História sem cores capítulo Doze.

Fazia dias que mineiro não tomava um banho adequado, um pouco mais demorado, no hospital era apenas um chuveiro por quarto, e geralmente havia pelo menos duas pessoas em cada quarto.

Mineiro fechou os olhos levantou a cabeça enquanto a água quente caia sobre o seu corpo, no banheiro Carlos havia deixado uma cadeira de plástico para auxiliar na hora do banho e no momento de se trocar, o banheiro era espaçoso, cheio de detalhes, o boxe era todo em vidro fume, com alguns detalhes desenhados; aquele era apenas um dos três banheiros da casa, cada mais bonito que o outro.Carlos muito prestativo, tinha oferecido ajuda a mineiro para tomar banho, Mas mineiro muito tímido recusou a ajuda de Carlos, enquanto ele se esfregava, lembranças da sua infância vieram a mente, recordações de sua mãe.

LEMBRANÇAS.

"Minas Gerais, fazenda da lindoya, Anita pede a mineiro que vá até a casa de sua amiga, que ficava a três casas da sua, Anita tinha comprado um frango caipira da amiga Estela, e pediu para que mineiro fosse busca-lo.

Sua mãe preparou um delicioso jantar naquele dia, frango com quiabo e polenta, era o prato predileto dele, na mesa do jantar estavam todos presentes, seu Geraldo fez a oração para abençoar os alimentos, era um costume que ele não abria mão de fazer.

Aquele havia sido um delicioso jantar. "

Mineiro havia terminado o banho, muito lentamente começou a se trocar, seus pensamentos começavam a processar tudo o que tinha acontecido desde o acidente, o casamento que estava marcado, o apartamento que estava sendo arrumado, seus familiares que estavam de viajem para o casamento, foi neste momento, neste exato momento, que ele lembrou - se da sua mãe, que ela estava vindo para o casamento; mineiro então se perguntou o motivo de não ter visto a sua mãe, e porque ela não estava no hospital no dia da sua alta, nem ela é nem ninguém da sua família, aquilo era muito estranho para ele e o inquietou muito. De repente uma voz vindo da cozinha, era sua noiva:

__ João, você já terminou; o jantar está servido, vem logo.

__ Já estou indo meu amor, já estou indo, espera só mais um pouquinho.

Responde mineiro enquanto terminava de se arrumar.

Na mesa do jantar estavam todos presentes, uma mesa grande de madeira, Cláudia havia caprichado no jantar, a mesa estava posta com talheres e louças, tudo muito bem organizado, mineiro muito tímido sentou-se em uma das pontas, Carlos sentou-se na outra, fazia dias que mineiro não se alimentava adequadamente, no hospital era sempre a mesma sopa rala e sem sal todos os dias.

Carlos como de costume iniciou a oração antes da refeição, mineiro não costumava a orar antes de comer.

__ Bom pessoal, vamos orar pelos alimentos__ Disse Carlos a mineiro __ Nos temos o costume de sempre orarmos pelos alimentos e agradecer a Deus por eles, tudo bem, hoje sou eu que vou orar. __ Tudo bem seu Carlos, confesso que é a primeira vez que eu faço uma oração antes de comer, mas é um belo costume, meu pai costuma orar antes de comer.

__ Que bom João, isso é muito bom,devemos agradecer a Deus por tudo.

Mineiro sorriu.

__ Então vamos orar que estou com fome__ Disse Carlos__ Meu Deus e meu pai, nos te agradecemos neste momento pelos alimentos em nossa mesa, abençoe estes alimentos senhor santifica-os em nome de Jesus, que nunca venha faltar em nossa mesa, abençoe também a fonte de renda que nos permite comprar estes alimentos, eu te agradeço meu senhor em nome de Jesus, Amem.

Ao final da oração mineiro estava com os olhos vermelhos, Carlos atento havia percebido o quão frágil estava aquele coração, todos sentaram-se e começaram a comer.

Cláudia tinha feito macarrão à bolonhesa, frango assado, e uma deliciosa salada, mineiro ficou impressionado com o talento que a tia da sua noiva tinha para organizar as coisas, o jantar correu muito bem, pouco se falou durante o jantar, apenas Carlos que falava a respeito do culto do domingo anterior com a esposa, aquele assunto de igreja, irmãos, pastores, vigília e tudo mais, era algo completamente novo para mineiro, ele nunca havia entrado em uma igreja evangélica antes, nem ao menos um amigo evangélicos ele tinha.

Terminado o jantar,Berenice e as primas foram lavar as louças enquanto a tia as guardava, mineiro lembrou - se do que Cláudia havia dito anteriormente, que era para ele ligar para a irmã depois do jantar, mineiro então levantou-se, ele já estava com as muletas que Carlos prometera.

__ Berenice meu amor, tenho que ligar para Helena Disse mineiro, um ar de apreensão tomou conta do semblante de todos.

__ Tudo bem meu amor __ Respondeu ela um pouco assustada__ Eu te acompanho.

Berenice parou de lavar a louça, Cláudia também, foram todoas com ele até a sala, Carlos já estava na sala esperando, no olhar de todos apreensão pelo o que poderia acontecer, aquele era o momento e a hora de falar a verdade. Mineiro desconfiado perguntou - lhes:

__ Perdoe-me pessoal, mas estou percebendo alguma coisa diferente no ar, o que foi, aconteceu alguma coisa que vocês não querem me falar, se aconteceu por favor me digam, não precisa esconder,foi algo que eu fiz.

O coração de mineiro estava a mil, ele sentou-se no sofá, percebeu que algo de muito grave havia acontecido.

__ Por favor pessoal, pode falar.

__ Então João__ Disse a noiva __ durante o tempo em que você ficou no hospital sem memória, aconteceu uma coisa muito ruim meu amor, não havíamos falado ainda por recomendação médica, mas agora é o momento, você vai ter que ser muito forte.

__ Não precisa ligar para Helena João, falei com ela ainda a pouco, ela esta na rodoviária, e está vindo para cá neste momento, vou busca-la na rodoviária de manhã.

__ É a minha mãe não é, pode dizer gente, por favor não escondam nada de mim, o que aconteceu.

Mineiro começou a chorar.

__ Foi com sua mãe sim, aconteceu algo João, muito ruim, na verdade com seus pais.

Disse Berenice com voz de choro, a noiva segurou nas mãos de mineiro contou-lhe toda a verdade, do acidente que mataram os seus pais e seus primos. Mineiro chorava feito criança, Chorou muito, começou a dizer que tudo era por sua culpa, que ele era o responsável por tudo aquilo, Berenice e Carlos, com muita paciência e muita conversa foram acalmando o rapaz, levaram ele para o quarto, Carlos com toda paciência e com muita conversa foi acalmando o rapaz, Cláudia lhe deu um calmante, não demorou muito e o rapaz acabou adormecendo.

A verdade tinha sido dita, de certa forma todos se sentiam aliviados, embora um pouco preocupados com a situação de mineiro, de como ele iria reagir nos próximos dias, eles estavam aliviados. Carlos havia ligou para o seu pastor, explicou-lhe toda a situação, o pastor logo se prontificou em ajudar o rapaz. Era quase onze da noite de uma fria

sexta feira.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 31/12/2015
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