SENSAÇÃO DE CLARICE

Porque você escreve ?

Vou lhe responder com outra pergunta:

Porque você bebe água?

Por que bebo água? Porque tenho sede.

Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.

Assim começa uma entrevista de Clarice Lispector , nos dia de

hoje unanimidade , sinônimo de escritora talentosa , famosa e

um tanto misteriosa , ela mesma dizia que nunca saberia explicar

de onde surgiram as palavras por ela usada .

Curiosamente quando ainda menina já escrevia historinhas, que

não eram publicadas , pois algo lhes parecia estranho pois não retratavam fatos ou enredos , mas as sensações , como suas

próprias palavras , era uma sentidora e não escritora .

O que me atraí muito ao que ela escreveu sempre foi a consciência que retratava em suas personagens, e em sua vida , o que me lembra as palavras do filósofo Nietzsche " Torna te quem tu és ", o que pede movimento , enfrentar se .

E para mim , ela estava sempre lutando , se enfrentando para

tornar se Clarice , escritora , mulher , mãe , o que nem sempre

a incomunicabilidade humana a deixava expressar como realmente sentia .

Seu primeiro romance publicado perto do coração selvagem , foi notavelmente um impacto,pois sua narrativa original e inovadora , atraiu a atenção da crítica , e sua inteligência ,técnica unidas à sensiblidade resultou na premiação da Fundação Graça Aranha .

Viveu muitos anos fora do Brasil por acompanhar seu marido que

era diplomata , porém os seus romances , contos e até cartas enviadas aos amigos , que mais tarde se tornariam obras

publicadas , continuaram , em 1959 separa se e volta ao Brasil ,

passa por momentos difíceis e sofre um terrível acidente , um

incêndio em sua casa quase a faz perder a mão direita quer por pouco não foi amputada , e apesar das cicatrizes profundas , consegue superar e continuou a expressar suas sensações em palavras escritas .

Em umas de suas últimas obras um sopro de vida (pulsações) ,

pouco antes de falecer de câncer , ela marca com outro tipo

de emoção e sensação , a angústia de estar próxima de sua

morte , mas consciente :

Se me perguntarem se existe vida além da morte ... respondo

num hesitante esquema: existe mas não é dado saber de que

forma essa alma viverá... Vida, vida recoberta em um véu de melancolia.

Morte: farol que me guia em rumo certo. Sinto-me magnífico e

solitário entre a vida e a morte".

Porém prefiro terminar esse texto com as doces palavras do

poeta Carlos Drumont de Andrade o que Clarice disse , o que

Clarice viveu por nós em forma de história em forma de sonho

de história em forma de sonho de sonho de história ( no meio

havia uma barata ou um anjo?) não sabemos repetir nem inventar.

São coisas, são jóias particulares de Clarice que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.

Obrigada por ler o texto , espero que tenha gostado .

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