MINHA HISTÓRIA DE VIDA IV- ADOLESCENCIA- PARTE 2

Bom, depois que o ano de 2010 terminou as férias escolares começaram e passava a maior parte do tempo com os meus amigos. Ao contrário do que muitos pensam, eu não era do tipo de adolescente que passava o dia inteiro no computador, mas sempre que podia eu estava na internet. (RISOS). Enfim, minhas férias funcionavam da seguinte maneira, durante o dia costumava ficar com algumas meninas, mas digo ficar no sentido de conversar e à noite íamos para uma pracinha, onde era o ponto de encontro de todo mundo que estudava no colégio e ficávamos por lá durante horas conversando, rindo, tirando fotos, ouvindo músicas, dançando... Enfim, era bem divertido.

Uma semana depois do natal, ou seja, no ano novo, eu completei dezessete anos de idade, porém não quis festejar. Na verdade passei esse dia em branco, como qualquer outro, porém recebi ligações acima do normal. (RISOS). Porém, nesse mesmo dia, minha tia Juliana me presenteou com um filhotinho de cachorro da raça poodle, com o pelo todo dourado e onduladinho. Coisa mais fofa do mundo! Foi amor à primeira vista! Me apaixonei por ele e coloquei o nome dele de Bob, porém minha tia o chamava de Marley, então decidimos batiza-lo de Bob Marley que todos os dias de manhã, bem cedo, antes de eu ir para a aula tinha que encher sua vasilha com um pouco de leite e ração. E então, com a chegada dele, fiquei com dois cachorros, o mais velho se chamava Sheik, que era um vira lata todo rajado, de porte médio, com uma mancha branca enorme no rosto que lhe dava um ar de bravo, porém era extremamente manso. O resgatei das ruas com minha tia Juliana, quando ele era bem pequeno, deveria ter uns 2 meses de idade e o achei lindo! Decidi ficar com ele!

No meio de janeiro recebi uma ligação de um homem querendo conversar com a minha vó, dizendo ser parente distante. Nesse dia senti que as coisas estavam para mudar e que tudo seria diferente. A noite, quando minha vo chegou do trabalho esse mesmo homem ligou e explicou porque estava nos procurando... Minha bisavo, Maria, que Deus a tenha, mãe de meu avô Edgar, falecido de minha avó, havia falecido naquele mesmo mês e havia deixado herança para minhas tias e minha mãe e dali em diante a nossa família se ligou outra vez e pude conhecer minhas tias e meus primos.

Enfim, então voltamos a escola outra vez, porém aquele seria meu último ano. O ano das emoções, das decisões, enfim, seria o grande ano. Me separaram do Jeferson, a pedido de meu pai e de TODOS os professores, pois não estavam mais aguentando tanta palhaçada e foi então que comecei a conversar com o Tiago, que era um menino q foi da minha sala no segundo ano, ao qual detestava, pois o achava intrometido e hoje, bem, hoje ele é meu melhor amigo... Foi muito estranho a forma coo começamos a conversar... Ele me contou um grande segredo seu, revelando o que eu já temia, ou seja a sua homossexualidade e eu contei um segredo meu e assim ficamos quites, andando juntos sempre que podíamos.

Em Abril daquele ano fizemos uma viagem para uma aldeia indígena que fica localizada em Carmesia- MG. Que lugar lindo e que gente maravilhosa! Foi encantador... A cultura indígena simplesmente é maravilhosa... A pequena aldeia era civilizada, porém ainda mantinha as antigas tradições, como por exemplo o hábito de pintura, de adentrarem a mata, das danças, das músicas, da língua local... Enfim... Nesse dia eu fiz várias pinturas bem legais pelo corpo, ao qual demorou um bom tempo para sair. Depois nadamos de roupa e tudo em uma cachoeira que havia no final da tribo e na hora de descer minha câmera digital acabou caindo na agua e detalhe... Além de ser da minha mãe, eu iria viajar no dia seguinte para o Rio de Janeiro! Mas não deixei de curtir a viagem por lá que foi bem divertida... No final da tarde as meninas nadaram nuas na cachoeira de cima e os meninos nadaram nus no rio, enquanto nossas roupas secavam para que pudéssemos ir embora. Depois do almoço um índio nos levou até o meio da mata, onde nos ensinou uma dança bem legal e nos mostrou onde eles eram batizados. Comprei um brinco enorme de pena verde escura e um prendedor de cabelo feito com sementes antes de vim pra casa.

No dia seguinte eu estava completamente cansada. Doente. Mas fui para o Rio de Janeiro, afinal, era lá que estava marcado para passarmos a pascoa com a família na casa da minha tia Elizabeth. Minha tia é uma pessoa muito boa, porém ela tem alguns defeitos que são poucas pessoas que entendem e nessa viagem, apesar de ter ficado um pouco magoada eu a entendi e pedi a Deus que cuidasse do coração dela. Nessa viagem conheci minha tia Sônia, que é uma das minhas tias preferidas, irmã do meu avô Edgar e minha prima Luciana, sua filha, e meu tio Franco, que é seu marido, que no caso foi o homem que ligou para minha casa em janeiro. Toda essa família, tirando a tia Beth residem em Espirito Santo, minha segunda casa. Queria muito ter conhecido o meu primo Márcio, filho de minha tia Beth, porém não conseguimos nos ver ainda, mas quero vê-lo algum dia. É um rapaz de bom coração.

Depois dessa viagem continuei mantendo contato com minha tia e minha prima, enquanto levava a vida tumultuada e agitada na escola. Na época, como acordava cedo, decidia pular o café da manhã para poder dormir mais. Acordava as 7:20 da manhã e as 7:30 já estava radiante na sala de aula, afinal não tinha tanto trabalho para me arrumar e a escola ficava próxima de minha casa. Quando chegava, as vezes morria de fome, mas para me manter magra preferia dormir e assim a fome passava e comia bem pouco, mas porcaria eu comia o tempo inteiro. (RISOS)

Houve uma manhã em que fizemos a sexta-feira do mico. As meninas fizeram Maria Chiquinha, usamos meias coloridas, óculos e tiaras engraças, gravatas, pirulitos coloridos, pantufas, enfim, tudo o que podíamos para fazer bagunça e rendeu boas fotos. Fiquei muito cansada nesse dia.

Teve uma noite em que fomos a Casa Fiat de Cultura no bairro Belvedere com o colégio para apreciar uns quadros de arte, porém fomos com os alunos do segundo ano e do terceiro havia apenas Tiago, Tatiane, que foi uma grande amiga e eu. Foi bem legal, porém na volta, o celular da irmã do Tiago sumiu e a professora ficou nervosa e disse que se o celular não aparecesse ninguém iria a Diamantina e foi então que o Tiago disse: -Mas é claro que não, querida! Esse celular vai aparecer, porque lindamente que eu vou pra Diamantina! – e foi xingar a irmã dele e a gíria “lindamente” pegou.... (RISOS) Mas enfim, o celular não apareceu e foi uma longa discussão por um bom tempo.

A nossa viagem de formatura chegou. Diamantina. Não foi tão legal quanto esperei que fosse. Mas ocorreu bem. E essa foi a nossa última viagem antes da formatura.

Na semana das crianças, quando estava pegando pesado no vestibular, em uma manhã, estava tomando meu café em casa, quando a zoonoses bateu aqui em casa dizendo que o Sheik estava contaminado pela Leishmaniose e que ele deveria ser levado para ser sacrificado. Caramba! Como aquilo doeu! Doeu muito mesmo ver o homem olhando pra mim, enquanto eu olhava para o Sheik deitado no sol, como se não tivesse se preocupando com nada. Senti um aperto no peito... Minha vó surgiu perguntando o que tinha acontecido e o homem contou a ela, enquanto sentia que iria desabar a qualquer momento. Eu não conseguia me mover para pegar a corrente. A dor era terrível. Mas eu tirei uma coragem que até hoje não sei de onde veio e peguei aquela corrente, parando diante dele que me observava em uma tranquilidade incrível, como se entendesse o que se passava. Eu sabia no fundo que ele estava doente, porém não queria deixa-lo ir. Ele era como se fosse meu filho. Parte de mim e foi considerado parte da minha família. Foi então que joguei a corrente no chão e sentei perto dele afagando a cabeça dele, enquanto ele abanava seu rabo. Comecei a chorar e pedi a Deus para que me desse força para fazer aquilo. O peguei no colo e o abracei bem forte, dizendo que o amava muito e que tudo ia ficar bem, enquanto chorava e o levava até o carro. O coloquei lá dentro e fiquei um bom tempo lá com ele, apenas observando aqueles olhos grandes e amarelos que nunca mais veria outra vez e pedindo desculpas por estar fazendo aquilo, enquanto minha avó assinava alguns papéis. Chorei muito. Muito mesmo e pedia desculpas a ele, meu amigo, que sempre que eu estava triste ficava ao meu lado, o sempre quando estava frio, ele deitava em cima de meus pés para aquecê-lo. Sempre que eu lhe pedia um abraço e agachava no chão, ele pulava em mim me enchendo de lambidas no rosto, ou quando jogávamos bola juntos, ou chupavamos manga... Ou quando lhe ensinava algum truque novo, como arrumar sua própria cama ou empurrar a porta da sala para ficar me olhando assistira televisão... Foi dolorido... Doeu muito. Pedi perdão a ele e a Deus... E decidi que cuidaria do Bob Marley....

Um mês antes da minha formatura eu fui com minha avó até o centro da cidade e compramos meu vestido. Era lindo. Preto, tomara que caia, batendo um pouco acima do joelho... Foi uma das pouquíssimas vezes na minha vida em que usei vestido. Detesto essas coisas de mulherzinha. (RISOS).

Poucos dias antes da formatura, fomos apresentar a feira de cultura... Depois teve a eleição da garota mais bonita da escola e eu acabei ganhando essa palhaçada. (RISOS) se bem que modéstia parte eu era linda. Morena, alta, corpo bonito que não se compara ao que tenho hoje, cabelos longos, negros e lisos caindo na cintura. Parecia uma índia. (RISOS). Nesse dia comprei uma coelha linda, toda branca, com os olhos vermelhos... Quando filhote cabia na palma da mão e um mês depois estava imensa e corria o quintal inteiro, junto com o Bob e as duas tartarugas. (RISOS).

Mas enfim, dois dias antes da formatura fomos para uma pizzaria e comi muito nesse dia. Comi exatamente doze pedaços de pizza e bebi oito lata de refrigerantes. (RISOS) Foi bem legal. Foi ai que caiu a ficha de que tudo estava acabando e um novo ciclo na vida iria começar, afinal, já havia prestado vestibular e passado em uma particular para Enfermagem. O cheiro daquela época era bom.

Quando minha mãe veio com a história de que eu iria fazer pré vestibular naquele ano eu recusei, pois não conseguiria conciliar escola, pré e curso de inglês, mas ela insistiu porque disse que queria que eu passasse em medicina na UFMG, apesar de eu dizer que no ano seguinte iria me dedicar exclusivamente para isso e tinha certeza que passaria, ela não se deixou a levar e jogou dinheiro no lixo, pois não passei na porra da prova! Ódio que tenho quando lembro disse, mas enfim, estou feliz com Enfermagem, afinal, se isso não tivesse acontecido não teria conhecido uma pessoa importante...

A professora Rita foi minha madrinha de formatura e a presenteei com um álbum de fotos nossas, uma carta contando tudo o que passamos e algumas flores do campo, que o Bob jogou no chão na véspera da formatura, fazendo com que alguns galhinhos quebrassem, mas ficou linda.

Eu, com fogo no cu, na véspera da formatura cortei o cabelo até no queixo e ficou ridículo. Mas minha amiga deu um jeito. Não ficou como que eu queria, mas também não ficou feio e finalmente me formei. Foi uma noite e tanto. Zoei muito.

E foi então que chegou o meu aniversário de 18 anos. A idade tão sonhada. E que bosta. Não achei nada demais. Só acho que ganhei responsabilidades em dobro. Juntei alguns amigos bem próximos, compramos algumas bebidas, alguns cigarros e fomos comemorar na praça da liberdade, onde chegamos em casa quase três da manhã. Foi o melhor aniversário que tive... E bom, o ensino médio acabou... No início eu senti falta, demais, mas não tanto como pensei... Foi um ano importante... Vivi muitas magoas e perdas importantes, mas foi inesquecível...

Na próxima contarei como foi assustador a faculdade ou talvez sobre como iniciei minha mediunidade... (RISOS) Enfim... Qualquer hora volto por aí...

Marsha
Enviado por Marsha em 31/08/2013
Reeditado em 31/08/2013
Código do texto: T4461070
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