Das mágoas que guardo, e nem sei porque

Eu sempre fui uma menina diferente. Sempre me senti diferente. Sempre me trataram de forma diferente.

Uma vez alguém me disse que as pessoas que se aproximavam de mim sempre procuravam usar palaras mais amenas, com medo de me ferir. Achei tão preconceituoso! Sou um ser humano. E quero ser tratada como tal. Isso me fez sentir muito mais diferente. E sozinha. Eu tinha as pessoas junto a mim e, de repente, eu via um abismo a nos separar. Sofri. Mas chegou um momento em que eu passei a gostar dessa distância. Porque eu já não via tantas afinidades entre eles e eu. Não sei bem se o que eu deixei de viver com eles poderia ter valido a pena. Mas minha vida sem eles me foi produtiva, de certa forma. Como dizia Cecília Meireles, "Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão". E eu não reclamo da solidão que vivi, porque ela me fez crescer. Eu só reclamo da solidão que vivo, porque esta me fere.

Já perdi o raciocínio, e nem sei mais a quem vim. É que por lembrar das ofensas e intrigas, me veio à mente pessoas que julgam sem conhecer. Típico do ser humano, claro. Mas me conheça antes de me julgar e me condenar e jogar meu nome na lama. É só o que peço.

Eu não vejo, de verdade, um motivo cabível que leve uma pessoa a tentar destruir a paz de outra pessoa que nunca a ofendeu, que nunca tentou fazer a cabeça das pessoas contra ela, que nunca expôs seus pensamentos reais sobre essa pessoa (embora sempre a tenha tratado bem, por ser educada!) pelo simples fato de que não queria ferir aos que lhe eram tão próximos e queridos, mas que estavam envoltos em suas teias, e iludidos por uma máscara e uma capa que lhe cobriam o verdadeiro "eu".

Falo de mim. Falo dos meus. Falo de quem tentou se aproximar de mim da maneira mais estúpida, criando intrigas, usando palavras baixas, e um posicionamento completamente oposto ao que ela e propunha a fazer. Falando sobre mim coisas tão mentirosas e egoístas, por me julgar pelo que ela não sabe e não entende. E, claro, por ser uma pessoa tão madura que nem teve coragem o suficiente para me falar tudo na cara.

Eu a odeio! ela paz que ela me tirou, e pelas pessoas que ela afastou de mim. E eu sinto pena dela! Por ser tão vazia. Tão seca.

Porque quem vê tão somente o meu corpo, então não me vê. O que eu sou está bem dentro de mim. É preciso sensibilidade para enxergar essa parte de mim. A parte mais verdadeira de mim.

Dessa vez, muitas palaras ficaram, mas "LOUCA" foi a que mais pesou. E saber que aquelas pessoas por quem eu ainda nutria algum carinho tieram uma participação significativa para que essa palavra ganhasse tanta ênfase. Tanta força. E foram eles os culpados por tal 'loucura' ter nascido em mim, e ter - se feito tão presente durante toda a minha vida de ausência e solidão. Porque eles foram os culpados por tal exílio.

A eles, eu não sei se odeio. Também não sei se sinto pena. Mas sinto tristeza por eles serem tão meus à minha frente, e me julgarem tão mal enquanto eu durmo.

Eu estou cansada. Mas, agora, estou bem acordada.