GaryFloyd - um quarto de existência ( biografia completa)

GaryFloyd - Um Quarto de Existência

"Alguém prestes a se formar em jornalismo, cuja predileção é o jornalismo literário ou científico.

Alguém que teve a coragem de começar a ler "Ulisses", de James Joyce, mas que perdeu o fôlego na página 615.

Alguém que define como inefável a sonoridade do rock progressivo.

Alguém que, por mais que seja um pessimista inveterado, acaba atraído pelo otimismo (persistência ou teimosia?).

Alguém que já escreveu centenas de páginas, entre contos e romances inacabados, mas que nunca aprendeu a escrever.

Alguém que passou horas a fio estudando escala penta tônica, modos gregos, palhetada alternada, arpejos e outras técnicas, mas que ainda não aprendeu a tocar guitarra.

Alguém que passou a infância e a pré-adolescência rabiscando, mas ainda não aprendeu a desenhar.

Eis-me aqui: alguém que talvez um dia aprenda... Talvez... "

GaryFloyd

Em Brasília mora um músico.

Mas não é músico qualquer, espalha notas doces pelo mundo... nasceu predestinado a fazer músicas hipnóticas.

Sim, o quarto em que ele mora fica impregnado de maravilhosos pensamentos e ali ele se entrega ao mundo numa doação mágica e explosiva e de vez em quando amorosa de onde vêm sentimentos belíssimos!

Esse espetáculo ele oferece quase diariamente: coisas vinda do seu mais íntimo ser.

Quando entrei ali, me perdi diante de um emaranhado de coisas etéreas, feéricas, confusas, apreciantes, sons vibrantes, palavras sonhadoras...

"Estranho este lugar. É muito branco, muito vazio. Aqui tem uma luz clara que brilha incessantemente, e não existe um dia definido. Quando menos percebo, é dia, e de repente, é noite. Vida me disse que é por causa do Yin-Yang.”

É assim o lugar que fica ... ele me contou... no "Dialogando com Minhas Misérias".

Descreve contos de encantar, também...

Disse- me que quando acordado, tinha apenas uma lembrança: a de que era um filósofo..." Vida me deixara ter essa lembrança ali. Era essa pentelha quem decidia tudo sobre mim; eu não podia decidir nada. Eu queria lembrar meu verdadeiro nome, pois sabia que não me chamava Nexus no plano físico — Vida me chamava assim. "

É que fomos ensinados, a aceitar a forma enganosa de um dos aspectos mais básicos e profundos da natureza selvagem e aprendemos que a morte é sempre acompanhada de mais morte. Mentira. A morte está sempre criando uma vida nova, mesmo quando nossa vida foi retalhada até os ossos.

Os arquétipos da morte são juntos o lado esquerdo e direito de um único pensamento: enquanto um coração esvazia, o outro enche. Quando uma respiração termina, outra se inicia.

Era assim: cada vez que ele morria, renascia...

Mas "um artista não é nada sem sentimentos que o faz sofrer, um gênio não é gênio sem uma paixão doentia. O poeta quando cessa seu sofrer não é mais poeta. Um músico quando não tem feeling não é um músico." - disse - me ele.

Li, inebriada, os contos, esse aglomerado de coisas mágicas, mergulhei na mente criativa e mítica deste autor, cheguei a ter uma vertigem num conto em que havia muito de premonição.

Existem coincidências ou as coisas podem estar fora de seu tempo e se realizarem em outro?

Iniciou sua vida musical aos 14 anos, quando ouviu pela primeira vez o grupo de rock Pink Floyd.

"Lembro-me de ouvir uma música todo dia, o dia todo. Tudo em “Time” é magistral, mas o que mais me encantou foi o solo da canção. O feeling de David Gilmour me impactou como um soco no estômago: os bens, as pausas, os vibratos; tudo aquilo contido no solo de “Time” me deixava sem ar.”

Não sabia tocar nenhum instrumento, Pink Floyd o levou a aprender violão: “Eu tenho que aprender esse solo”.

Os solos de Gary Floyd também impressionam... eles têm um poder eletrizante, quase sempre melancólico e sonoramente abarcador de almas sensíveis e ao ouvi-los senti tudo o que poderia ultrapassar barreiras de leves bolinhas de sabão, aquilo que só nas mais leves camadas da mente se desmancham em alguns e profundos prazeres ... eram notinhas escandalosas.

Aos 15 anos, o violão Michael com cordas de aço — "que me causaram fortes dores no pulso ao fazer uma pestana, mas eu quase nem sentia, tal era o meu encantamento e a avidez em tocar."

Depois do Nirvana algumas músicas do Oasis e finalmente “Time” e o pulso doendo... aprendeu o que era uma escala cromática e assim iniciou os acordes - as chamadas tríades.

Mais ou menos aos 16 anos, só pensava em tocar uma guitarra e gostava de reverb e delay. Quando tocou o solo de “Time” com delay teve a certeza de que aquilo era um prazer que nunca mais deixaria.

Com revistas de guitarra se viu frente a tal escala penta tônica da qual tanto lhes falavam.

Uma guitarra, um amplificador, uma pedaleira e muito tempo livre iniciaram-no numa estrada de composição, de improvisos jamais executados.

Sua primeira composição:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/52962

Seu primeiro solo:

http://s1.vocaroo.com/media/download_temp/Vocaroo_s143UHajEDdH.mp3

Apenas um segundo de luzes brancas, aquelas luzes claras e ofuscantes que brilham incessantemente em seu quarto, e ele se torna um ser completamente esquisito: vira um escudeiro do sonho, todo aparelhado para pintar tudo com as cores mais desconhecidas e concretas ... uma cor concreta faz milagres: ela desapropria coisas maléficas, coisa de anjos, mesmo e é tão ... mas tão pueril que parece um anjo, daqueles que a gente reza prá ele nos proteger com suas asas feitas de arrepios...

dó maior = azul claro

dó menor = azul escuro

ré maior = amarelo

ré menor = branco

mi maior=cinza

mi menor=preto

fá maior=marrom

fá menor=verde

sol maior=vermelho claro

sol menor= vermelho escuro

lá maior=verde

lá menor=vermelho

E, assim, vai colorindo tudo...

Como em Crisântemos do Sol onde predomina a cor amarela.

http://www.youtube.com/watch?v=vyoR2SsyeAs

Quando aconteceu o desenlace o mundo ficou mais frio, mais difícil de mergulhar no barulho do sonho indizível ficando tudo oco, tudo incolor, tudo zoado, tudo sem previsão de emoção fervente , tudo só muros altos de transpor.

Mas quando a gente pensa que acabou tudo recomeça num vir a ser de novas e caprichosas medidas de escolher paisagens conformadas em escalas que se espalham como doces frangalhos inventados que aparecem como um lúcido pensamento que harmonizam a capacidade criadora como na vida de um poeta.

E era assim que ele fazia: transformava sua dor em amorosas músicas...

E ele confessa:

"Minha adolescência, como a de muitos, não estava sendo fácil; eram muitos os problemas. Eu procurei uma fuga além da música, e a encontrei no álcool. E por que estou contando isso? Ora, nenhuma autobiografia — por menor que como esta que vocês estão lendo agora - tem graça se não vier acompanhada de confissões. Mas tenho a dizer que o álcool também me ajudou a compor. As cervejas e cachaças que tomei em bares e bancos de praça intensificaram minha criatividade.

Quando não era o álcool que me inspirava, era o meu sofrimento que trazia uma lúgubre motivação para pegar a guitarra e criar. Há quem diga que as rasteiras da vida servem para se crescer, progredir. Não sei.

Só sei que doía e eu não conseguia evitar me lamentar. No entanto, os problemas vinham e me diziam fortemente: “Não importa o que aconteça, componha, apenas componha”. E lá se vão onze anos nessa estrada, quase 120 músicas compostas e a incerteza se tudo isso valerá a pena. Por enquanto, vou caminhando, sem olhar pra trás e procurando não pensar muito, "viver o momento de agora", como dizem."

Mas, Baudelaire já antecipava que muitos talvez o julguem indulgente demais:

“O senhor está inocentando a bebedeira, está idealizando a crápula”.

Confesso que diante dos benefícios, não tenho coragem de contar os danos - diz-nos esse tradicional escritor.

Posso falar mais? Por acaso, não é razoável pensar que as pessoas que nunca bebem ingênuas ou sistemáticas, são uns imbecis ou uns hipócritas?

Um homem que só bebe água tem algum segredo para esconder dos seus semelhantes."

E Gary sabia disso:

“Não há cura sem dor.” A dor é a melhor amiga do homem, e sabem por quê? Porque a dor alerta. A felicidade anestesia, e geralmente as anestesias não aliviam nossas dores, apenas nos proporcionam uma falsa sensação de alívio. Ledo engano o nosso. Mas o que importava pensar dessa maneira naquele instante, onde eu estava totalmente anestesiado pelo excessivo consumo de álcool? Eu estava começando a gostar de ser enganado, anestesiado.

Agradeci ao garçom pela “anestesia” — ele me olhou perplexo quando pronunciei esse termo, transformando a palavra “anestesia” numa metonímia para a palavra “álcool” — e paguei a conta. Iniciei um passo reto, outro nem tão reto, e fora do bar, meus passos estavam completamente tortos. Apesar do tempo frio, meu corpo estava quente. Eu estava me sentindo estranho; completamente fora de mim. A lua cheia brilhava e me fascinava de tal modo que preferia estar lá, passeando sobre suas crateras e flutuar através de sua baixa gravidade. Mas eu tinha que me contentar e manter meus pés na superfície terrestre, onde nada flutua, apenas cai, matando assim os sonhos de minha humanidade auspiciosa.” - conta-me ele numa de suas histórias míticas.

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/49356

Ele queria voltar a sentir aquele envolvimento, aquela sensação de cumplicidade tão próxima que parecia um abraço quente e comprometedor...

Então...

Minha mente flutuava

Como ondas que se quebram em rochedos

E meu corpo se encontrava

Em outros mares, outros oceanos, outro tempo

Vamos nadar sem medo

Contra a correnteza

Minha mente não suportava

A ideia de sobreviver num pequeno aquário

Então procurei uma imensidão

Uma ilha onde eu sou o corsário

Minha mente se afogava

Em valores inúteis de uma sociedade

Mas algo mais importante me puxou à superfície

E me mostrou uma beleza que não se encontra na cidade

Minha mente ganhou oxigênio

E aprendi enfim a nadar

Então nadei, me libertei

E voltei a flutuar

Vamos nadar sem medo

Contra a correnteza

GaryFloyd

E aquele homem vinha cabisbaixo, resmungando para si mesmo as coisas do mundo, de repente se fez um clarão: era a aura dele se transformando e foi carregado para um lugar distante: uma praça cheia de luz!

E cada vez mais notinhas chegavam ao seu coração: compunha sem parar, sem ao menos dar tempo ao tempo para respirar.

As músicas vinham ininterruptas a ocuparem aquela fase iluminada!

Chegavam carregadinhas de indolentes harmonias, de coisas que nem ele controlava por ser sua própria essência a escapar de seu coração artista!

Esta bela frase dele talvez reflita seu pessimismo...

Cinzas

Mesmo a Fênix tem sua cota de renovação. Ela pode ressurgir das cinzas várias vezes, mas em algum momento, sem forças, ela será apenas cinzas... talvez para sempre...

GaryFloyd

Porém, cada vez mais se renovava com suas constantes composições mágicas, extremamente vigorosas.

Como neste instrumental:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/49168

http://www.youtube.com/watch?v=AtOffO4BGyc

shred

Em seu conto Tempos Moderno, a problemática do otimismo de Chaplin é discutida por Gary Floyd:

http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/4127896

Trecho:

A mensagem final, apesar de bastante sedutora, e que a meu ver, é algo dificílimo de realizar, principalmente nos dias atuais, deixa explícito que só podemos encontrar felicidade ao fazer aquilo que gostamos e que fazemos bem. Mesmo diante da miséria, Carlitos mantém um ar auspicioso, de alguém que não desiste e jamais deixa de sorrir, mesmo nas piores situações. O otimismo do personagem pode ser visto como algo positivo por alguém que “sonha alto”. Contudo, penso que o pessimismo também é o alicerce das grandes realizações, pois como dizia o escritor George Bernard Shaw: “O otimista inventa aviões, o pessimista o paraquedas”. Chaplin “inventou aviões”. E Tempos Modernos encontrará alguns “paraquedas”. Em suma, gostei do filme por encontrar nele uma crítica carregada de ironias e que ainda hoje fazem grande sentido.

http://www.youtube.com/watch?v=RwLo8be-Yoc

Canções imemoráveis são as que apaziguam a nossa mais confusa entranha, apropriando-se do espaço do desejo mais recôndito do ser: aquelas que ficam impregnadas de nosso perfume poético de nossa sede de sonhar de tudo o quanto estamos dominados por tremendas vozes alvoroçadas.

O que se passa dentro da gente quando tudo está harmoniosamente estrelado, apaziguado, apropriado a viver plenamente, de forma fatalmente prazerosa e calma?

É a certeza de que para isso basta estar aberto às coisas que são doces, simples, autênticas, aprazíveis, ou seja, ter certeza que por mais que compliquemos só com pequenos gestos conseguiremos ser felizes de verdade: os grandes cabem aos que desejam coisas além da necessidade de conseguir ter apenas vigor e gostar de estar sempre na sintonia de maravilhosos sentimentos.

Ou seja, que não pode ser nomeado, designado ou descrito devido a sua complexidade natural, intensidade ou beleza; indescritível.

É sim, de uma beleza indescritível esse rock progressivo que GaryFloyd abraça ...

Vejamos:

http://www.youtube.com/watch?v=hkTmPN50u80

E o cover de Time:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/54148

E uma reflexão sobre o estilo tão explorado por esse músico:

Uma breve reflexão sobre o rock progressivo

Rock, jazz, blues e música erudita agregados no estilo que ultrapassou barreiras musicais

O rock possui várias vertentes, e uma das que mais se destacaram certamente foi o rock progressivo, que surgiu na Inglaterra no final da década de 60. Quando se fala em rock progressivo, muitas pessoas imediatamente lembram-se de Pink Floyd. Mas a história do “prog” (como chamam os fãs do estilo) não se resume apenas às composições do quarteto floydiano. Primeiramente, antes do surgimento da música progressiva, imperava o clássico rock and roll, da batida “quadrada”, dos poucos acordes, dos solos de poucas notas. No entanto, uma dessas bandas viria a misturar elementos de música clássica ao rock: os Beatles, no álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.

A banda de Liverpool erigiu à psicodelia em sua música, e influenciou outros grupos. Mesmo as bandas que não eram necessariamente progressivas buscaram uma sonoridade que se assemelhasse aos ritmos “quebrados”, à psicodelia, às notas de longa duração e às constantes mudanças de tempo. Exemplo é o Led Zeppelin, que comumente é considerado um grupo de hard rock, mas que também se aventurou nas experimentações musicais da época e compôs canções progressivo-psicodélicas como: Kashmir, No Quarter, Dazed and Confused, All My Love.

Uma das características desse tipo de música era seu público. Quando surgiu, grande parte dos ouvintes de rock progressivo era de classe média ou pessoas com inclinações para as artes e para a filosofia. A banda mais emblemática do estilo é a Pink Floyd. Claro que, por ser a que mais se destaca, não foi a que levou às características do prog ao extremo. Obviamente que, antes da saída de Syd Barret e a entrada de David Gilmour, os Pink Floyd eram mais experimentais e mais psicodélicos do que progressivos propriamente ditos. Gilmour, porém, elevou o som floydiano à categoria de grupo progressivo-psicodélico, cujo extremo veio com o Waters, com a produção de The Wall, disco classificado como “ópera-rock”. A ópera-rock, geralmente calcada em álbuns conceituais (aqueles que “narram” uma história através das letras das músicas), também foi magistralmente utilizada pelo The Who nos álbuns Quadrophenia e Tommy, sendo este último um clássico absoluto da banda.

Os extremos do prog insurgiram com o grupo Yes após a entrada do guitarrista Steve Howe no lugar de Peter Banks. Uma das características marcantes do Yes, também uma característica do prog em geral, são as longas canções que ultrapassam em até vinte minutos de duração. Para se ter uma ideia de como o Yes compôs músicas longas, o grupo produziu um álbum duplo (o fantástico Tales From Topographic Oceans) com apenas quatro músicas. O prog também foi levado ao levado ao extremo com o lendário trio Emerson, Lake & Palmer. Greg Lake, antes de se juntar ao tecladista Keith Emerson e ao baterista Carl Palmer, fazia parte do King Crimson, banda que lançou um dos melhores álbuns da história do rock progressivo (ou melhor, um dos melhores álbuns da música): In The Court of the Crimson King.

Os fãs mais saudosistas costumam recomendar os álbuns do Genesis da fase Peter Gabriel. Também vale a pena ouvir os álbuns da banda holandesa Focus e do trio canadense Rush (uma banda formada por Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart dispensa qualquer comentário, não acham?). Há também alguns grupos de rock progressivo desconhecidos no meio musical, mas que são muito bons: Camel, Marillion, Eloy, os álbuns solos de Rick Wright (falecido tecladista do Pink Floyd) e Steve Hackett (ex-Genesis), Soft Machine, Jethro Tull, The Nice (primeira banda do tecladista Keith Emerson). O Brasil também foi palco de grandes grupos progs, e que, sem nenhum exagero, nada deviam ao prog inglês em termos de qualidade, sonoridade, criatividade. Quem ainda não conhece essas pérolas do prog brasileiro, terá uma boa surpresa ao ouvir o som de Vímana, Som Nosso de Cada Dia, Som Imaginário, Terreno Baldio, Bacamarte, A Bolha, Recordando o Vale das Maçãs.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 10/02/2013

Código do texto: T4133154

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http://www.youtubees.com/watch?v=UJLFmoesOBs

Beatles, no album Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band.

O que fazer com tanta energia de viver quando já não cabe no recinto escolhido?

Transbordará e com certeza outras pessoas se encherão de cor, de vigor, de maravilhosos sentimentos que espoucarão em suas infinitas formas reveladoras de desejos mil.

Fico pensando: o que a gente escreve é dirigido a quem, já que somos iguais em essência, quando sentimos que tudo está num todo envolto em roupas repetidas em coisas unas em suas construções tão universais que o nosso mundo é o de todos?

Que ninguém passa por uma vivência sozinho, mas está sempre agregado ao único mundo existente da vida: o do espetacular espanto.

Assim, preparando espaços de estar confortável em mares revoltos e atraentes, partes de mim se soltaram, deixaram a solidez enclausurante, ficando prontas para serem levadas mundo afora, espetacularmente escancaradas, a abrigarem coisas belas e leves que me embalaram em caprichosos ninhos de surpresas mutantes.

"Aliás, não gosto de fazer perguntas, só quando não tem jeito. É que as pessoas ou falam o que querem ou não adianta que falem. O que a gente tem dentro da gente eu sinto que é como frutas... se saem no ponto certo, estão maduras, gostosas... se saem antes disso, estão verdes, são ácidas, fazem mal... se passam do tempo, apodrecem, ninguém quer. Só o que me falam querendo e na hora certa é que eu dou valor, e só assim que eu acredito nelas." Pag.: 342. (Coiote- Roberto Freire)

E Gary musicou esse tema:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/51161

frutas maduras

Alguém que já escreveu centenas de páginas, entre contos e romances inacabados, mas que nunca aprendeu a escrever.

http://www.recantodasletras.com.br/biografias/4127281

Syd Barret nos portões do amanhecer

Ele foi o primeiro poeta prog, ele foi o flautista nos portões do amanhecer

Além das características instrumentais que futuramente comporiam o rock progressivo, The Piper at the Gates of Dawn, o debut do Pink Floyd, incorporou a poesia de Syd Barrett. Ah, Barrett! Um louco poeta. O excêntrico rapaz de cabelos esvoaçados de Cambridge cujo olhar era preocupantemente distante. Um gênio que, assim como Neil Young e Bob Dylan, inseriu poesia ao rock — e a poesia se tornaria uma das características mais presentes no prog rock. “E os contos de fadas me seguraram acima das nuvens da luz do sol flutuando”, cantava Barret em Matilda Mother, música na qual se mostra ávido pelo mundo fantasioso: “Oh, mãe, conte-me mais, conte-mais.”

The Piper at the Gates of Dawn, aliás, foi intitulado com base no livro O Vento nos Salgueiros, escrito em 1908 por Kenneth Grahame. Em tradução literal, The Piper at the Gates of Dawn significa “o flautista nos portões do amanhecer”, e esse é o título do capítulo sete de O Vento nos Salgueiros, no qual há a aparição de Pã, deus da mitologia grega que possuía chifres, orelhas e pernas de bode e que tocava flauta.

A fantasia de Barret se estendeu ainda na letra de The Gnome:

I want to tell you a story

About a little man

If I can

A gnome named Grimble Crumble

And little gnomes stay in their homes

Eating, sleeping, drinking their wine

A extravagante mente de Barret abrigava o gnomo Grimble Crumble — “ele vestia uma túnica escarlate, um capuz azul esverdeado” — ao passo que convulsões tomavam o corpo do compositor. Eram sintomas de sua deterioração. Sua mente imaginativa, ao mesmo tempo em que era a força criativa do Pink Floyd, era também o abismo no qual a banda caiu depois do lançamento de Piper at the Gates of Dawn.

Barrett abusava das drogas, especialmente do LSD, e se afastava cada vez mais dos seus colegas de palco. Apesar das tentativas de mantê-lo no grupo, Barrett sucumbiu à sua própria genialidade; não foi possível resgatá-lo daquelas longas viagens lisérgicas. Sua saída significava a perda da essência do grupo, e eles estavam cientes disso; até o nome “Pink Floyd” foi sugestão dele, uma junção de dois bluesman que ele tanto admirava: Pink Anderson e Floyd Council. Naquele ano, porém, ele ainda continuaria no Pink Floyd. Permaneceu por pouco tempo, mas tempo o suficiente para cravar sua poesia e influência e fazê-las marcas indeléveis no mundo da música.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 06/02/2013

Reeditado em 08/02/2013

Código do texto: T4127281

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Pink Floyd : "uma junção de dois bluesman que ele tanto admirava: Pink Anderson e Floyd Council. "

Isso não é uma maravilha?

Um blues é como uma estrada percorrida por notinhas tão encantadoras que a gente vai atrás delas para ver se podemos chorar junto as coisas que consegue colocar nas vertentes mais sensíveis de nosso escutar.

Ele chega de mansinho para que tudo esteja caminhando por trilhas que escoem nos rios caudalosos da realização sonhadora, de planos criados para que se faça assim: como uma árvore frondosa a dar sombra para quem caminhou tanto sob o sol...

Ouçam:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/53050

A árida estrada por onde passa um bluesman

De vez em quando todos nós nos deparamos com a sensação de ter "caído da vida", ou seja, ela tem a sua percentagem de escuridão, encerrando - nos no "silêncio de nós mesmos". Esse estado de angústia nos torna mais sábio e Syd Barret deve ter se perdido nesta solidão psíquica absoluta.

Assim como Rimbaud, que escreveu toda sua obra antes de fazer vinte anos. Depois de apaixonar-se por Paul Verlaine, passou a ler livros de ocultismo e a tomar porres imensos de absinto e a mastigar haxixe para chegar a um estado tal que lhes proporcionasse um salto consciente para a divindade, acreditando que podia se fundir com Deus. Ele incluiu a escrita em seu delírio, deixando-se levar à deterioração rapidamente. Abandonou a poesia atribuindo a ela o fato de que poderia o levar à loucura.

"Alquimia do Verbo

Para mim. A história de uma de minhas loucuras.

De há muito, eu me vangloriava de possuir todas as paisagens

possíveis, e achava irrisórias as celebridades da pintura e da poesia modernas.

Extasiava-me diante de pinturas idiotas; portais, decorações. telas de saltimbancos, desenhos, estampas populares; literatura fora de moda, latim de igreja, livros eróticos sem ortografia, romances de nossos avós, contos de fadas, livros infantis, velhas óperas, ditados tolos, ritmos ingênuos.

Sonhava cruzadas, viagens de descobertas, das quais não existem noticias, repúblicas sem história, guerras de religião sufocadas, revolução de costumes, deslocamento de raças e continentes: acreditava em tudo quanto era encantamento.

Inventei a cor das vogais! - A negro, E branco, I vermelho, O azul,U verde. - Regulei a forma e o movimento de cada consoante, e me vangloriei de inventar, com ritmos instintivos, um verbo poético acessível, algum dia, a todos os sentidos. Eu me reservava a sua tradução.

De início foi apenas um estudo. Escrevia os silêncios, as noites;

anotava o inexprimível. Fixava as vertigens."

..................

Arthur Rimbaud

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/53584

olhos ardentes

Albatroz

Que a manada se ajoelhe

Pois já pisotearam o joelho do albatroz

Na neve que me escurece

Sob o alento da doce vigília

Das colméias amargas

Não insisto mais no aroma da vida

Fecho a porta para os sentidos

Jogo as chaves no fosso

Consternadas constelações

Brilhem sem minha presença

Na mais densa estupidez

Estou imerso no lamaçal

Ó manada

Não vais me pisotear

Pois o albatroz aprendeu a voar

Para o infinito

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 15/09/2012

Código do texto: T3882860

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O infinito é aonde buscamos tudo o que nos deixa mais encantado, mais leve, mais perto daquilo que se clama em gritos sufocados e nunca ouvidos.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4120699

"Sem música, a vida seria um erro", diz-nos Nietzsche.

Gary sabia disso...

"Um texto, quando bem escrito como o seu, incita-nos ao movimento, tira-nos do lugar." - diz o comentário no Recanto das Letras, feito por um entendedor de música

... e eu acrescento: das músicas de Gary Floyd.

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/51158

bela infância

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/50717

perfeição

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/51179

a canção do sol

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/50000

cry, guitar, cry

E se trancava no quarto o dia todo até aprender a Eruption (Eddie Van Halen, seu louco!)...

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/49283

Eruption ( Eddie Van Halen Cover)

Possibilidades aparentemente nos encaminham para frente de novos sonhos, mas o retorno a estados anteriores do viver, muitas vezes substitui toda a gana de novos caminhos.

É assim com a discografia de Gary Floyd.

Ela preenche todos os vazios anteriores, aqueles em que precisamos completar a história inconsciente e que estão à espera de alinhavos de sons mutantes e agregadores.

"Alguém prestes a se formar em jornalismo, cuja predileção é o jornalismo literário ou científico. "

O séc XX detonou a certeza do real: de Freud a Einstein , de Heisenberg a Hurserl, temos a novidade de que não podemos confiar no que sentimos tal a mudança de conceitos de percepção, tempo, espaço e até do próprio eu.

Ítalo Calvino dividiu os escritores em : os de fogo e os de cristal, sendo os primeiros emocionais e os outros, racionais. Já o húngaro Stephen Vicinczey diz -nos que existem duas espécies de literatura: a que ajuda a compreender, outra que ajuda a esquecer, a que manipula pessoas , enquanto aquela forma pessoas livres.

Mas era só o que ele tinha: aquela máquina de escrever- mais prá velha que prá nova - e dali saíam tantas, mas tantas palavrinhas que enchiam o mundo de coisas do lado de quem sabe muitas coisas - ou seja - de gente esperta , que sabe de tudo, mas não sabe de nada.

Como neste texto dele:

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3748378

A literatura "de corpo e alma", ou sobre o benefício da ignorância seguida da sabedoria

Faz-se das trevas a matéria-prima da ignorância; e da alta erudição a principal substância do caráter pedante. A atitude correta, pois, é conservar, na medida exata, sabedoria e ignorância, visto que nosso caminho não se constrói apenas pelas respostas, mas também através das perguntas. O papel fundamental da literatura, sutilmente, é nos dar respostas e ao mesmo tempo lançar perguntas que agem substancialmente em nossa personalidade.

Essa função se atém a todos os tipos de literatura, desde a ficção até a literatura médica, da qual somos informados da realidade de nossa saúde. A literatura médica, portanto, não se faz de personagem, como nos livros de contos, mas da doença real, das informações que permeiam a realidade das doenças e das curas ou tratamentos. E nossa ignorância faz com que nos aprofundemos mais e mais sobre determinadas enfermidades até conseguir tratamentos efetivos ou até a cura.

Já a literatura de Kafka, por exemplo, age em nossos anseios e aspectos psicológicos intrínsecos ao ser humano. A literatura deve agir na mente através da irrealidade e psicologismo (como nos contos kafkianos) e na mente através da realidade, com informações que vão ter influências diretas em nosso organismo. O hábito da leitura consciente, portanto, nos faz bem "de corpo e alma", ou, como convém para céticos como eu, de corpo e mente.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 27/06/2012

Código do texto: T3748378

Por que as palavras nos aliviam?

Um aperto estúpido, uma contida confidência, um mero suspirar, um gosto de fel, uma soberba fé, um caminho de pétalas, um gozo sarcástico, uma maneira de alisar pensamentos, abraçar sons mágicos, espalhar viseiras tonteantes, enfim...

Coisas que a gente nem imagina estão flutuando num mar de amplexos, escondidinhas numa caixinha de estranhas confissões... que chegam e mudam tudo o quanto existia para configurar-se num quadro de surpresas, deslocando tudo, virando novos e deliciosos minutos de aconchego.

Um poeta surge ao longe com suas coisas de pensar leve, sendo muito contundente em suas teias de intrincadas armadilhas encantadoras.

Vejam:

Da agonia de Atlas

Belas são vocês, flores minhas

Feitas com o amor da mãe-terra

Amanhecem com o meu Sol (alvorada)

E morrem com o meu crepúsculo (morrer do Sol)

Bela também é a minha estrela

E apesar de tanto tempo

Eu gorjeio como da primeira vez

E sumariamente as acalento

Eu sou um historiador secular

Não faço comentários sobre os fatos

Eu simplesmente os vivo

E os descrevo nas paredes do meu quarto

Belas são vocês, flores minhas

Cuja semelhança com o ser humano é o Sol

Vocês precisam dele, mas possuem muita sorte

Não precisam ser humanas para provar do Sol

O maior pecado da humanidade é ser humana

Na condição de vis almas penadas

Da ganância e do pouco tempo que lhes resta

Eu dispenso a Humanidade, a anciã que não se cala

Eu carreguei os céus por muito tempo

E nunca mais vi minhas Plêiades em formas vistosas

Mas as tenho em meu jardim

São vocês, minhas flores tão formosas

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 26/07/2012

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Escrevemos, em primeiro lugar, para nós mesmos ou para encher a vida de fantasias. Porém, também precisamos de leitores, e essa necessidade de escrever cabe a quem precisa continuar tendo pensamentos de viver. Na época, o livro Moby Dick, de Herman Melville, vendeu umas dúzias de livros, apenas, apesar de reeditado até hoje. O fracasso tornou o escritor num ser infeliz.

A literatura é como se fosse orgânica, pois não controlamos a necessidade de atuar, de expor nossas coisas mais íntimas, mas o sucesso depende do olhar do outro, apesar de ser um presente incerto.

Porém, o sucesso hoje em dia, em nossa sociedade midiática, está relacionado, não à glória mas à fama " aquela soma de mal-entendidos que se concentram em torno do homem", como dizia Rilke, que nos oferece um somatório de "eus mentirosos", uma forma deformante e alienante de nós mesmos.

Além disso, o poder também contribui para que o escritor fracasse em suas intenções. Porém, nem o sucesso ou o fracasso são provas conclusivas da qualidade de uma obra.

Um escritor, mergulhado num estranho mundo de emoções que se esgarçam ao menor toque, que se abrem em toda a sua medida de contar eventos enfileirados, que ficam expostos ao vento radiante com força incalculável de soltar amarras de ir e vir em suas surpreendentes confissões irreais, soberbas, enternecedoras, sente tudo o que nos faz vulnerável abismo da emoção que escapa pelos dedos ansiosos por tirar o melhor da corrida espalhafatosa do egoísmo humano, do que é falso, para completar a estúpida noção de ser.

Gary Floyd já iniciou sua carreira, antes de se formar, como atesta esse link:

http://whiplash.net/materias/biografias/172626-pinkfloyd.html

Esse jornalismo literário com o qual se identifica...

Reportagem sobre o seu grupo de rock progressivo preferido: Pink Floyd:

Rock progressivo: o lado B do prog rock

Por Flávio Siqueira

No final dos anos 1960, a banda The Nice fez insurgir, juntamente com os Beatles e o Pink Floyd, o nascimento do rock progressivo. Comandado pelo tecladista Keith Emerson, que mais tarde faria parte do trio progressista Emerson, Lake and Palmer, o The Nice lançou no final dos anos 60 o álbum The Thoughts of Emerlist Davjack, sendo considerado pelos estudiosos da música como o primeiro disco de rock progressivo, abrangendo uma discussão que não tem fim sobre quem foi “o primeiro filho do prog rock”. Formada em 1967, a banda teve suas atividades encerradas em 1971, tendo lançado cinco álbuns que praticamente ficaram esquecidos no limbo.

No meio do caminho, a exemplo do The Nice, muitas bandas “murcharam”, apesar de possuírem um trabalho musical de boa qualidade, mas que, ao passar do tempo, se tornaram insólitas. E no caso do The Nice há o “agravante” de que o grupo foi um dos fundadores do prog. Outro motivo que fizeram grupos progressistas serem comumente citados como bandas sem muita evidência no cenário musical foi a pretensa ambição de galgar níveis estratosféricos da música, ou seja, o tiro saiu pela culatra e esses grupos, ao invés de angariar fãs, afastaram-nos ainda mais.

A banda Gentle Giant, formada nos anos 1970 pelos irmãos Derek e Ray Shulman, tinha como principal proposta “expandir as fronteiras da música popular contemporânea, com o risco de se tornar muito impopular”. Com isso, o grupo já profetizava que sua ambição de tornar o rock complexo e erudito demais afastaria muitos ouvintes e daria lugar uma música elitista, da qual poucos fãs ouviriam e distinguiriam os elementos fundamentais do som produzido pela trupe dos irmãos Shulman. Fato é que a pretensão do Gentle Giant era tamanha que a banda utilizou mais de 20 instrumentos para compor o álbum Acquiring the Taste.

Em contrapartida, o Pink Floyd tornava o rock progressivo mais “acessível”. Dentro do prog, é inegável que o Pink Floyd é a banda mais popular do gênero. Segundo o jornalista John Harris, autor do livro The Dark Side of the Moon: os bastidores da obra-prima do Pink Floyd, a ideia de simplificar o som da banda partiu principalmente do guitarrista David Gilmour, que alertara o baixista e vocalista Roger Waters durante a gravação do álbum que as letras da banda possuíam indiretas demais e que aquele era o momento de ir direto ao ponto. Resultado: The Dark Side of the Moon figurou por mais de 700 semanas no top 200 da Billboard e já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos quatro cantos do planeta.

Um fato curioso é que, a exemplo do Gentle Giant, algumas bandas progs foram perdendo certa visibilidade no meio musical, o que não significa que tais grupos não sejam “famosos”, apenas não tiveram o mesmo êxito que outras bandas mais “populares” dentro do gênero tiveram, como, por exemplo, Pink Floyd, Genesis, Jethro Tull e Rush. Só mesmo sendo fã de rock progressivo (fã que é fã acaba se aprofundando no estilo musical que “curte”) para ter conhecimento de fantásticos grupos progs como o já citado Gentle Giant, além de Camel, Eloy, Hawkwind, Procol Harum, Van der Graaf Generator, Triumvirat, Nektar, Soft Machine e Colosseum (essas duas últimas com forte sonoridade jazzística). E há ainda bandas que não são necessariamente progs, mas que de certa forma beberam um pouco da fonte do rock progressivo e que merecem ser ouvidas, como Epitaph, Iron Butterfly e Andromeda. No caso dessas bandas, a influência do rock progressivo é um tanto sutil.

No caso do Focus e do King Crimson, por exemplo, já é difícil enquadrá-los como grupos que não tiveram notoriedade. Indo direto ao ponto (e há quem discorde, claro): o Pink Floyd projetou uma sombra enorme sobre as outras bandas de rock progressivo. Os leigos no assunto certamente questionarão: o que é o rock progressivo além do Pink Floyd? Porém, é certo que isso ocorre em qualquer estilo musical. É inegável que o Pink Floyd é uma grande banda, uma das melhores do gênero, mas o prog é muito mais rico do que se imagina, e está além das maravilhas audiovisuais da banda. Inclusive, pouco se fala do rock progressivo fora do eixo composto por Inglaterra e Estados Unidos. Na Itália, por exemplo, grupos como Premiata Forneria Marconi, Banco del Mutuo Soccorso, Acqua Fragile, Quella Vecchia Locanda, De De Lind, Maxophone, Biglietto per l´Inferno, Buono Vecchio Charlie e Museo Rosenbach são verdadeiras pérolas do prog rock.

Fonte: Rock progressivo: o lado B do prog rock

http://whiplash.net/materias/biografias/172626-pinkfloyd.html#ixzz2S8NRVG2Z

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=TbU0XJGrKg8

Semiramis - dedicato a Frazz - (1973) - Full Album

"Alguém que teve a coragem de começar a ler "Ulisses", de James Joyce, mas que perdeu o fôlego na página 615. "

O herói do Ulysses de Joyce é um homem comum, assim como GaryFloyd, ao contrário do Ulisses grego.

"Vamo se diverti um bocadinho

Bebeno uísque, cerveja e vinho

Na coroação

No dia da coroação?

Vamo se diverti um bocadinho

No dia da coroação?"

( James Joyce - Ulysses )

Joyce escreve:

“Esposa e companheira de Adão Kadmon: Heva, Eva nua. Ela não teve embigo. Contempla. Ventre sem jaça, bojando-se ancho, broquel de velino reteso, não, alvicúmulo trítico, oriente e imortal, elevando-se de pereternidade em pereternidade. Matriz do pecado”

“Quem em lugar algum jamais lerá estas escritas palavras?” (JOYCE, 1983, p. 51).

E GaryFloyd refeltiu sobre James Joyce...

Um belo paradoxo mental

Às vezes (ou na maioria das vezes) é necessário abraçar fortemente a loucura. Tal ato não é maléfico, muito pelo contrário, pois as pessoas mal sabem que é através da loucura que se encontra a sanidade. Pensem, por exemplo, na Fênix, que precisa se transformar em cinzas para renascer mais forte.

As pessoas ditas "normais" nunca contribuíram muito para humanidade. Quantas vezes aqueles que são lembrados até hoje não foram chamados de loucos quando tentaram algo que a princípio parecia ser impossível? Se não fosse um louco sequer teríamos energia elétrica. Se não fosse um louco sequer voaríamos sobre as nuvens; e se não fosse um louco, sequer teríamos muitas das maravilhas deste mundo.

A loucura, se bem utilizada, pode finalmente queimar o indivíduo até que ele se torne cinzas e renasça. A loucura é o elo entre o louco e a Fênix. A Fênix é o último estágio; a vitória, o objetivo alcançado. Não há vitória sem dor, bem como não há como adquirir a sanidade sem antes trilhar o caminho da loucura. Um louco se trancava num quarto durante o dia todo até aprendi a tocar isso Eruption (Eddie Van Halen, seu louco!); um louco se desfez da mesmice das palavras para dar um salto ao modernismo (James Joyce, seu louco!).

À loucura, pois.

GaryFloyd

Enviado por GaryFloyd em 26/03/2013

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"Depois da análise vinha a comparação comigo mesmo. Eu pensava que por ficar muito tempo morando de aluguel na casa do Silêncio, ele me ajudava a filtrar os pensamentos antes de saírem pela via oral. Eu criava um diafragma comportamental, onde apenas palavras ilustres podiam sair sem o crachá de saída. Mas as palavras boas se dissolviam rapidamente num solvente forte, como um trevo de quatro partes íntegras que morre porque o clima está absurdamente seco."

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3858667

fios de pensamentos só encobrem toda forma de canção... apenas servem de malocas endurecidas... desculpando toda forma de visão... prisão perpétua mais livre que essa... só quando nos despimos de tudo...das coisas encobertas de divinas promessas ... sem que ninguém nos peça.

eu nem sei o que se passa ... estou confusa e incrédula ... mergulhada num estranho mundo de emoções que se esgarçam ao menor toque... abrem-se ao vento radiante de força incalculável de soltar amarras.... de ir e vir em suas surprendentes confissões ... irreais ...soberbas... enternecedoras... será o quê esse balançar constante de coisas de contar... desse aproximar-se e despejar pontos que se resumem a uma vontade sem nome?

"Uma loucura mansa nos alcança

quando sonhamos acordados

sonhos lúcidos destemperados

sonhos de sonhar com esperança."

Afroditevil

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/51016

the end blues

"Alguém que define como inefável a sonoridade do rock progressivo."

O músico Gary Floyd identificou-se com a banda Pink Floyd , que o levou a sonhar acordado desde os 14 anos até finalmente se tornar intimo, ficando totalmente abarcado pela sonridade leve e etérea do rock progressivo.

Iniciou um período de encantamento pelas notas feéricas desse estilo , compondo sem parar, quase que diariamente, aquilo fazia parte de uma rotina comprometedora, aprasívelmente dolorosa, com suas composições dolentes e estasiantes.

Vejam:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/53004

fuga em si menor

Como pássaros ao longe de liberdade aérea cujas asas que levam sonhos inteiros de experiências trocadas ao vento, lances invioláveis de poesia construída com sonhos, Gary Floyd flutuava nas notas de suas músicas tornado-as abarcadoras a todos, disseminando sons mágicos e inebriantes.

O que cabe no silêncio que nos envolve e acalma?

Depois de ouvi-lo ficamos mais unos com nosso self e crescemos em tolerância verdadeira com o mais íntimo sentimento; assim também se dava uma catarse de emoções ao ouvirmos os instrumentais desse músico encantador.

A gente vai indo...indo...indo...até voltar, em círculos concêntricos e cada vez mais apertadinhos... até estrangular a garganta para que fiquemos mudos de significados coerentes ...só restam coisas se sonhar e fantasiar: o mágico, o estranho sentimento que detona a vida, deixando tudo de pernas para o ar, como uma tsunami impulsiva e desmedida.

E ele chegava de mansinho enchendo o mundo de notinhas suaves como algodão, tirando todos do gelo endurecido que há muito os deixavam estupidamente morosos para coisas do mundo de claros movimentos encantadores.

Quando é que a gente pode se livrar das amarras dos sentimentos expressivamente assustadores? Quando não houver mais estradas de correr cantigas?

É aquilo que fazia a todos rir e cantar todas as notinhas de fazer sussurros ao longe, a provocar um mar de agonia criadora, para desembocar num lugar de cumplicidade mútua e acolhedora...

E o sol saía de novo , vindo nos aquecer para que entendamos que todos precisam da chama da vida para nos entregarmos as suas de maneira a verter coisas emocionalmente aprazíveis em cachos de contentamentos mil, como numa doce prisão que faz aumentar o som de uma música que jamais seremos capaz de abandonar, como uma fome de novas emoções em que o cérebro pede coisas que o acalentem até que a próxima necessidade, numa saciedade impossível de ser preenchida, voltando, assim, às doces notas como uma atração impossível de ocorrer, senão continuamente.

Daquelas coisas onde não se imagina que estão flutuam num mar de amplexos , escondidinhas numa caixinha estranhas confissões, que chegam e mudam tudo o quanto existia, para configurar-se num quadro de surpresas, deslocando, virando novos e deliciosos minutos de aconchego.

Gary Floyd nos diz notas musicais que já sabemos e de um forma novidadeira, nos envolve num monte de lembranças, sempre tomadas pela emoção mais intrincada e confusa que guardamos em nossa rede de belos frutos: aqueles que colhemos com cuidado durante a vida; essa vida tão momentânea, tão fugaz, tão cheia de força criadora, expondo tudo o que podemos escancarar em gozos, nos dando tempo de desdizer conflitos duros que esfolam as partes mais moles de nossa cristalina história, escandalizando-nos com meras certezas frágeis, explodindo as primeiras reações efusivamente infantis e sóbrias, fazendo todos mergulharem no grande mundo de coisas incompreensíveis,enchendo a vida de frutos já caídos, maduros, completos em sua forma de coisas amorosas, tentando esconder as mais explícitas emoções para escoarem em forças protegidas pelo explêndido exercício de abrigar doçuras...

Vejam:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/instrumentais/52732

“Música é número, a adoração do número, é álgebra ressonante. Mas a própria essência do número não conterá um elemento de mágica, um toque de feitiçaria? A música é uma teologia do número, uma arte austera e divina, mas uma arte em que todos os demônios estão interessados e que, entre todas as artes, é a mais suscetível ao demoníaco. Pois ela é ao mesmo tempo código moral e sedução, lucidez e embriaguez, um apelo ao mais intenso estado de alerta e um convite ao mais doce sonho de encantamento, razão e anti-razão — em suma, um Mistério com toda a iniciação e os ritos educativos que desde Pitágoras foram parte integrante de todos os mistérios. E os sacerdotes e mestres da música são os iniciados, os preceptores desse ser duplo, a totalidade demoníaco-divina do mundo. Vida, humanidade e cultura.”

(Thomas Mann)

Gary Floyd registrou suas composições artísticas deste período intenso, aqui:

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=110717

230 áudios (9159 audições)

(estatísticas atualizadas diariamente - última atualização em 04/08/13 00:09)

Mestre no improviso, fez instrumentais e canções belíssimos deixando uma obra artística de um verdadeiro compositor: variada, contundente, escandalosamente criativa.

Hoje vive para banda, a Joana Dark.

http://www.youtube.com/watch?v=ZiJ8oFr86Nc

Seu estilo mudou para o stonner, mas é uma banda que abrange diversos estilos de se apresentar.

Gary Floyd continua compondo a todo vapor muito influenciado por Alice in Chains e bandas de stoner.

http://vocaroo.com/i/s0krkX9XNeuk

Jerry Cantrell total

http://vocaroo.com/i/s1YGwy8f5EZx

Sucesso, Gary Floyd !

Sucesso, Joana Dark!

Brasília, 04/08/2013

Autora: Afroditevil

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=130721

afroditevil
Enviado por afroditevil em 04/08/2013
Reeditado em 29/12/2013
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