História sem cores capítulo sete.

No Palio prata estavam os pais de mineiro e dois de seus primos, o primo mais velho dirigia o carro, seu Geraldo e a esposa Anita estavam no banco de traz, na frente ficou Júlio, que era o primo mais novo, eles ainda não haviam parado para descansar, eram quase sete horas da noite quando eles saíram do estado de Minas, a velocidade média era de cem quilômetros por hora, Marcos, o primo de mineiro que conduzia o carro, nunca tinha viajado uma distância tão longa, embora ele já dirigisse a um bom tempo, nunca havia encarado uma grande rodovia, os olhos estavam pesados tamanho o cansaço, os pais de mineiro dormiram, enquanto Júlio distraidamente brincava no celular; em uma das curvas Marcos dormiu no volante, ninguém percebeu, bem nesse momento, uma carreta carregada de soja vinha desgovernada na pista oposta, não teve tempo de nada, com o impacto a carreta tombou, do outro lado da rodovia um amontoado de ferro retorcido misturado com soja; era o que havia sobrado do palio, no caminhão o motorista estava em pânico, o para brisa ficou estilhaçado, os estilhaços fez um corte profundo na testa do motorista cobrindo o seu rosto de sangue, do retrovisor do caminhão era possível ver o carro todo retorcido e uma enorme mancha vermelha no asfalto, o motorista sabia que todos naquele carro tinham morrido, não tinha mais o que fazer.

NO HOSPITAL.

Enquanto isso no hospital mineiro teve outro surto de lembranças, imagens confusas na tela da mente, ele lutava para entender o que era aquilo, mas com a memória ainda falha, ele não compreendia que aquelas imagens todas eram acontecimentos do seu passado, que por algum motivo o inconsciente resolveu trazer a tona velhas recordações.

LEMBRANÇAS.

Minas Gerais, era natal, a casa onde ele morava estava toda enfeitada, era a primeira vez que o seu pai havia comprado enfeites para o natal, bolinhas coloridas, pisca pisca, e um monte de outras pequenas coisas que foram colocadas no Pinheiro improvisado, a avó de mineiro havia preparado o presépio, era um costume da família, os olhos inocentes de mineiro estavam encantados com tudo aquilo, era o primeiro natal com direito a árvore e tudo. Mineiro nunca havia ganhado presentes de Natal, mas alguma coisa dizia em seu coração que dessa vez seria diferente, de repente, um fusca branco parou em frente a sua casa, era o seu tio a sua tia, o primo e uma prima, aquele natal seria diferente.

Helena estava em choque, ela acabava de receber noticias de seu tio, a tragédia havia se confirmado pelo seu tio, o acidente havia sido muito violento, todos que estavam no carro morreram na hora, o velório seria na cidade de Rio Casca, onde morava os pais de mineiro, a família toda estava em choque, Helena teve que tomar calmantes, o único parente deles que morava em São Paulo era o irmão mais velho de sua mãe, que sairia para Minas na madrugada do dia seguinte Helena iria com eles, mineiro ainda não havia recuperado a memória, Berenice ficaria com ele no hospital, preocupada com o desespero da cunhada ela tentava acalma - lá.

__ Tente se acalmar Helena, por favor, tente se acalmar, estou preocupada com você __ Disse Berenice para Helena enquanto conversavam na recepção do hospital. __ O que vamos fazer agora, meu irmão está aqui sem memória, meus pais faleceram, porque isso Berenice? Porque? __ Dizia Helena chorando.

__ Helena por favor, como você vai viajar assim, se acalme?

__ Cuida do meu irmão, por favor, cuida dele para mim, sairemos amanhã de madrugada, cuida dele Berenice, não sei quando retornarei.

__ Tudo bem Helena, qualquer progresso no caso dele eu te aviso.

Helena e a cunhada foram até o quarto onde mineiro estava, ela enxugou as lágrimas dos olhos, disfarçou a tristeza, entrou no quarto onde o irmão estava, mesmo ele não recordando da irmã ela conversou um pouco com ele despediu - se e saiu, o coração dela estava dilacerado e a alma tomada de angústia, ela iria direto para a casa do tio.

Berenice ficou no quarto com o noivo, fazendo companhia nos poucos minutos que restavam da visita, ele ficou olhando para ela tentando buscar naquele olhar algo de familiar, enquanto ela segurava sua mão, não houve palavras entre eles, apenas uma troca de olhares e um fio de lágrima desavisado despontou dos belos olhos da noiva, ela tentou esconder, mas o noivo atento percebeu que algo havia acontecido.

__ Porque você está chorando? O que aconteceu?

__ Não foi nada, não se preocupe, tente descansar__ Disse ela.

__ Quem é aquela moça que acabou de sair daqui, ela parecia preocupada, está tudo bem?

__ Está sim João, não se preocupe, aquela moça é sua irmã, sei que você não se lembra, mas não se preocupe, eu tenho fé que você vai recobrar a memória.

__ Obrigado por acreditar em mim, disseram que somos noivos, e que iríamos nos casar, é verdade Berenice.

__ É sim João, nosso casamento seria amanhã, mas não se preocupe com isso meu amor, vou trazer algumas fotografias nossas, para te ajudar a lembrar.

__ Mais uma vez obrigado Berenice, perdoe-me por não me lembrar, tá tudo tão confuso para mim, com todas essas pessoas me dizendo quem eu era, como se quisessem me fazer lembrar a força, mas eu não me lembro, tenho apenas alguns vislumbres na minha mente, um amontoado de imagens, acho que é coisas relacionadas ao meu passado, mas está tudo muito confuso ainda, eu fico feliz por saber que você está comigo, cuidando de mim, mesmo sabendo da minha situação, mais uma vez muito obrigado.

Quando mineiro terminou de falar Berenice estava chorando, o tempo da visita havia terminado, Berenice despediu - se do noivo e saiu chorando do hospital, uma mistura de tristeza esperança é desespero por tudo que tinha acontecido, e por tudo o que ainda havia de acontecer.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 19/12/2015
Código do texto: T5485319
Classificação de conteúdo: seguro