Dráuzio da Cruz,Mais antigo Sambista da Cidade de Santos

Cercado, em sua casa, de mais de 150 troféus e centenas de fotos, algumas ao lado de figuras como Pelé, Jorginho do Império, Jece Valadão, Natal da Portela e outros, Dráuzio da Cruz, 60 anos, sambista vivo mais antigo de Santos, não estará este ano (N.E.: 1990) no carnaval da cidade. Ele ganhou um concurso da Prefeitura de São Paulo, entre 12 candidatos, e será o Rei Momo da Capital. Considerado o mais fiel representante do samba na região, desde 1947, é a primeira vez que estará fora de Santos durante o período carnavalesco, privando os sambistas daqui de um apaixonado incentivador.

Como afirma, Dráuzio colocou o samba no pé de muita gente. Fundou, junto com outros adeptos, a agremiação Império do Samba, em 1955, à qual deu o título de pentacampeã do Estado de São Paulo, pelo primeiro grupo. "À Império dediquei a maior parte da minha vida - 34 anos. Por uma série de razões, a escola deixou de participar do campeonato em 88; é ponto de honra para mim colocá-la na avenida, novamente, em 1991, com 1.200 componentes". Dráuzio também foi um dos fundadores da Escola de Samba Brasil (1949), ainda em atividade, e da Príncipe Negro (1954), já extinta.

Organizou o primeiro Sambão em Santos, na Rua Campos Melo, que funcionou de 1970 a 1974. A partir daí, os sambões passaram a se realizar nas quadras das escolas. Como mestre do samba, Dráuzio da Cruz ensina: "O verdadeiro sambista deve ser completo: precisa dançar, cantar e formar outros sambistas". Esse é um dos seus ressentimentos, quando constata que a juventude de hoje não está preocupada em se aprimorar, e responsabiliza, de certa forma, os dirigentes: "O samba não acabou; falta é empenho dos que estão à frente das agremiações em se aprofundarem mais nos ensinamentos, exigirem mais. Eles acham que a sua posição já é o bastante". E cita os "grandes professores", passistas de primeira linha: Nêgo Wilson, Cassius Clay, Pachequinho, Escurinho, João Grande, J. Muniz, Carlinhos (X-9), Jean Herrero (Padre Paulo), D. Isaurinha (Brasil), Paulinho (mestre-de-bateria da Brasil).

Para que o samba não se perca e continue a ser cultivado, Dráuzio sugere uma participação mais efetiva da Secretaria Municipal de Cultura, no sentido de chamar os "professores" para darem aulas à garotada e formar uma nova geração de bons sambistas. "Quem sabe assim voltaremos a ser o segundo carnaval do Brasil, como éramos em outros tempos, quando ganhamos espaço na imprensa e nas televisões?" Seu sonho do carnaval de Santos voltar a ser valorizado inclui a colocação das escolas do segundo grupo para desfilarem no sábado e as do primeiro grupo no domingo, com início às 17 horas.

Maita
Enviado por Maita em 08/06/2012
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