Conhecendo Traipu

O ano era 1980 e o mês era julho. Diante da opção de escolher entre três cidades do sertão alagoano para assumir um novo trabalho, em face de ter sido aprovado em concurso público, fui conhecer Traipu, por considerar que até então ainda não havia morado afastado do rio São Francisco, a exemplo de Petrolândia, Propriá e Penedo.

A uma distância de 55 quilômetros de Arapiraca, foi ali onde peguei o ônibus com destino à cidade ribeirinha. Logo entabulei um diálogo com o vizinho de poltrona, que se apresentou como traipuense. Pela minha visível ansiedade em conhecer sua cidade, ele já ia narrando toda a viagem, a cada curva, subida ou descida de serras, dando nome a esse ou aquele lugarejo. Dizia que a partir de um determinado ponto alto eu avistaria a cidade, com destaque para a igreja matriz, a serra da Tabanga e o rio São Francisco. Ao chegar a esse ponto, fiquei deslumbrado com a paisagem que, além do rio, ainda contava com lagoas de um lado e do outro da cidade, parecendo que eu estava entrando numa península. É que o mês era de chuvas e o rio periódico, afluente do São Francisco, estava transbordando e do outro lado a lagoa também estava cheia.

Ali chegando, outro fator ainda mais importante: a receptividade dos colegas com quem ia trabalhar e o calor humano do povo sertanejo. No dia seguinte, voltei para Penedo, onde formalizaria a opção de ficar em Traipu. Ali assumi o novo emprego, com o direito de após um ano pedir remoção para outra cidade. Por alguma razão, facilmente perceptível, resolvi ficar por mais de 10 anos. E, inúmeras vezes, já voltei lá, a passeio. Não dispenso a travessia do rio para ir até a “Casa Branca”, no sopé da Tabanga, do lado de Sergipe, de onde fico contemplando Traipu, saboreando o principal prato do restaurante: tilápia frita. Sim, a Casa Branca de lá não é nenhuma sede de governo, é um restaurante com atendimento especial: os próprios donos.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 30/01/2013
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