A HISTÓRIA DOS NOSSOS PAIS

Um dia, um casal muito apaixonado, resolve casar.

Pobres, mas com muito amor no coração, decidiram enfrentar os percalços de uma vida a dois.

Sem muito recursos, viveram de aluguel a primeira década juntos. Os filhos começaram a nascer. A cada ano havia um bruguelo para alegrar a casa.

As dificuldades foram aumentando, porém crescia também o amor que sentiam um pelo outro.

Crescia, pois tinham a certeza de que a felicidade fora encontrada e que tudo, um dia, iria melhorar. Tinham essa fé no coração.

Ele: jornalista, ela: professora, porém teve que abandonar seus alunos, para criar os rebentos que não paravam de chegar.

Os anos foram passando. O desemprego bateu à porta por duas vezes. Doenças e mais dificuldades.

Como ele era execrado pela família dela, devido à sua condição de arrimo de família, engolia sua revolta e tentava mostrar que era um bom homem e que um dia iria ser reconhecido como o melhor marido do mundo.

Eles, com o aumento das dificuldades, amavam-se cada vez mais. Chegaram a ter apenas jerimum para dar aos filhos, doado por vizinhos, mas não perdiam a dignidade.

Ele, muito trabalhador, saía às 4h30 da manhã, deixando o cheiro gostoso de café por toda a casa, posto que o fazia antes de ir embora para a labuta.

Possuía 4 empregos para poder sustentar a prole que crescia como cria de coelho.

Ela, mulher forte, criou as crianças sozinha e não incomodava seu marido no trabalho. Resolvia todos os problemas, até os ditos resolvidos só por homens, sem ao menos se lamuriar por isso, fazendo piadas das adversidades.

Quando ele chegava, tarde da noite, restava-lhe apenas contar o ocorrido do dia: tudo já resolvido.

Essa guerreira fazia questão de manter sua casa sempre limpinha. Seu varal era admirado por vizinhos, pois aquelas poucas roupas branquinhas, eram expostas organizadamente no varal.

O chão, de cimento vermelho, era lustrado com cera, da mais barata, usando os filhos como “enceradeira”. Tudo ficava sempre com um brilho admirável. Dizia ela que, a pobreza não era sinônimo de sujeira.

No final da tarde, ou quando saíam, ela dava banho nas crianças, lustrava os sapatos e colocava a única roupa nova que tinham. Todos limpos e impecáveis.

Um dia, por muita sorte, ele conseguiu comprar uma casa de vila.

Mudaram-se e tiveram seu último rebento, o nono filho, uma menina linda, de olhos verdes, cabelos louros cacheados, essa que narra o texto,rs...

Fechou-se, assim, o ciclo daquela descendência.

Aos poucos, com muito zelo, eles foram transformando aquele humilde imóvel em um lar limpo e maravilhoso. Todos notavam a diferença e comentavam.

Benfeitorias foram feitas, na medida do possível financeiro, dando ânimo também aos vizinhos a reformarem suas casas.

Com o passar dos anos, aquela simples casinha, tomou outra forma. E as outras também. A rua fora asfaltada, pois ele, como assessor de imprensa de um vereador, conseguiu fazer com quer a urbanizassem.

Aquela vila nunca mais seria a mesma, porque, aquele casal deu outra vida ao lugar. Deu vida com amor que tinham um pelo outro, chegando até a causar admiração, posto que passaram por diversas adversidades e nunca se desrespeitaram.

Hoje estão com 62 anos de casados. Os filhos todos encaminhados. Não adquiriram bens materiais, apenas um apartamento. Porém, o bem maior que passaram, foi o amor, respeito, caráter, acima de tudo, dignidade e a certeza de que é possível dar amor, mesmo quando não se há bens materiais.

Essa é a história da nossa família. Temos divergências como outras, mas, calcados nos ensinamentos dos nossos pais, acreditamos que o amor é possível.

Hoje, apenas um está casado. E, fazendo uma análise, chegamos à conclusão de que nosso referencial é alto.

Admiramos muito nossos pais pelas dificuldades que passaram e o orgulho que nos transmitem, de nunca terem esmorecido diante de tudo isso.

Eles se chamam CLETO BELTRAO e IVANISE MACEDO CAVALCANTI... Nossos pais, nosso orgulho maior.

SYLVIA MACÊDO
Enviado por SYLVIA MACÊDO em 28/08/2015
Reeditado em 28/09/2015
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