Napoleão Bonaparte.
Imperial Coat of Arms of France (1804-1815).svg
Imperador dos Franceses, 
Rei de Itália, 
Protetor da Confederação do Reno, 
Co-príncipe de Andorra

Napoleon in His Study.jpg
O Imperador Napoleão em seus estudos em Tulherias, de Jacques-Louis David.
Governo
Reinado1- 20 de Março de 1804 a

6 de Abril de 1814
2- 1 de Março de 1815 a
22 de Junho de 1815
Consorte1- Josefina de Beauharnais
2- Maria Luísa de Áustria
Antecessor1- Luís XVII (como Rei de França)
2- Luís XVIII (como Rei de França)
Herdeiro Napoleão II

Sucessor1- Luís XVIII (como Rei de França)
2- Napoleão II

Casa Real Bonaparte
DinastiaBonaparte
Vida
Nascimento 15 de agosto de 1769

Ajaccio, Córsega
Reino de FrançaRoyal Standard of the King of France.svg
Morte 5 de maio de 1821 (51 anos)
Santa Helena Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha
Sepultamento Hôtel des Invalides, Paris,  França
Filhos Napoleão II
Pai Carlo Maria Bonaparte
Mãe Maria Letícia Ramolino
AssinaturaAssinatura de Napoleão I

Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 — Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). Sua reforma legal, o Código Napoleônico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleônicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
Napoleão nasceu em Córsega, filho de pais com ascendência da nobreza italiana e foi treinado como oficial de artilharia na França continental. Em 2011, um exame de DNA de costeletas de Napoleão que eram guardadas em relicário confirmou a origem caucasiana de Napoleão desmentindo uma possível ascendência árabe do imperador.

Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como primeiro cônsul.2Cinco anos depois, o senado francês o proclamou imperador. Na primeira década do século XIX, o império francês sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleônicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.
A Campanha da Rússia em 1812 marcou uma virada na sorte de Napoleão. Seu 
Grande Armée foi seriamente danificado na campanha e nunca se recuperou totalmente. Em 1813, a Sexta Coligação derrotou suas forças em Leipzig. No ano seguinte, a coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na ilha de Elba. Menos de um ano depois, ele fugiu de Elba e retornou ao poder, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida confinado pelos britânicos na ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsênio.

Carlo Maria Bonaparte, pai de Napoleão, foi nomeado representante da Córsega na corte de Luís XVI de França em 1777. A influência dominante na educação de Napoleão foi sua mãe, que criou com pulso firme o indisciplinado filho. Teve os irmãos JoséLucienElisaLouisPaulineCarolina e Jerônimo. Havia também outras duas crianças, um menino e uma menina, que nasceram antes de José, mas morreram ainda na infância. Napoleão foi batizado pouco antes de seu segundo aniversário, em 21 de julho de 1771, na Catedral de Ajaccio.

 
Carlo Maria Bonaparte, o pai de Napoleão, foi representante da Córsega na corte de Luís XVI de França.
 
Ao se formar, em setembro de 1785, Bonaparte se tornou segundo tenente do regimento de artilharia de La Fère, e serviu em Valence e Auxonne, até a eclosão da Revolução Francesa em 1789. Napoleão passou os primeiros anos da revolução em Córsega, atuando em uma complexa luta entre realistas, revolucionários e nacionalistas córsegos. Apoiou os jacobinos revolucionários, foi promovido a tenente-coronel e comandou um batalhão de voluntários. Então, em julho de 1792 conseguiu convencer as autoridades de Paris a promovê-lo a capitão. Voltou para a Córsega e entrou em conflito com o líder local Pasquale Paoli, que sabotou uma investida francesa na ilha italiana de La Maddalena, onde Bonaparte era um dos líderes da expedição, e por causa disso Bonaparte e sua família tiveram de fugir para a França continental em junho de 1793.
Em julho de 1792, Napoleão publicou um panfleto pró-republicano, 
Le Souper de Beaucaire, o que fez com que ele ganhasse a admiração e o apoio de Augustin Robespierre, irmão mais novo do líder revolucionário Maximilien Robespierre.
 
Após a queda dos irmãos Robespierre no 9 Termidor, em julho de 1794, Bonaparte foi colocado sob prisão domiciliar em Nice por sua associação com eles. Foi libertado após duas semanas e devido a sua habilidade técnica foi convidado a elaborar planos para atacar as posições italianas na guerra da França com a Áustria. Ele também participou de uma expedição para retomar a Córsega dos britânicos, mas os franceses foram expulsos pela marinha britânica.
Bonaparte ficou noivo de Desidéria Clary, irmã de Júlia Clary, esposa de José, o irmão mais velho de Napoleão; os Clarys eram uma família de comerciantes ricos de Marselha. Em abril de 1795, ele foi designado para o exército do Oeste, que estava envolvido na Guerra da Vendeia. Para ocupar o comando de artilharia, ele seria rebaixado do cargo de general de artilharia - cargo em que o contingente estava lotado - e declarou saúde precária para evitar o destacamento. Ele foi movido para o Departamento de Topografia do Comitê de Salvação Pública e tentou, sem sucesso, ser transferido para Constantinopla, a fim de oferecer seus serviços ao Sultão.
26 Durante este período, ele escreveu uma novela romântica, Clisson et Eugénie, sobre um soldado e sua amante, em um claro paralelo à própria relação de Bonaparte com Desidéria. Em 15 de setembro, Bonaparte foi removido da lista de generais em serviço regular por sua recusa em servir na campanha de Vendeia. Ele enfrentou então uma difícil situação financeira e a redução nas perspectivas de carreira.
Bonaparte na Ponte de Arcole,Antoine-Jean Gros, (ca. 1801), Museu do Louvre
 
Dois dias depois do casamento, Bonaparte deixou Paris para assumir o comando do exército francês na península Itálica e o liderou em uma invasão bem-sucedida. Na Batalha de Lodi, derrotou as forças austríacas e os expulsou de Lombardia.Foi derrotado em Caldiero por forças de reforço austríacas, lideradas por Joseph Alvinczy, e recuperou a iniciativa na crucial Batalha da ponte de Arcole e pôde subjugar os Estados Pontifícios. Bonaparte se posicionou contra a vontade dos ateus do diretório de marchar para Roma e destronar o papa, argumentando que isso iria criar um vazio de poder, que seria explorado pelo Reino de Nápoles. Em vez disso, em março de 1797, Bonaparte levou seu exército para a Áustria, forçando o país a negociar a paz. O Tratado de Leoben deu à França o controle da maior parte do norte da Itália e os Países Baixos, e uma cláusula secreta prometeu a República de Veneza para a Áustria. Bonaparte marchou para Veneza e forçou a sua rendição, pondo fim em 1100 anos de independência; ele também autorizou os franceses a saquearem tesouros como os Cavalos de São Marcos.
Sua aplicação de ideias convencionais militares para situações do mundo real possibilitaram seus triunfos militares, assim como o uso criativo da artilharia como uma força móvel para apoiar a sua infantaria. Ele se refere à sua tática assim: "Eu lutei sessenta batalhas e não aprendi nada que não sabia no começo. Olhe para Júlio César; ele lutou a primeira como a última." Nesta campanha italiana, o exército de Napoleão capturou 150.000 prisioneiros, 540 canhões e 170 bandeiras.O exército francês lutou em 67 ações e venceu 18 batalhas através da tecnologia superior de artilharia e táticas de Bonaparte.Durante a campanha, Bonaparte tornou-se cada vez mais influente na política francesa; ele fundou dois jornais, ambos para as tropas do seu exército e também para circulação na França. Os realistas atacaram Bonaparte por saques na península Itálica e alertaram que ele poderia se tornar um ditador. Bonaparte enviou o general Pierre Augereau para Paris para liderar um golpe de Estado em 4 de setembro, o chamado 
Coup d'État du 18 fructidor. Isto levou Barras e seus aliados republicanos novamente ao poder, mas dependentes de Bonaparte, que dava continuidade às negociações de paz com a Áustria. Estas negociações resultaram no Tratado de Campoformio, e Napoleão retornou a Paris em dezembro como um herói. Ele se encontrou com Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, novo ministro do exterior francês (que mais tarde serviria no mesmo cargo ao imperador Napoleão) e começaram a preparar uma invasão da Inglaterra. Império
 
O primeiro-cônsul Napoleão cruzando os Alpes no passo de Grande São Bernardo, por Jacques-Louis David, 1800, no Kunsthistorisches Museum.
 
Napoleão I em regalia, por François Gérard, 1805, no Palácio de Versalhes
Ver artigo principal: Primeiro Império Francês
A opinião pública foi mobilizada pelos apoiadores de Napoleão, que levou à aprovação para a implantação definitiva do governo do Império. Em plebiscito realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleônica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.
Realizou-se uma festa em 2 de dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimônia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.
Concederam-se títulos nobiliárquicos aos familiares de Napoleão, por ele mesmo. Além disso, colocou-os em altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Para celebrar os triunfos de seu governo, Napoleão I construiu monumentos grandiosos, como o Arco do Triunfo que, como outras grandes obras da época, por sua grandiosidade e por criar empregos, melhorava a imagem de Napoleão ante o povo.
O Império Francês atingiu sua extensão máxima neste período, em torno de 1812, com quase toda a Europa Ocidental e grande parte da Oriental ocupadas, possuindo 150 departamentos, com 50 milhões de habitantes, quase um terço da população européia da época.Pensando que a expansão e crescimento econômico-militar da França era uma ameaça à Inglaterra, os diplomatas ingleses formaram coligações internacionais para se opor ao novo governo francês e a seu expansionismo. Também acreditavam que o governo francês poderia influir em países que estavam sob doutrina absolutista e assim causar uma rebelião. A primeira coligação formada para deter os franceses era formada pela Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia. Em outubro de 1805, os franceses usaram a marinha para atacar a Inglaterra, mas não obtiveram êxito, derrotados pela marinha inglesa, comandada pelo almirante Nelson, batalha que ficou conhecida como Batalha de Trafalgar, firmando-se o poderio naval britânico.
Ao contrário do malogro com os ingleses, os franceses venceram seus outros inimigos da coligação, como a Áustria, em 1805, na Batalha de Austerlitz, além da Prússia em 1806 e Rússia em 1807.
Em 1812, a aliança franco-russa é quebrada pelo tzar Alexandre I da Rússia, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia, à frente de mais de 600.000 soldados oriundos dos mais diferentes recantos da Europa . Sem saída, a Rússia usa uma tática de guerra chamada terra queimada, que consistia em destruir cidades inteiras para criar um campo de batalha favorável aos defensores. Aliada com o inverno rigoroso, a Rússia consegue vencer o exército napoleônico que sai com apenas 120.000 homens (o restante ou morreu ou se dispersou pelo continente)
Tratado de Fontainebleau, de 1814, exila Napoleão na Ilha de Elba, mas lhe dá o direito a uma pensão de 2000 francos e o de poder levar uma escolta com 400 militares; além disso, o seu título de imperador é mantido. Quando chega na ilha, em 4 de maio de 1814, ele acaba por passar dificuldades lá, pois a sua pensão não é paga. Separado da esposa e do filho e sabendo de rumores de que ele iria ser banido para uma ilha remota no meio do oceano Atlântico, Napoleão escapa de Elba em 26 de fevereiro de 1815. Ele aportou em [Golfe-Juan], na França, dois dias depois. O 5º Regimento foi enviado para interceptá-lo. Napoleão encarou toda a tropa sozinho, desmontou de seu cavalo e, quando encontrou-se sob a linha de fogo, gritou, "Aqui estou eu! Matem seu imperador, se assim o quiserem!" Os soldados responderam com "Vive L'Empereur! (Viva o Imperador!)" e marcharam com Napoleão até Paris, de onde Luís XVIII fugiu. Assim, Napoleão reconquista o poder.
Napoleão abdicando em Fontainebleau, por Paul Delaroche, 1855, Museu de Finas ArtesLeipzig

Até hoje, não há certeza da causa da morte de Napoleão. Na década de 1960, pesquisadores investigaram sua casa na ilha de Santa Helena e encontraram restos de arsênio (veneno letal) em suas roupas, cabelo, nos móveis, pratos e talheres. Então, concluiu-se que ele fora envenenado aos poucos, até sua morte.[carece de fontes]
Porém, hoje em dia, já se sabe que Napoleão tinha câncer no estômago e, provavelmente, foi tratado com um remédio da época que, possuía, em sua constituição, arsênio e solventes. Como tomou esse remédio por um período grande e constantemente, acredita-se que o arsênio acumulou-se em seu organismo. Ele está sepultado no Hôtel des Invalides em Paris.
 
Retrato da imperatriz Josefina, por François Gérard, no Museu ermitage