Lembranças de Outubro

Ainda me lembro de tudo, embora o objetivo sempre fosse esquecer, as lembranças ainda existem, uivam em meus ouvidos como lobos famintos. Eu devoro cada resquício do que em outrora fui, pois, o fardo da lembrança é ainda mais pesado de carregar do que as marcas das ações. Houveram dias em que eu pensei ser forte, forte como o tronco de uma árvore. Já em outros, me sentia fraca como uma folha seca jogada ao chão, sem valia, sem cor, sem nada... Desde então, nunca mais me descrevi, nunca mais ousei o autojulgamento, é inadmissível julgar uma vida toda com apenas uma palavra. Me contento em apenas sentir. E sinto falta, muita falta, de algumas coisas, de algumas partes minhas em que eu considerava boas e já não as tenho mais. Posso ainda ser uma árvore como pensei ser um dia, mas não tão forte, mas não tão fraca... Só sem frutos. Galhos carregados de lembrança.

Quézia Meira
Enviado por Quézia Meira em 01/08/2015
Reeditado em 17/01/2016
Código do texto: T5331375
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