O Preferido
 
Eu queria conhecer um alguém especial e viver, com este alguém, uma linda história de amor. 
    Aconteceu de eu conhecer, e antes mesmo de ter certeza de que seria ele  a pessoa que eu desejava encontrar, engravidei do meu primeiro filho. 
    Apesar de ter sido surpreendida por um  turbilhão   de emoções que me deixaram feliz, ao mesmo tempo me senti  confusa.  Todavia,  me agradava a ideia de ser mãe.
     Passaram-se os meses de espera e nasceu um belo e saudável menino, depois de uma gravidez bem complicada. 
     Ah! Como eu me sentia encantada com aquele menino em minha vida. 
     Os dias se modificaram no meu olhar e eu passei a ver encantamento até mesmo nas coisas onde não havia encanto algum, tanta era a minha felicidade e alegria em viver para cuidar do meu bebê. 
    Ele foi crescendo e eu continuava sem a certeza de que o pai do meu filho era o homem com quem eu gostaria de viver por toda uma vida.       Eu sentia que gostava dele, mas havia algo que eu não conseguia identificar, algo que me deixava intrigada e confusa.
     Eu sempre fui uma pessoa que gostava de fazer tudo certo, por isso eu não bebia, não fumava, e nem fazia uso de outros tipos de  drogas, no entanto, o meu marido cultivava todo esses hábitos ruins. Hábitos dos quais me faziam sentir ofendida, como se eu não tivesse sabido escolher a pessoa certa para conviver, para sonhar a vida juntos.  
     Mesmo não tendo tempo, na época, para ter descoberto sobre esses detalhes de sua personalidade, eu me sentia como se tivesse me precipitado em começar uma vida em comum.
      Entretanto, aquela magia inicial de uma relação que parece entorpecer quem a vive, fez com que eu não atribuísse alguma importância para os detalhes que me incomodavam.
     Enfim, os dias iam passando e crescia em mim o desejo de ter mais um filho.
     A ideia de me separar do meu marido foi enfraquecendo  porque eu desejava ter dois filhos, e que  estes fossem filhos do mesmo pai.
     O meu marido não queria ter um outro filho, pois achava que deveríamos primeiro enriquecer. Contrariada, eu fiquei esperando que isso acontecesse e os anos continuavam passando. 
    O meu filho mais velho estava com cinco anos e eu continuava esperando que o meu marido se sentisse rico para que eu pudesse ter o meu segundo filho, só que eu já estava cansada de esperar e decidi então que teria meu segundo filho mesmo sem o seu consentimento. E assim aconteceu: eu passei a viver em função da minha segunda gravidez, o que não demorou muito a acontecer.
    Eu costumo dizer para o meu caçula: "Meu filho, você veio ao mundo porque eu te desejei, eu te sonhei, eu te imaginei e eu te quis. Você é a confirmação do meu querer, realizado".  Ele fica muito feliz ao ouvir isso, e gosta de repetir: "Mom, você me quis, por isto eu sou o teu preferido, não é mesmo?" Eu respondo para ele que não, que ele não é o meu preferido, que eu tenho dois filhos preferidos. 
    Outro dia ele me perguntou: "Mom, responda sem pensar, por favor. Se você tivesse que salvar um de nós dois quem você escolheria?" - Eu respondi: "Claro que eu não preciso pensar, meu bem, porque morreríamos os três. Pois eu não poderia escolher um, entre vocês dois, e continuar vivendo, então eu me colocaria na mesma situação em que vocês dois se encontrassem, e morreríamos juntinhos os três. Desse modo, ficaríamos felizes  para sempre."
    Ele sorriu e me disse: "Eu ainda acho que eu sou o teu preferido". Eu falei para ele: "Meu bem, eu devo estar fazendo alguma coisa de bem certa, porque o teu irmão pensa, igualmente, que ele é o meu preferido".
Depois de me ouvir, rimos os dois.
    Eu amo os meus filhos com o *amor mais bonito que existe em mim. Eu sou capaz de tudo por eles. 
 
 
 
*Existe amor feio? 
Pelo que sei existe todo tipo de amor. E amor egoísta, não é um amor que se pode dizer que haja beleza nele, não é mesmo? Uma mãe que tem preferência por um dos seus filhos é, com certeza, uma mãe que ama de uma maneira egoísta. 
 




 
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 23/02/2015
Reeditado em 25/07/2015
Código do texto: T5147664
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