Maria Felipa
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MARIA FELIPA DE OLIVEIRA
Heroína da Independência da Bahia
* Ilha de Itaparica, BA
+ Bahia (04/01/1873)
 
Maria Felipa era descendente de africanos sudaneses.
 
Natural de ItaparicaMaria Felipa foi uma mulher de muita coragem, de beleza por porte físico exuberante, habilidade de capoeirista e trabalhadora marisqueira, muito querida da pela população da Ilha de Itaparica, onde participou das lutas pela Independência na Bahia.
 
Maria Felipa comandou cerca de 40 mulheres num ato de ousadia e muito desembaraço, onde queimaram 42 barcos da esquadra portuguesa, permitindo ao povo de Salvador a supremacia nos embates e a definição da situação, com a vitória sobre as tropas da dominação Portuguesa.
 
Em sua biografia destaca-se também a lendária história de quando Maria Felipa usou galhos de Cansanção para dar uma surra nos vigias portugueses Araújo Mendes e Guimarães das Uvas.
 
"Maria Felipa foi uma guerreira negra que junto com cerca de 40 mulheres seduziram os portugueses e quando eles estavam completamente envolvidos, e sem roupa, deram-lhes uma surra de Cansanção" - conta Hilda Virgens, da Casa de Maria Felipa.
 
Maira Felipa, ainda que pouco conhecida, é estudada hoje em Faculdades e Universidades. Esta mulher negra que lutou pela independência da Bahia ainda não foi devidamente reconhecida na História da Independência da Bahia.
 
Atualmente, Maria Filipa é considerada matriarca da Independência de Itaparica, devido a seu ato de bravura contra os portugueses nas praias da Ilha. Seus feitos heróicos foram mencionados, inicialmente, nos estudos do historiador Ubaldo Osório Pimentel. Em 2007, a heroína entrou no circuito oficial das comemorações do 2 de Julho, como uma das grandes homenageadas pelaIndependência Baiana.
 
Resgate
 
Segundo pesquisa de Eny FariasUbaldo Osório relata que em janeiro de 1905 o Conselho Municipal da Ilha de Itaparica recebe um abaixo assinado, solicitando que determinada rua passe a ter o nome de Maria Felipa.
 
Uma das ruas de Itaparica tem o nome de Maria Felipa, porém isto só ocorreu em 2007, ou seja, em mais de um século. O silêncio que faz calar o nome de Maria Felipa faz lembrar a autora Neusa Souza, que escreveu a obra Tornar-se Negro, na qual afirma que "saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências, compelida a expectativas alienadas". Os diálogos na Ilha apontam o fato de Maria Felipa ter sido negra como motivo para seu esquecimento nos livros didáticos e nas comemorações. Contudo, lembramos mais uma vez Neusa Souza quando comenta que a experiência de ser negra é de igual modo "comprometer-se a resgatar sua história e recriar-se em suas potencialidades".
 
A heroína excluída das festividades no dia em que se comemora a independência da Bahia é historiada por Ubaldo Osório, que, inclusive, presta homenagem a Maria Felipa ao colocar o seu nome na primeira filha. Outro autor que comenta sobre ela é Xavier Marques em seu livro Sargento Pedro, premiado pela Academia Brasileira de Letras em 1920.
 
Jurandir Pires Pereira cita seu nome, considerando-a como heroína, e, em 1985,João Ubaldo Ribeiro trata de Maria Felipa como Maria da Fé, atribuindo-lhe diversas atitudes políticas no seu famoso livro Viva o Povo Brasileiro, e conclui: "As Faculdades Integradas Olga Mettig se orgulham em ter retomado as pesquisas sobre a heroína e de ter somado novas revelações com a Irmandade do Rosário do Pelourinho, na criação da Casa Maria Felipa, quando coordenou o Curuzu: Corredor Cultural da Liberdade, quando divulgou em jornais de Salvador os feitos desta mulher negra e apresentou trabalhos em dois eventos: I Congresso de Pesquisadores Negros da Bahia e no Seminário A Abolição Inacabada". É preciso divulgar mais os valores da nossa terra.
 
Excluída dos livros didáticos e esquecida pela maioria dos historiadores, a guerreira Maria Felipa é, agora, finalmente enaltecida no livro Maria Felipa de Oliveira – Heroína da Independência da Bahia, de Eny Kleyde Vasconcelos Farias, educadora.
 
Sobre a Foto Publicada
 
Retrato de Maria Felipa. Desenho da artista plástica Filomena Orge, com base em relatos históricos, pesquisa e fotos de descendentes vivos da heroína negra. A imagem foi feita em 2005 e não retrata com 100% de certeza o rosto de Felipa, mas faz uma projeção de como ela seria.