Esconderijo linguístico.

Sentia o desejo de acatar suas necessidades.

Seus dedos eram quase colados naquelas teclas que traduziam virtualmente o que o sistema límbico confuso queria cuspir.

Sempre na prolixidade quase promíscua.

Sim, não está errado o emprego dessa palavra.

Por trás de toda aquela redundância estavam emoções que precisavam ser consertadas.

Mas ela tinha medo de admitir que mascarava a conjugação dos verbos para facilitar o escoar das tensões individuais.

Até quando iria se esconder atrás de suas palavras complexas desejosas de exprimir tudo...e muitas vezes não diziam nada?

A mente hiperativa circundava um vazio sem motivos de tanta seriedade e angústia.

Talvez ela dramatizasse a vida com a esperança de torná-la mais atraente.

Ou criasse um mundo seguro, distante de suas dúvidas do presente.

Teriam cura tais sintomas?

A distância de todos talvez fosse um tratamento adequado.

E ela também sabia que tentava se enganar com isso.

Ajuda.

Sim.

A cura também potencializava seu transtorno de ansiedade.

Talvez ela não devesse amar tanto.

Doar-se tanto.

Ou estaria se vangloriando por características não-suas?

Tudo era névoa com cheiro de mágoas sem sentido, rostos desconhecidos e traumas não curados.

Medicamentos não eram soberanos de soluções.

Os outros seriam?

Ela se fazia de forte e aparentava dominar sua vida e suas responsabilidades.

Mas quem tivesse nascido com apenas um fio de sensibilidade percebia que sua máscara já não servia.

O mundo a escapava e o equilíbrio não estava cumprindo seu dever.

"Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado. Remoto controle..." (A. Calcanhoto)

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 08/12/2012
Reeditado em 09/12/2012
Código do texto: T4025801
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