Procuradoria começa a investigar morte de Marighella
Estadão Conteúdo
Em São Paulo
09/10/201610h10
 
 
  • Acervo UH/Folhapress
     
    Carlos Marighella, fundador e dirigente nacional da ALN (Ação Libertadora Nacional)pinit_fg_en_rect_red_28.png
    Carlos Marighella, fundador e dirigente nacional da ALN (Ação Libertadora Nacional)




     
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Só agora, 47 anos depois, o MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação sobre a morte do guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da ALN (Ação Libertadora Nacional), em 4 de novembro de 1969. Essa é ainda a primeira vez que a equipe de policiais do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que foi o símbolo da repressão na ditadura, será investigada por um crime político.
Fleury comandou a operação que matou Marighella. Ela foi realizada por 43 homens, entre civis e militares. A decisão de apurar é do procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que já começou a tomar depoimentos de testemunhas.
"É sempre importante que a verdade seja descoberta", disse o procurador aposentado Hélio Bicudo, que denunciou Fleury pelos crimes comuns em ações do Esquadrão da Morte - bando de policiais que executava bandidos nos anos 1960 e 1970.
Uma das testemunhas ouvidas pelo procurador foi o jornalista do jornal "O Estado de S.Paulo" José Maria Mayrink, o primeiro repórter a chegar ao local da emboscada que vitimou Marighella. Mayrink conhecia os dominicanos Yves do Amaral Lesbaupin, o Frei Ivo, e Fernando de Brito, que esperavam Marighella em um Fusca quando o Dops o encurralou. Eles haviam sido presos dias antes e obrigados a participar da cilada.
 
"Quem matou o Marighella foi o Tralli (o investigador José Carlos Tralli)", disse o investigador R.A., 68, um dos policiais que participaram da ação.
Para o jornalista Ivan Seixas, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, a investigação do MPF é importante para que se "saiba o que aconteceu". "É fundamental investigar essa história." Naquele dia, contou Seixas, quatro quarteirões estavam cercados por policiais. Marighella ia se encontrar com os frades. Ele não sabia que os dois haviam sido presos. Estava desarmado e sozinho. "Houve uma execução, e o Estado é responsável por ela", afirmou Seixas.
O MPF deve ouvir os depoimentos de Ivo e de Fernando. Também vai ouvir antigos militantes da ALN que foram torturados por Fleury em busca de informações que levassem até Marighella, como o economista Paulo de Tarso Venceslau, além de policiais e militares envolvidos.
"Vão ter de fazer muita diligência em cemitério e em mesa branca", disse o investigador R.A.. Dos delegados da operação, Raul Ferreira, o Raul Pudim, Tucunduva e Fleury já estão mortos. Também morreram investigadores como Tralli e José Campos Correa Filho, o Campão. Laudos e documentos do Dops também serão analisados.
A iniciativa dos procuradores da República se baseia no argumento de que, como esses delitos foram crimes contra a humanidade, eles são imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Quase duas dezenas de denúncias já foram feitas pelo MPF à Justiça Federal contra agentes da ditadura. Em todas, a Justiça decidiu que as ações não podem prosperar em razão da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que manteve a Lei de Anistia, de 1979.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
NOTA DESTE SITE: Há neste site uma crônica deste autor,que na época dos fatos, proporcionou ao jornal FOLHA DE S.PAULO, a notícia em primeira mão (furo de reportagem), onde seria enterrado o ex-terrorista Carlos Marighela)-tudo porque corria boato de que os contra-revolucionários iriam sequestrar o corpo do lider (violentamente assassinado,em emboscada,na alameda Franca-SP-Capital) para levar de avião para Cuba,na condição de herói...Naquela época parecia que tudo era possível...A missão deste reporter no IML,de SP, era outra mas para saber quando dois jovens norte-americanos seriam,seus corpos, devolvidos aos EUA,eis que foram assassinados na periferia da Capital,por um sitiante,à noite,eis que inadvertidamente entraram à noite em propriedade alheia.O sitiante erroneamente pensou que os jovens eram ladrões. Havia uma enorme corda sitiando o IML e não havia condições de se saber nada.Não podia estacionar nas proximidades.Aí um PM solicitou a nossa saída do local e pensando que estavamos a procura de notícia -onde seria enterrado Marighela.Êle -adiantou-se à reportagem e disse: o "homem" vai ser enterrado no cemitário da Vila Formosa...Queria sim livrar-se da gente. Imediatamente,deixamos o caso dos jovens norte americanos e rumamos para Vila Formosa,zona leste da Capital. Demais informes: ler a crônica já publicada...data pretérita.