Esse Sou eu...

Eu não nasci na Rua Marechal Deodoro. Eu nasci na Rua da Gameleira ou Rua do Poço porque foi o território da minha infância. Eu nasci na Estiva, onde trabalhava meu pai, e fui menino na Rua da Gameleira nos anos 1960/70. Eu sou de 1960, então passei a minha infância e adolescência da minha vida em Macau. Não fui um menino como os outros meninos da Rua da Gameleira. Era franzino, e gostava muito de jogar bola na salina, canteiro da Rua Gameleira e quadras de esportes de Macau. Vivia observando as águas, com pequenas fugas até o rio Açu no seu encontro com o mar. Na verdade, só descobri anos depois lendo Zila Mamede, era o riomar. Vivi uma vida comum e a monotonia só era quebrada quando o meu avô Alfredo Alves que era Capataz das Salinas da Imburana chegava lá em casa trazendo brinquedos. Eu sempre digo que tudo que sei, eu aprendi na Rua da Gameleira. O resto veio depois, naquele sentido camoniano do saber de experiências feito. As primeiras letras, eu fiz com Dona Maria Priquitiu, Dona Maura e Dona Amélia Martins, uma das minhas melhores professoras. Há algum tempo atrás uma professora estava fazendo um trabalho sobre a escola primária e pediu para que eu redigisse um depoimento. Eu ainda não consegui escrever. E já tentei algumas vezes. Dona Maura era professora para o exame de admissão. Você estudava na salinha da casa dela até a carta que ela mandava aos pais avisando que encerrava ali seu ensino. Então, o Exame de Admissão era o limite do saber da professora Maura. Depois, o aluno tinha que ir fazer os exames, para ingressar ao ginásio. Era a maior satisfação daquelas famílias. Um dia a minha carta também chegou.

Macau era uma cidade muito violenta, até pela tradição, feita de homens cheios de coragem até os dentes. Nasci em Macau e vim pra Natal, e acabou o currículo. A não ser o curso de Letras que fiz sob pena de não poder exercer uma profissão para viver. Outros mais felizes do que eu, nem o curso de Letras precisaram fazer. Casei aos 24 anos. Filhos, família... Não pude me ausentar pra estudar lá fora. Então tomei esse gosto pelos livros. Esse gosto que eu digo é carregar esses milhares de amigos que estão aqui. Você vai e puxa um, puxa outro, convive com eles. Livro não incomoda. Não chateia. São silenciosos, aguardam, esperam. É uma convivência prazerosa. Então, pra mim, os livros representam a necessidade de vencer as minhas curiosidades. Sempre fui muito curioso. Lembro que perguntei à minha mãe, olhando para o mar, lá em Macau, o que tinha do outro lado do oceano. Ela disse: tem outras terras que um dia você vai conhecer. Mais até o presente momento não as conheci, porém, pretendo um dia conhecer.

Hoje eu sou poeta, ou seja, procuro escrever, poema de amor apaixonado assim como o mundo é... A vida de um poeta é como a vida de um filósofo. Estuda e pensa intensamente, para descobrir novos horizontes e poder assim demonstrar novas medidas e capacidades analíticas sobre o Mundo.

"Sou uma espécie de pássaro encantado que não aceita gaiolas nem qualquer tipo de prisão. Minha mágica está justamente no bater de asas, que se douram pertinho do sol e o meu maior prazer é ir e vir quando o coração -- minha única bússola -- pede." É assim como me sinto, veja.

É alma de Poeta

Coração de criança

Que se embala e encanta

Nesta ciranda que se dança

Balançada pelo vento

Engrandecida pela bondade

Muita paz e felicidade

Pra quem faz parte desta caminhada.

Izan Lucena Lucena
Enviado por Izan Lucena Lucena em 28/08/2010
Código do texto: T2464221
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