ainda aqueles que decidiram seguir até o fim com Freud: Ernest Jones, Karl Abraham, Oskar Pfister, entre outros.

CRONOLOGIA (Retirada de Os Pensadores, Sigmund Freud Vida e Obra)

1856-Nascimento de Sigmund Freud em Freiberg na Moravia

1859-Muda-se para Viena onde vive quase toda sua vida.

1885-Estuda com Charcot em Paris.

1886-Passa a trabalhar em Neuropatologia e casa-se com Martha Bernays.

1895-Publica juntamente com Breuer: Estudos sobre a histeria.

1900-Publica a interpretação dos sonhos.

1905-Publica Três contribuições a uma teoria sexual.

1907-Bleuler e Jung orientam-se para a psicanálise. Em Salzburg ocorre o primeiro congresso internacional de psicanálise.

1908-Freud e Jung proferem um ciclo de conferências na Clark University, em Worcester, Massachusetts.

1911-Freud rompe com Adler.

1914-Separa-se de Jung

1920-Em Berlim, é fundada a primeira policlínica psicanalítica.

1924- Freud rompe com Otto Rank.

1927-Publica o Futuro de uma Ilusão.

1930-Recebe o Prêmio Goethe.

1938-Muda-se para Londres.

1939-Morre em Londres a 23 de setembro.

BIBLIOGRAFIA:

• Coleção OS PENSADORES: Sigmund Freud, Vida e Obra. Ed. Abril Cultural, 1978

• Monografia de conclusão do curso de Psicologia Clinica de Elias Junior (UNICAR)

• Freud e a Educação (O mestre do impossível). Maria Cristina Kupfer. Ed. Scipione, 2000