• FRAGMENTOS DO CORAÇÃO: METAMORFOSE ¹

(*) Não seria fácil, completar aquela transformação, no silêncio da noite, esperava ansiosamente pelo encontro, e desde o inicio sentia que não seria fácil, caminhara durante muito tempo entre as sombras e escuridão, apreciando na humanidade aquele lado mais pecaminoso e carnal. Em cada noite, principalmente nas noites de lua cheia, em que aquele lado obscuro parecia emergir, buscando saciar sua ânsia e ensejo, havia encontrado pelo caminho diversas almas atormentadas, assim como sua alma e coração, mas sentia que seu destino estava selado desde seu renascimento. A espera por aquele encontro, havia tornado uma saudade, mas também uma redenção por todos seus pecados, não poderia redimir de todas as almas e coração que corrompera, mas era um começo, um renascer definitivo.

De repente, como houvesse sido acorrentado e aprisionado, vagava pela noite, como procurasse algo impossível de alcançar, e foi assim, que foi encontrado. Aquele olhar havia afastado toda escuridão de sua alma, as sombras estavam aprisionadas em um cárcere definitivo, e em um ritual, seria finalmente liberto, do que ainda restara daquele lado sombrio e obscuro. Diante daquele olhar reluzente e brilhante, em que céu e mar produz uma tonalidade rara e inconfundível, tudo que havia em seu coração foi revelado, em uma paciente e delicada sensação, de plenitude e intensidade.

Aquela restrição, começou a moldar e esculpir em seu intimo um desejo singular, uma vontade singular em plenitude, intenções e pretensões que fazia seu olhar, procurar além do horizonte, um rosto em meio à multidão, um olhar e um sorriso distinto, que agora parecia conduzir seus passos para fora do labirinto, para longe das trevas e sombras, havia sentido tanto medo, mas afastar indo em outra direção, havia sido uma escolha, a melhor escolha. Sentira seu coração tocado, por um poder, não uma força, que abrira em meio às sombras, um caminho de luz, que trilhava lentamente em cada dia, procurando não ficar perdido pelo caminho.

E mesmo que o caminho fosse mais árduo, ainda assim, havia escolhido esse caminho, ser assim, de um jeito distinto, diferente de tudo que poderia ser imaginado quando olha para essa máscara, que foi inutilizada, rompida em fragmentos de emoções e sentimentos. Na espera pelo encontro, o sonho e o desejo veemente, aquele querer que fervilhava em seu corpo, como uma ardência natural, como pudesse sentir que no contato de suas peles, de seus corpos, tudo que era dois, seria unificado, formaria uma unidade, em uma sintonia perfeita, em uma comunhão perfeita, em que ser dois, estava além de tudo que havia sido durante toda vida. Ser dois, era redenção, era ser cúmplice e intimo de um coração que havia tocado seu coração, alcançado seu coração com um poder inenarrável e admirável.

De olhos fechados, por vezes, ficava rendido em lembranças, em melhores lembranças, aquelas que nunca poderia deixar de ter daquele rosto, do olhar e sorriso, daquela mão postada em seu peito, e ainda que houvesse vivido tanto, nunca havia sentido tudo que senti, com tamanha intensidade. De olhos fechados, aquele olhar parecia conduzir por todos os caminhos, e revelava tudo aquilo que nunca havia sentido e vivido, que nunca poderia haver imaginado. Era fácil sorrir, era fácil sorrir com o coração, com alma, com um melhor que nunca havia sido evidenciado. Evidência, natural do que foi conquistado e cultivado, que havia sido agregado em intensidade ao coração, como um poder imensurável e incontestável.

De olhos cerrados, não era apenas um sorriso, não era apenas um olhar, não era apenas uma forma de mulher, sinuosa e voluptuosa, de traços delicados de menina, de jeito inconfundível de moça, de sensualidade e exuberância de uma mulher em seu mais ardente e intenso potencial. De olhos fechados, era mais, estava além de mim, aqueles sentimentos e emoções, sensações, que equacionadas, fazia pensar em todas as intenções e pretensões, que poderia imaginar e sonhar. Viver e sentir fez ser imprescindível, essencial e inestimável. Viver e sentir apenas e somente, com coração e de coração.

*Alexandre ¹ Belo Horizonte

DAMIEN LOCKHEART
Enviado por DAMIEN LOCKHEART em 06/11/2012
Reeditado em 24/08/2013
Código do texto: T3971020
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