Romance, história sem cores, capitulo um.

ROMANCE.

Historia sem cores.

Capitulo um.

Nasceu um menino.

Mineiro subiu lentamente as escadas do apartamento Brasília, mãos firmes no corrimão de metal, olhar cabisbaixo e semblante carregado; aquele foi um dia cansativo, na parede que dava de frente para escadaria o relógio marcava nove horas, mineiro continuou a subir as escadas com as mãos ainda grudadas no corrimão, elevador nem pensar, mineiro tinha pavor de lugares fechados, preferia enfrentar o suplicio das escadas, seis lances até chegar aos terceiro andar.

O corredor longo e bem iluminado, todo enfeitado com bonitas telas, pinturas a óleo, obras de um artista estrangeiro; enquanto mineiro caminhava pelo longo corredor observando com atenção as telas, absorvendo a beleza de cada uma delas, reproduções de paisagens que lembravam a sua terra natal, mineiro parou por um instante, um fio de lágrima desceu de seus olhos, depois de certo instante de um quase transe hipnótico, ele se assustou com uma voz meiga e simpática, era de uma senhora que parou ao seu lado sem que ele percebesse.

__ Bonita tela, não é mesmo, parece até uma fotografia, veja as cores como são intensas, o jogo de sombras, quem fez é muito bom.__ disse a senhora que era amparada por uma bonita bengala.

__Verdade, gostei muito dessas pinturas, me fez lembrar a minha terra, Minas gerais, lá tem muitas paisagens assim.__ respondeu mineiro, o semblante ainda pesado não esboçou sorrisos.

__ Você parece triste filho, desculpe perguntar, mas o que foi que aconteceu?

Mineiro sorriu pela primeira vez naquele dia.

__ Não é tristeza não, e cansaço mesmo, vou me casar amanhã, esse mês foi uma correria danada, tanta coisa para resolver em tão pouco tempo, estou exausto.

__ Compreendo, é assim mesmo, mas depois tudo passa e volta a sua normalidade. Lembro-me de quando me casei; se o meu esposo estivesse vivo, completaríamos cinquenta anos de casados no mês que vem quantas saudades do meu velho. Mas eu lhe desejo sorte viu moço, desculpe novamente, mas qual é o seu nome, nem nos apresentamos.

__ Meu nome é João Antônio, mas pode me chamar de mineiro, vou morar no 212, no final do corredor, a senhora mora aqui também?

__ Sim eu moro, meu nome é Ana, todos aqui no prédio me conhecem como dona Ana, que feliz coincidência, o meu apartamento é o 211, bem de frente do seu, que bom que vamos ser vizinhos, gostei de te conhecer moço, depois me apresenta a sua noiva, ai meu pai do céu, estou atrasada, tenho que ir agora meu filho, até mais.

__ Até mais dona Ana, foi muito bom saber que serei seu vizinho.

Enquanto a simpática senhora sequia em direção ao elevador, mineiro a observava, o jeito dela caminhar o fez lembrar de sua avó, naquele momento ele teve uma espécie de devaneio, mergulhando no baú de suas lembranças escondidas nas profundezas de seu pensamentos, nesta tela ele começou a vislumbrar momentos de seu passado, sendo transmitido come se fosse um filme.

LEMBRANÇAS.

“ Minas gerais, 1982, domingo cedo, Anita está no último mês de sua gravidez, seu Geraldo estava ansioso com a chegada do seu primeiro filho, ele ainda não sabia se era menino ou menina, fato esse que o deixou muito ansioso.

A velha casa na fazenda da Lindoya, cercada de bambu, a pintura fosca toda descascada, típico de casas antigas, algumas trincas e uma cruz enfeitada na frente, dentro da casa o movimento era grande, a vizinhança estava toda lá, dona Mercedes, dona Maria Benedita, dona Carminda.

__ Gente do céu, vai lá chamar seu Zé Antão, pedi para ele buscar o fusca do doutor João, vai logo, se não essa criança nasce aqui mesmo.__ disse dona Mercedes aos berros.

__Calma gente__ disse dona Maria Benedita__ seu Zé Antão já tá vindo, e seu Geraldo também, eles não demoram.

Alguns minutos depois seu José Antão chega com o fusca, de branco o carro estava amarelo, de tanta poeira, estacionou em frente à casa da dona Anita, amparada pelo esposo e a amiga ela entra com muita dificuldade no velho fusca. O carro sai a toda velocidade rumo ao hospital que ficava na cidade de Rio casca, a poucos quilômetros dali.

__ Será que dá para o senhor ir mais devagar seu Zé Antão, tem uma gravida aqui.__ reclamou dona Maria Benedita.

__ Já estamos chegando, vocês se acalmem.__ respondeu seu José Antão.

__ Não de ouvidos não homem, pé na tabua.__ disse seu Geraldo.

Não demorou e o velho fusca empoeirado chegará à cidade de Rio casca, estacionou em frente ao hospital Nossa senhora das dores, correram com a gravida para dentro, euforia e falatório, médico e enfermeiros apostos, na recepção ficou seu Geraldo e o motorista, algumas horas depois dona Maria Benedita retorna com um sorriso largo no rosto.

__ É um menino seu Geraldo, é um lindo menino, vem logo ver seu filho.

“Seu Geraldo seguiu dona Maria Benedita até o quarto onde estava sua esposa e o menino.”

O barulho das crianças correndo pelo corredor fez com que mineiro acordasse de seu devaneio, a história do seu nascimento havia sido contada muitas vezes por sua mãe, mas mineiro nunca deu muita atenção para ela; ele não entendeu o que causou aquelas lembranças, e tão pouco sabia explicar o seu devaneio, muito assustado com o que acabara de acontecer ele foi direto para o seu apartamento, a passos largos, abriu rapidamente a porta e foi direto para a cama, que por sinal era o único móvel montado na nova casa, tudo estava ainda desarrumado. Mineiro adormeceu.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 08/10/2015
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