MINHA MÃE

Sinto-me uma criança quando vou visitá-la. Uma criança desamparada, sozinha, que precisa de seus conselhos, do seu incentivo, do diálogo, de suas sonoras gargalhadas.

Onde você está, mãe?

Sinto que seu olhar me vê, mas não me enxerga. Olhar vazio, distante, perdido...

Sei que sorri timidamente para mim em resposta ao meu sorriso, quase mecânico. Penso que quer me agradar. Será que me iludo?

Seguro suas mãos magras, que já me seguraram...

Faço carinho nos seus cabelos, mas você dorme...

Pergunto em que está pensando, a resposta não vem...

Por onde passeia, mãe?

Por onde viaja, mãe?

Você está no passado? Lembra da sua infância? Vaga pela vida? Lembra de mim?

Quem é você que roubou a minha mãe?

Quem é você que lançou essa fumaça de esquecimento e paralisia sobre aquela minha mãe?

Sua falta dói tanto...

Papai sempre ao meu lado dando força, tentando alegrar todos os momentos, brincando um pouco, porque ele sabe como me sinto ao vê-la...mas ele também precisa tanto de ajuda...

Você está aí, mãe?

Se eu disser que é o Dia das Mães, entenderá? Pelo menos por um segundo que seja, mesmo que esqueça do que eu disse e se admire novamente quando eu repetir?

Já não importa se lembra bem de mim, se sabe que dia está vivendo, se sorri ou se dorme, o que importa é que meu coração fragilizado sabe quem é você. O momento mais difícil e delicado é quando passo a mão nos seus cabelos e meu coração sangra. Deixo minhas mãos escorregarem pelo seu rosto, seus braços, suas mãos, e aperto, querendo sentir sua vida em mim.

Nunca mais, mãe, nunca mais será a mesma pessoa cheia de vida, agitada, alegre, que brigava por tudo e por nada, mas sempre lutando. Nunca mais...

Só sei que você é a minha mãe, aquela que venceu muitas batalhas e agora vai se rendendo.

Mas aí dentro, mas aqui dentro, é a minha mãe, de quem tanto me orgulho.

Sou um pedaço seu e você está em mim.

Apesar de não entender mais a intensidade dessas palavras, parabéns pelo Dia das Mães!

Para sempre, como sempre foi, minha mãe...